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Haitiana

A expectativa e o desafio de ter o primeiro filho fora do país de origem. Haitiana conta a experiência de ter um bebê que será brasileiro.

Haitiana

06/05/2016

A haitiana Landie Ebede Azemar chegou ao Brasil no dia 29 de outubro de 2013, quando ainda tinha apenas 19 anos. Como muitos dos seus conterrâneos, ela veio para o país em busca de emprego e a expectativa de proporcionar para a família, que ficou lá, uma vida melhor.

Chegou ao Brasil com o então namorado, Markendy Guervil, que veio a se tornar marido logo depois que eles começaram a morar juntos.  

Ela conta que o seu primeiro desafio foi o de enfrentar a distância percorrida, pois são quase 5.500 km do Haiti até São Paulo, lugar em que ela desembarcou primeiro no Brasil. “Quando eu cheguei aqui tive que aprender o idioma. É muito difícil aprender assim, sem saber nada, mas com a convivência com os brasileiros, no emprego principalmente, eu consegui me virar”, diz. Hoje ela possui o domínio da língua e acredita que fala melhor o Português que o seu marido. A língua crioula haitiana, falada por quase toda a população do Haiti, só é usada em casa.

Agora ela terá a experiência de ter um bebê, que será brasileiro. Até o momento foram poucos os sintomas de gravidez que ela teve. “Tive enjoo com dois meses. Achei que estava doente e fui ao Centro Médico por causa da insistência do meu marido. Lá eles me deram a notícia”, relembra. A jovem diz não se preocupar com o parto. “Não me preocupo porque acredito que sou tão forte quanto a minha mãe, que nunca sofreu para dar a luz. Graças a Deus não tive problemas na minha gravidez, meu bebê está bem e posso continuar trabalhando”, conta.

Landie ganha pouco e sustenta a casa sozinha, já que o seu marido está desempregado há três meses. “A empresa que ele trabalhava fechou e acabou ficando sem emprego. Com o meu salário eu pago as contas, mas sobra pouco para comprar as coisas para o bebê”, conta. Recentemente ela ganhou um chá de bebê para a arrecadação de roupas, fraldas, roupas de cama e banho, da igreja que ela frequenta desde que morava no Haiti, a Adventista do Sétimo Dia.

A haitiana está esperando um menino e ele se chamará Schineider. O nome foi escolhido pelo pai, já que eles fizeram um acordo: se fosse menina quem escolheria o nome seria Landie, caso contrário seria ele. O parto está previsto para o mês de junho e ela se diz ansiosa nessa reta final. “Eu faço meu pré-natal na Unidade de Saúde do Jardim Rivabem, consegui marcar com rapidez os exames e ganharei ele pelo SUS”, completa.

Ela sairá de licença maternidade somente próximo de ganhar o bebê, pois quer aproveitá-lo ao máximo; além disso, a haitiana pegará férias junto ao período e somará cinco meses de licença. Landie trabalha das 16h até as 23h e isso será um desafio para quando ela voltar a trabalhar, pois terá que deixar o filho em casa - entretanto isso não é algo que desperte a preocupação dela já, pois ela prefere aproveitar a criança enquanto puder.

A reação da família de Landie foi de surpresa. A mãe será avó pela primeira vez e está muito ansiosa para o nascimento, apesar da distância. “Tenho mais irmãos, mas nenhum deles tem filhos ainda. Meu irmão ficou com ciúmes, mas isso passa com o tempo”, conta rindo. Landie fala com a família somente quando tem crédito no celular, faz mais de um mês que ela não conversa com eles. “Nossa comunicação é feita pelo Whatsapp, mas quando eu posso eles não têm crédito, ou ao contrário. Sinto muita falta deles aqui, gostaria de ter eles por perto”, diz.
 

Casamento e registro para estrangeiros

A haitiana ainda não conseguiu casar no civil com Markendy, pois o processo é lento para casamento de estrangeiros em solo brasileiro. “O pastor da igreja que eu frequento está nos ajudando a preparar tudo.

É muito difícil porque tem muito documento que deve vir do Haiti”, conta. Segundo o Cartório Campo Largo, responsável pelos registros de nascimento e casamentos na cidade, para que o casamento de dois estrangeiros aconteça é necessário, além dos documentos básicos, uma declaração consular do país de origem alegando que aquela pessoa poderá casar. É necessário dar a entrada nos papéis com no mínimo 30 dias de antecedência. Aqui em Campo Largo já foram realizados três casamentos de haitianos. Para o registro da criança, a mãe estrangeira deverá apresentar a folha amarela do hospital, o RG e CPF de estrangeiro. Caso a criança também seja registrada no nome do pai, ele deverá estar presente portando a documentação.