Economista do Dieese fala sobre negociações coletivas em 2016. Informações ajudam a dar sustentação
à campanha salarial de 2016.
18/03/2016
O economista do Dieese-PR, Sandro Silva, participou, na última semana, de um encontro com a direção do Sindimovec, na sede do Sindicato, em Campo Largo. Ele apresentou um panorama do cenário econômico mostrando os impactos da situação atual do País para as negociações coletivas em 2016.
O mês de março é a data-base dos metalúrgicos representados pelo Sindicato nas três empresas: Caterpillar, Fiat e Metalsa. Ainda em fevereiro, foi dada a largada para as negociações. “É muito importante termos uma noção da realidade econômica baseada nas pesquisas do Departamento Intersindical. Dessa forma, repassamos aos trabalhadores informações precisas, embasadas. Isso faz diferença na condução da campanha salarial”, afirma o presidente do Sindimovec, Adriano Carlesso.
Com base nos números do Dieese, o economista trouxe uma certeza desafiadora para os trabalhadores em plena campanha salarial. “A gente percebe que, desde o ano passado, há uma piora do cenário econômico também refletido nas negociações salariais. A queda do PIB, o aumento da inflação e do desemprego, são fatores que já afetaram as negociações em 2015, e isso deve se repetir em 2016”, afirma.
Segundo ele, o quadro negativo é o pior cenário para as negociações desde 2003. “Só para ter ideia, em 2014, 91% das negociações analisadas pelo Dieese alcançaram ganho real. No ano passado, ainda não temos os dados fechados, mas a gente observa que esse indicador caiu para 60%, e é possível que esse índice caia ainda mais com o fechamento das negociações do segundo semestre do ano passado”, prevê.
De acordo com o Dieese, os aumentos reais, por exemplo, tiveram decréscimo sucessivo entre 2011 e 2015. A média de ganhos reais saiu de 1,33%, em 2011, alcançou seu ápice em 2012, com 1,90%, e foi declinando em 2013 para 1,22%. Em 2014 foi de 1,38%, e em 2015, o menor índice: 0, 39%.
Sandro destacou que as campanhas salariais de 2016 ainda serão conduzidas num panorama de grande incerteza. “Começa pela questão política e isso acaba agravando a situação econômica que já vinha com problemas. É importante destacar isso. Os sinais de desaceleração já surgiam em 2011”, observa.
Para o economista, o movimento sindical terá uma “pedreira” para escalar em 2016. “Um dos desafios será conquistar aumento real com aumento dos patamares. Outro é pressionar o governo por mudanças na condução da política econômica”, analisa.