10/06/2016

A alimentação saudável é hoje um dos grandes obstáculos de todas as pessoas. Por mais que a consciência grite por uma alimentação equilibrada e orgânica, a vida corrida muitas vezes leva para outro caminho.

O chef de cozinha Denis Pereira não imaginava quantas voltas a sua vida iria dar. Hoje ele se dedica a uma alimentação suadável motivado por problemas de saúde de sua esposa. Ele, que trabalhou com um médico em um programa de rádio sobre saúde, editando matérias e na produção de programas para a TV Record entre as décadas de 1980 e 1990 nos estados de São Paulo e Minas Gerais, sempre teve interesse na área gastronômica.

No ano de 1992, morando em Belo Horizonte, teve contato com a comida mineira. “Um chef me chamou para aprender um pouco sobre a gastronomia mineira e eu tive minha primeira experiência em um restaurante de verdade. Foi muito bom, a comida mineira é cheia de temperos, é forte, mas meu interesse era outro. Eu queria aprender sobre reaproveitamento de alimentos, sabores não só de Minas, como do país inteiro, aprender sobre o uso medicinal da alimentação”, relembra ele, que hoje mora em Campo Largo.

Foi trabalhando na produção do Programa Note e Anote, quando a Ana Maria Braga ainda trabalhava na Record, em um especial com vários chefs em Florianópolis, que Denis conheceu o renomado chef Alex Atala, que seguia a mesma linha de pensamento de Denis – o reaproveitamento de alimentos – e viu que o seu desejo poderia começar a se tornar realidade. Atala contou para ele que gostaria de abrir um instituto sobre culinária sustentável, que hoje é o ATA, o que o motivou a se interessar ainda mais por essa área.

Entretanto, sua esposa Tatiana Krinski, que sofria pressão alta, passou a ter sérias complicações. Há seis anos sua pressão chegou a 240/180mmHg e ela teve uma parada cardíaca, deixando-a internada por três meses. Depois disso, seus rins pararam de funcionar e cuidar da alimentação tornou-se um ponto vital. “Eu tenho que cuidar muito da minha alimentação porque não tenho mais o funcionamento dos rins, então ingerir o excesso de algum alimento pode ser mortal. Minha dieta restringe a ingestão de potássio e ferro. Estou limitada a comer uma laranja por mês, carambola não posso comer, é bem complicado”, conta Tatiana.

Ela hoje faz hemodiálise uma vez por semana, durante três horas, e é adepta da cura pela alimentação. Sua alimentação é milimetricamente calculada pelo Denis. Ele precisou aprender a realizar esses cálculos da quantidade que Tatiana pode consumir e usa a criatividade para criar e recriar pratos tradicionais, tanto nacionais como internacionais. Foi aí que ele reintensificou a sua vontade de se tornar chef de cozinha.

Denis começou então a elaborar pratos para a comunidade, sem o uso de conservantes e a preferência por produtos de hortas familiares e pequenos produtores, por serem orgânicos ou apresentarem baixos níveis de agrotóxicos. “A minha intenção é propagar  a cultura da alimentação saudável. Hoje eu não uso nenhum tipo de conservante nos alimentos que eu faço, são totalmente naturais. Depois que eu aprendi a necessidade de comer de forma saudável não sei se trabalharia em grandes restaurantes novamente, justamente pelo uso de alimentos com conservantes”, explica.

Ele conta também que a profissão de chef de cozinha ganhou um grande espaço depois da grande divulgação da mídia e da criação da comida gourmetizada. “É muito bom ver que a profissão de chef está mais valorizada, entretanto, quando eu vejo eles usando comidas cheias de conservantes me preocupa bastante, pois não há preocupação com o que está sendo consumido de fato, mas com a forma que está sendo apresentada”. Ele também fala sobre os homens que estão ganhando espaço e nome dentro das cozinhas. “Hoje é comum ver homens cozinhando, quando eu comecei era muito raro. Até hoje os homens preferem ficar na sala conversando e as mulheres na cozinha. Eu sou um dos homens que foge do padrão e prefere as panelas”, finaliza.

Na saúde e na doença
Denis tem ganhado cada vez mais espaço e reconhecimento, mas isso não afeta o relacionamento dele com a Tatiana. “Nós somos muito unidos. Hoje infelizmente não consigo acompanhá-lo nos eventos mais, porém jamais vou proibi-lo de ir. Estou aqui para apoiar ele em todos os seus desejos. Além disso, formamos uma dupla, enquanto ele cozinha, eu cuido da divulgação dos trabalhos. Confiança é o carro-chefe do nosso relacionamento”, diz Tatiana.

Ele confirma: “já são 16 anos de casamento, temos uma filha e uma vida juntos. Eu cuido dela e ela de mim. Como ela mesma disse, formamos uma dupla, onde um ajuda e ensina o outro”.