Há dez anos o Colégio Estadual São Pedro e São Paulo (CESPSP), localizado no bairro Ferrari, luta para
conseguir quadra poliesportiva.
21/03/2016
Há dez anos o Colégio Estadual São Pedro e São Paulo (CESPSP), localizado no bairro Ferrari, encontra grande dificuldade na construção de uma cancha poliesportiva. Vários protocolos foram feitos para a Secretaria de Educação, um deles chegando à licitação com construtoras vencedoras, porém, as obras nunca saíram do papel.
O diretor do colégio, Ramiro de Oliveira Junior, conta que a grande questão que envolve a dificuldade de começar a construir está no excesso de burocracia para atender ao pedido. “Só em 2014 fizemos dez pedidos e nove foram negados. Apenas em 2015 eu tomei conhecimento que haviam empresas que venceram o processo licitatório, porém a que ficou em primeiro lugar era a Construtora Valor que não pode fazer a obra por problemas com a justiça, e a segunda disse que o valor concedido à obra era muito baixo”, diz.
Uma das construtoras chegou a visitar o colégio para fazer medições. Segundo o que foi dito pela empresa ao diretor, área reservada para a construção da quadra está acima de um rio subterrâneo, impossibilitando o início das obras. “Nós temos mais espaço para construir. Se o rio passa naquele local, poderiam construir a quadra em outros pontos do terreno da escola, sem problemas, o que não dá é para ficar sem”, sugere Ramiro.
O terreno do colégio pertence à Prefeitura de Campo Largo e o prédio ao governo estadual. O prefeito da cidade já autorizou a construção da quadra, mas ainda falta o Estado realizar o processo. O CESPSP possui uma das maiores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), alcançando o primeiro lugar entre os colégios públicos no ano de 2014, também é o único que ainda não possui uma cancha poliesportiva de qualidade. Os alunos fazem a aula de Educação Física em uma cancha de areia simples, e ficam impossibilitados de realizar a aula em dias de chuva.
A professora de Educação Física, Patrícia Gonçalves, dá aulas há dois anos no colégio e diz encontrar muita dificuldade para passar os conteúdos. “Não consigo desenvolver plenamente os conteúdos das aulas. Quando chove a quadra alaga e leva dias para desaparecer a água”, conta. “É feita manutenção de areia na quadra, mas muitas vezes a areia vem com saibro, que gera barro com o mínimo de água. Os alunos escorregam e acabam se machucando”, completa.
Janete do Bonfim, mãe do aluno Willian do 1º ano do Ensino Médio, conta que o filho já se machucou diversas vezes na cancha. “Uma vez ele escorregou na quadra molhada e deslocou o ombro, machucou o punho e o joelho. Vários alunos já se cortaram também. Além disso, já teve dermatite, segundo o médico por causa do contato com a areia”, diz.
A alternativa encontrada para os dias de chuva é usar a parte coberta da escola que fica entre as salas de aula. “É bem complicado porque eles acabam falando alto, gritando, faz eco e atrapalha as outras turmas que estão em sala de aula. O espaço é bem pequeno e não tem como desenvolver as atividades de forma correta”, explica a professora.
Jogos Escolares
O Governo do Paraná divulgou no dia 23 de fevereiro o regulamento para o 63º Jogos Escolares do Paraná 2016, com várias mensagens de incentivo a participação de alunos e professores no evento.
O colégio não consegue inscrever seus alunos em muitas das modalidades disponíveis pela falta da cancha para realizar o treinamento. “O governo incentiva o esporte e o traz como um dos parâmetros bases da educação, porém aqui só conseguimos treinar alunos em poucas modalidades. Há esportes que precisam de infraestrutura para treinar. Há mães de alunos que falam que o filho sente falta da quadra. Nós ficamos em débito com eles”, atenta o diretor.
Segundo a mãe de William, esse é o motivo que muitas vezes o frustra por estudar no colégio. “Ele fica chateado porque não consegue praticar outros esportes. Ele gosta muito de basquete e handebol, mas aqui não tem como treinar. Acaba ficando limitado a vôlei, futebol e tênis de mesa, muitas vezes”, conta.
Procurada pela redação, a Secretaria do Estado de Educação informou, por meio da assessoria de imprensa por e-mail, que “já está prevista a realização de um novo processo de licitação para construção da quadra poliesportiva do Colégio Estadual São Pedro e São Paulo, em Campo Largo, mas sem previsão de início. O processo anterior foi cancelado por questões orçamentárias e também pela auditoria interna realizada para verificação dos contratos de obras”. Por telefone, a Secretaria orientou o colégio à abertura de um novo pedido de licitação e que a Construtora Valor, investigada por desvio de dinheiro público, não possui ligação com o caso, já que não houve licitação.