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Armazéns

Armazéns e bares de bairros ainda fazem parte da rotina de campo-larguenses. Mesmo com grandes redes de mercados instaladas na cidade, o campo-larguense continua fiel aos comércios dos bairros.

Armazéns

29/09/2016

Colaboração de Caroline Paulart com supervisão de Danielli Artigas

Populares em décadas anteriores a 1990, os armazéns e bares dos bairros ainda existem e continuam a receber todos os dias clientes fiéis, que vão até lá para comprar o básico, produtos que faltaram em casa ou então frequentam o lugar pois é um ponto de encontro entre amigos e ficam lá, colocando os assuntos em dia.

A redação da Folha de Campo Largo foi até dois armazéns de bairros para conhecer a realidade deles. Um deles fica na Vila Elizabeth e há 25 anos atende a população ao redor. O outro fica no bairro Rivabem e existe há 34 anos.

Belmiro Adacir Dzindzik abriu o seu armazém na Vila Elizabeth no dia 1º de agosto de 1991 e hoje divide o balcão com a sua filha Francielle Dzindzik, que ajuda a cuidar dos negócios e até colocou à venda produtos diferentes, como linha de cosméticos e também brinquedos. É um armazém que possui tudo à disposição do cliente, mas ainda conserva os moldes antigos, onde o comerciante alcança a mercadoria ao cliente. “Meu pai trabalhava vendendo produtos coloniais feitos por ele de porta em porta, isso durante quatro anos, então surgiu a oportunidade de comprar o estabelecimento no qual estamos até hoje. Começou com poucos produtos de mercearia e produtos coloniais aí foi aumentando. Abrimos um bar e, logo após, uma pequena loja, tudo no mesmo estabelecimento”, conta Francielle.

Do lado oposto da cidade, Mário Balsanelli, proprietário do armazém localizado no bairro Rivabem, conta que está à frente da administração há sete meses no estabelecimento, adquirido no mês de janeiro. “Eu sempre trabalhei com vendas, mas agora mudou muita coisa. Eu sempre fui acostumado a viajar realizando vendas, hoje tenho que fazer compras e vender ao consumidor final. Mudou muito a minha rotina, mas estou satisfeito”, diz.

A oportunidade dele comprar o bar surgiu de uma conversa com a antiga dona do estabelecimento. “A mulher, que era dona daqui, era minha conhecida de anos, pois eu vendia mercadoria para ela. Então, no ano passado, quando ela completou 34 anos com o armazém e bar, comentou que estava pensando em parar, então eu disse que gostaria de seguir adiante com os negócios. Em dezembro ela me ligou e eu aceitei a proposta. Em janeiro já comecei a trabalhar aqui”, relembra.

O movimento em ambos os lugares é bom e os armazéns, que possuem um bar anexo, recebem os vizinhos para um happy hour às antigas todos os dias. “É muito comum que os vizinhos venham até aqui depois do trabalho, jogar conversa fora, tomar uma cerveja e comer petiscos tradicionais de bar. Eu participo da conversa e estou sempre bem informado”, conta Mário.

Francielle diz que seu carinho pelos vizinhos que frequentam o bar vai além do balcão. “Graças a Deus, temos um movimento muito bom formado por muitos clientes, de 29 anos, que compram com meu pai hoje. Todos os dias os vizinhos veem bater papo no bar. Também ajudo muito meus vizinhos, que já são idosos, aferindo a pressão, ou chamando o Samu quando há necessidade. A maioria dos clientes já virou nossos amigos”, conta.

A fidelidade dos clientes faz com que permaneça a cultura do “comprar para marcar” ou o “fiado”. “Hoje temos cerca de 140 clientes fixos que compram fiado e são de confiança para nós, sabemos que vamos receber. Esse número diminuiu muito ao longo do tempo, devido à falta de caráter do povo. Hoje não abrimos mais contas no fiado, só para quem frequenta há anos o armazém”, diz Francielle.

Mercado x Armazém
A opinião sobre a vinda de grandes mercados para Campo Largo se divide um pouco entre os comerciantes. Para Mário, o mercado não prejudica o seu estabelecimento. “Acredito que os mercados vendem de tudo, todas as marcas e quem vem até o armazém busca por produtos que estão em falta dentro de casa, e não querem ir até um estabelecimento grande, enfrentar filas para pagar. Aqui é tudo na mão. Acabamos ficando inseridos na vida das pessoas”, opina.

Já Francielle acredita que a concorrência com os preços ofertados por grandes mercados é o que mais interfere no movimento. “A vinda dos mercados grandes prejudica um pouco no sentido que eles vendem muitos produtos a preço de custo, coisa que não podemos fazer. Mas, quem gosta de comprar conosco não nos troca, pois temos um atendimento diferenciado dos grandes mercados, oferecemos atenção e carinho aos nossos clientes”, declara.

Dedicação essa que geram muitas histórias para contar e com a tradição que passará para cada geração da família. “Histórias temos várias para contar que daria para escrever um livro. Gostamos muito de trabalhar aqui, um lugar simples, humilde, mas com pessoas de uma alma incomparável”, finaliza Francielle.