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O amor está no ar

Amar faz bem ao corpo e à mente. Psiquiatra explica sintomas, fala sobre desilusões, ciúmes e a diferença entre o que homens e mulheres buscam.

O amor está no ar

10/06/2016

O Dia dos Namorados está chegando e é comum dizer que o “amor está no ar”. Reações como suspiros, taquicardia, agitação e rubor ao encontrar uma pessoa especial pode indicar o início de uma paixão. O amor faz bem e traz consigo, além de horas de pensamentos e ilusões, benefícios ao corpo.

O médico psiquiatra Alessandro Marques diz que não há explicação até o momento do porquê uma pessoa se apaixona por outra, mas sabe-se que isso só faz bem. “Não há pesquisas que comprovem o que leva uma pessoa a se apaixonar por outra, mas algo que sempre ouvimos falar é fato: o amor é cego. Acontece um ‘apagão’ da mente e tudo muda, começamos a prestar atenção no mundo a nossa volta de uma forma mais romantizada. Não há defeitos em quem você ama”, explica.

Ele ainda fala que apesar da ansiedade gerada momentos antes do encontro com a pessoa que desperta algum interesse, a endorfina liberada pelo cérebro alivia as tensões e deixa as pessoas mais relaxadas. “Além da felicidade, do sorriso constante no rosto, a pessoa se sente natualmente mais relaxada, o raciocínio melhora. Quando há correspondência de sentimentos, é ainda mais benéfico”, diz.
Entretanto, esse sentimento de ‘paixão fogo’ tem prazo de validade. “Depois de aproximadamente dois ou três anos há duas alternativas para essa paixão: ou ela vai ganhando nuances de amor verdadeiro e traz consigo o companheirismo e o respeito pelos desejos do outro; ou então ele, infelizmente, acaba morrendo. Esse processo de desilusão acontece principalmente se o amor não é correspondido”, esclarece o médico.

Segundo o médico, a desilusão é mais comum na fase da adolescência, quando acontecem os primeiros amores platônicos. Esse tipo de romance está mais relacionado à fantasia do que ao amor, é a paixão não correspondida e pouco provável de acontecer. A pessoa que está vivendo esse amor tende a alimentar sonhos e é mais dramática ao contá-los para alguém. Isso tudo contribui para o amadurecimento do adolescente e não deve despertar grande preocupação nos pais, por se tratar de uma fase. Mas, se houver mudança brusca de atitudes, e os pais notarem que está saindo do controle, é importante procurar ajuda psicológica.

É importante considerar que homens e mulheres possuem formas de pensar diferente; consequentemente, a busca pelo par perfeito é diferente de um para o outro. “O homem é um ser mais visual. Ele analisa a beleza da mulher, seu físico e também se ela compartilha dos seus gostos. A mulher busca o seu complemento, alguém que lhe passe maior segurança. Hoje as mulheres estão diferentes, são mais exigentes na hora de buscar um parceiro e muitas delas preferem ficar sozinhas, então buscam também um homem que compartilhe das mesmas preferências delas. Isso era mais difícil há alguns anos, quando o papel da mulher era ceder”, explica Dr. Alessandro.

A construção de um relacionamento saudável se dá por meio do respeito com o parceiro, não impondo condições ou retirando dele a sua individualidade. “Há certos aspectos da personalidade da pessoa que não podem ser mudados por amor. Se ela é expontânea, você não pode pedir para que ela se torne fechada. Amar é aceitar”, diz o médico. Em um bom relacionamento é possível encontrar planos, metas e renúncias dos dois lados também.

Ciúmes
O ciúmes afeta o relacionamento como um todo e nada mais é do que o sentimento de posse que fala mais alto ao perceber algum risco de perder o parceiro – seja pela presença de uma pessoa atraente, ou um simples diálogo entre amigos. “O ciúmes quando trabalhado dentro de si não apresenta problemas ou perigo. Aquele aperto, coração disparado que sentimos ao ver o parceiro conversando com outra pessoa é normal. O problema começa quando esse ciúmes se transforma em ações que atrapalham a individualidade do outro”, alerta.

A ação gerada pelo ciúmes é o controle sobre a outra pessoa. “Há cônjuges que chegam a proibir de usar determinadas roupas, frequentar certos lugares ou até mesmo falar com aquele que é visto como ameaça, e isso é grave. Nenhuma das partes pode ter controle sobre o outro ou colocar limitações. Um relacionamento deve estar embasado na confiança e no respeito com o outro”, esclarece.

Mas, há aqueles que gostam de provocar o ciúme no parceiro. “Existem pessoas que são provocadoras e é muito natural para elas o desejo de despertar o ciúmes no parceiro. Elas se colocam em situações que deixam o outro constrangido de certa forma. Isso pode prejudicar muito o relacionamento”, conta Dr. Alessandro.

Fim de relacionamento
O rompimento pode gerar dos tipos de sentimentos: a alegria, por parte daquele que termina o relacionamento, e a tristeza, para aquele que estava feliz com o romance. “A tristeza depende de qual fase estava a paixão. Se ela está na paixão fogo é mais visível, a pessoa chora com frequência, mas consegue superar. Quando já se tornou aquele amor de companheirismo e respeito, em um casamento, por exemplo, enfrentam-se as mesmas dificuldades que um luto. Pode ser superado, mas também pode ficar guardado para sempre”, explica o psiquiatra.

O reconciliamento é uma fase complicada e que deve sempre ser bem pensada. “Fazer terapia de casal depois que já terminou não vale a pena. Deve ser feito antes de chegar ao fim. Se cogitar o reconciliamento, é importante avaliar se não será um prolongamento do sofrimento da separação”, aconselha.