Uma lutadora que agora descansa, mas deixa seu ensinamento. Laura Portela usava sua experiência para ensinar pacientes e profissionais da saúde.
29/02/2016
Por Danielli Artigas de Oliveira
Quem teve a oportunidade de conhecer Laura Veridiana Zanlorensi Portela (30) agora sente uma profunda tristeza. Desde setembro de 2013 lutando contra um câncer, Laura, já com pouca imunidade, não conseguiu resistir às complicações da doença e faleceu na manhã desta quinta-feira (25).
Laura estava internada na UTI do Hospital Erasto Gaertner por cerca de 15 dias. Contraiu infecções, as medicações já não faziam mais efeito, seu corpo não resistiu ao longo e forte tratamento. Campo Largo perdeu uma guerreira, que mesmo tendo que lidar com seu problema de saúde não quis se fechar, mostrou e falou a quem pode sobre a doença, tratamentos, preconceito, mas principalmente não mediu forças para estimular a doação de sangue e de medula óssea.
Em reportagem à Folha em 2014, ela declarou que “a doença foi um balde de água fria e me fez repensar a vida. Foi um marco zero. Passei a filtrar o que realmente é importante, o que é cuidar da saúde, da família, mantê-la por perto. Hoje valorizo mais a vida, vivo mais leve, deixo de ter preocupações desnecessárias”.
A doença deu a ela muita vontade de fazer diferente. Buscava sempre informações sobre o câncer, em como tratar os pacientes, em como fazer um mundo melhor, proporcionar momentos melhores a quem tanto vinha sofrendo com a doença. Ela usava sua experiência de vida para ajudar os outros e também informar profissionais da Saúde e a população em geral. “Meu foco é na parte humanista do tratamento, mostrar o que o paciente quer de um profissional da Saúde. Precisamos do carinho e paciência desses profissionais porque passamos por muitas situações difíceis e eles são as únicas pessoas que temos contato por muito tempo”, dizia ela.
O apoio dos pais e familiares de Laura também foram um grande ensinamento a todos que conviveram com ela. Estiveram ao lado dela em cada sessão de quimioterapia, durante todo o tratamento, fazendo o possível para minimizar a dor, também vibraram muito em cada conquista, em cada resultado positivo durante esta longa jornada.
Laura tinha Linfoma de Hodgkin por esclerose nodular, com origem nos gânglios. Após tratamento, meses depois foi diagnosticado que estava com metástase pulmonar, apresentou cinco tumores nos pulmões.
Em abril de 2015, em nova entrevista, ela disse que “diante de tanta dificuldade, de tanta dor, tantas agulhadas, o quão frágil que a gente fica, que dependemos de outras pessoas, médicos e enfermeiros; que deixamos nossa vida nas mãos de Deus, as pessoas não deveriam ter medo da dor ou repulsa à agulha que pode salvar a vida de alguém. Deve-se passar por cima de tudo isso, passar por cima do medo para salvar uma vida, é um procedimento seguro e não há nada mais gratificante”.
Ela criou a campanha “Força na careca” para estimular a doação de sangue e apoiou a campanha “União traz a cura” para o incentivo de doação de medula óssea. Todos torcem para que a luta dela não tenha sido em vão, que fique o exemplo de garra, de determinação e a consciência de que é possível salvar vidas com a doação de sangue e medula.
Laura foi velada na Capela Municipal e o enterro aconteceu na sexta-feira (26) no Cemitério Municipal.