Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 07:41:17
Geral

Folclore

O historiador campo-larguense Renato Hundsdorfer, nos contou algumas lendas da região de Campo Largo, em comemoração ao Dia do Folclore.

Folclore

22/08/2016

Colaboração de Caroline Paulart com supervisão de Danielli Artigas

 

Nesta segunda-feira, 22 de agosto, é comemorado em todo o país o Dia do Folclore. O folclore engloba todas as crenças, danças, lendas, costumes e conhecimentos populares de toda uma nação. Em Campo Largo essa data geralmente é comemorada em sala de aula, mas é importante lembrar das raízes de um povo cheio de histórias para contar.

A Redação da Folha recebeu o historiador campo-larguense Renato Hundsdorfer, que trouxe consigo algumas lendas da região de Campo Largo, que costumavam assustar crianças e também adultos há alguns anos. “Tudo isso vem se perdendo ao longo dos anos. Antigamente, há mais ou menos uns 50 anos, havia um grupo de homens que contavam histórias e lendas fantásticas da cidade. Eles se reuniam com as crianças, que ficavam sentadas no chão em volta deles atentas, não perdiam nenhum detalhe, isso mexia muito com o imaginário delas”, diz.

Renato separou algumas histórias para o leitor campo-larguense.

A Caveira do Parque Cambuí

Conta a lenda, que Francisco Pinto de Azevedo Portugal se escondeu no sotão do Casarão da Granja para não precisar ir lutar na Guerra do Paraguai, que aconteceu entre 1864 e 1870, por medo de morrer lutando. Alguns campo-larguenses realmente lutaram na Guerra do Paraguai, como o oficial Domingos Luiz Cordeiro, que hoje dá nome a uma rua que corta a cidade – ele foi o único que sobreviveu à guerra.

Francisco acabou falecendo lá no sótão do Casarão e há quase dois séculos assombra o parque em meio às árvores. Muitas pessoas que frequentam o parque relatam que realmente já viram movimentos estranhos e vultos, o grande mistério é se esse suposto fantasma é Francisco. O fato é que uma caveira realmente foi encontrada no sótão do Casarão da Granja, segundo Hundsdorfer.

 

Histórias da Lagoa Grande

A Lagoa Grande, que fica no bairro Ouro Verde, é cercada de lendas e histórias sobre assombração. Em uma delas, moradores da região falam da existência de um “sumidouro”. Muitas pessoas que iam nadar na Lagoa, especialmente crianças, sumiam e nunca mais apareciam. Por várias vezes a Lagoa secou, mas as pessoas que lá sumiram há anos, segundo a lenda, jamais reapareceram.

A outra lenda da Lagoa Grande é a mais famosa, e até chegou a ser publicada em um livro do Governo Estadual, sobre lendas do Paraná. Nesta, diz que na Semana Santa um padre entrou em um baile, revoltado com as pessoas que não respeitavam aquela data. Ele desbravejou contra as pessoas e saiu de lá furioso. Porém ele havia esquecido sua Bíblia Sagrada em cima de uma mesa. Quando voltou no local para pegar, não encontrou nada mais. O local onde estava sendo realizado o baile havia sido consumido pela Lagoa, com todas as pessoas que lá estavam a festejar. Elas nunca mais foram vistas.

 

O Tesouro do Cinema

Em 1840, passou por Paranaguá um barão muito rico que conheceu uma prostituta e por ela se apaixonou. Ela tinha o sonho de se tornar atriz e disse que caso ele realizasse esse sonho, ela iria embora com ele e largaria a profissão. Ele aceitou a proposta e os dois vieram morar em Campo Largo, onde ele comprou um teatro para ela, o Teatro Guarani.

Esse teatro estava localizado na Rua Gonçalves Dias, no centro da cidade. Eles também compraram uma casa próximo ao teatro, que tinha um poço artesiano. Um dia, o barão precisou viajar e resolveu esconder algumas das suas riquezas dentro de um vaso de barro e colocou dentro do poço. A única que sabia do esconderijo era sua esposa, que prometeu proteger as joias e o dinheiro que lá estavam. O barão, porém, foi morto durante a viagem e a sua mulher permaneceu em Campo Largo até a sua morte e foi enterrada no Cemitério Municipal, no Centro.

Algumas pessoas dizem que ela ainda vigia o poço à noite, como prometeu ao marido, e no início da manhã vai para o seu túmulo no cemitério descansar.