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Câncer

Jovem campo-larguense conta como venceu o câncer. Para ela, a entrada na adolescência deixará marcas e aprendizagem para o resto da vida.

Câncer

26/04/2016

Para muitas pessoas, a adolescência é a fase da vida que mais encontram-se obstáculos. Para Ana Caroline Cunico Corrêa, que atualmente tem 18 anos, a entrada para a adolescência deixará marcas e aprendizagem para o resto da vida dela e de muitos que acompanharam a sua história.

Em 2009, aos 11 anos, em um feriado de Carnaval, a menina se sentiu mal e foi parar no Hospital Nossa Senhora do Rocio por causa de uma dor forte no braço direito e febre alta, ficando internada por três dias. O ortopedista que atendeu Ana Caroline pediu exames para descobrir o motivo do internamento. “Ele chamou minha mãe para conversar e disse que havia uma suspeita de tumor ósseo.

Fui imediatamente para o Hospital Infantil Pequeno Príncipe, lá foram realizados vários exames, como tomografia, ressonância e cintilografia óssea. Depois de uns dias, com os resultados em mãos, fomos conversar com os médicos e fomos informados que eu estava com um tipo de câncer maligno. Uma semana depois já comecei o tratamento para a cura da doença”, relembra Ana.

Ela foi diagnosticada com Sarcoma de Ewing, localizado no úmero direito (osso do braço que se articula), medindo 10 centímetros. “No primeiro momento a sensação que dá é de choque e medo de perdê-la. Quando eu entrei na sala para falar com os médicos fiquei apavorada. Parei de trabalhar e estudar para cuidar da minha filha, o momento era todo dela. Graças a Deus tenho uma filha guerreira que acabou me fortalecendo mais”, conta a mãe de Ana Caroline, Gilmara Cunico.

Agora como paciente que lutava contra um câncer, Ana tinha restrições que a impediam de frequentar a escola, lugares públicos e fechados, só podia comer legumes e frutas cozidos ou assados e não podia ir mais a restaurantes, comida só de casa. “Lidar com uma situação assim não foi facil, não poder comer frutas e verduras que eu gostava tanto, mas fui me acostumando aos poucos. Essa restrição era devido à minha imunidade baixa e o risco de contrair infecções. Isso poderia atrasar o tratamento contra o câncer”, explica Ana.

Ao longo do tratamento, Ana precisou realizar três cirurgias no braço. A primeira foi feita em 2009 para a retirada do tumor que havia dimunuído para oito centímetros, mostrando a resposta do corpo da menina com relação à quimioterapia.

Após três anos da cirurgia, foi constatado uma trinca no osso, ocasionada pelo desenvolvimento dela. Um ano mais tarde ela precisou passar por mais um procedimento cirúrgico, novamente por causa da trinca. “No mês de junho de 2013 aconteceu a segunda cirurgia, na qual foi colocada uma prótese humana e duas platinas com amarração para segurança. Em 11 de abril de 2014, foi realizada a última cirurgia com a menor duração, de quatro horas, finalizada com meu enxerto e duas placas laterais, para ter certeza de que nada mais daria errado”, completa.

Em todos os procedimentos Ana conseguiu boas recuperações, necessitando de fisioterapia apenas no primeiro procedimento cirúrgico, a fim de recuperar alguns movimentos perdidos por causa do procedimento. Pela Hematologia e Oncologia, áreas que tratam o câncer, Ana recebeu alta definitiva em dezembro de 2015, mas na Ortopedia, devido às cirurgias ainda recentes, será necessário acompanhamento até ela completar 21 anos.

Durante todos esses anos de tratamento, Ana conheceu muitas pessoas que acrescentaram na sua vida e que guarda com carinho. “Fiz vários amigos, não só com o mesmo tipo de câncer que o meu, mas também de vários outros. Alguns ainda mantenho contato, mas a maioria acredito que agora sejam estrelas que nos iluminam lá do céu”, diz. “Recebi como lição que a fé, a paciência, o apoio da família e dos amigos fazem com que a cura venha mais rápido do que se imagina. Quando você tem uma doença, o seu contexto de ‘mundo’ muda, você enxerga tudo o que é bom, não vê maldade, mas sim o amor ao próximo no momento de dor”, finaliza.

Passar por um tratamento como esse traz mudanças não somente no paciente, mas também reflete na família e amigos mais próximos. “Me tornei uma mãe mais ‘leoa’, sempre correndo atrás do melhor para minha filha. Tive uma força que nem eu sei explicar, me mantive firme, forte e segura para ajudar minha guerreira. Hoje agradeço a Deus pela bênção”, conta a mãe da Ana. “Muitas mães vão passar por isso, infelizmente. Para elas meu conselho é que sempre tenham um sorriso no rosto independente da situação, porque nossos filhos veem em nós uma fortaleza imensa. Muita fé, muita paciência e nunca percam a esperança”, aconselha Gilmara.