Porcelanas Schmidt propôs aos seus funcionários nova redução de jornada e salários, com prazo de seis meses, para garantir o emprego de todos
10/11/2015
A crise econômica que o País atravessa está atingindo de forma intensa as indústrias de Campo Largo. A Porcelana Schmidt, uma das maiores produtoras de louça do País, já efetuou a redução de jornada e salários, por quatro meses e, mesmo assim, os problemas continuaram e houve demissão de 76 trabalhadores, no final de outubro. Agora a empresa propôs aos seus funcionários nova redução de jornada e salários, com prazo de seis meses, para garantir o emprego de todos.
A empresa ainda precisava demitir pelo menos 110 funcionários, das unidades de Campo Largo e Pomerode, para equilibrar produção e custos ao faturamento. O Sindicato dos Trabalhadores interveio e, nesta quinta-feira (05), a proposta de redução de jornada de trabalho em 20%, com consequente redução dos salários, no mesmo percentual, foi votada pelos trabalhadores, que aceitaram. Nos próximos seis meses não poderá haver demissão sem justa causa, na Schmidt.
Crise
A advogada Julia Parolin Teixeira, responsável técnica da área jurídica da empresa, destacou a importância do acordo celebrado entre a empresa e os trabalhadores, com interveniência do Sinpolocal, que representa a categoria. Lembrou a alta dos custos da energia elétrica, em cerca de 80%, gás e impostos, aliados à queda nas vendas provocada pela crise econômica. Segundo ela, a redução da jornada de trabalho com igual redução dos salários, dará um fôlego para a empresa enfrentar a crise e garantirá, aos trabalhadores, a manutenção do vínculo empregatício. Acredita que em seis meses a situação poderá estar diferente, com a retomada das vendas. Lembra, ainda, a advogada, que o sacrifício pedido aos trabalhadores também será seguido, nas mesmas proporções, por todos os diretores da empresa e profissionais terceirizados. O objetivo, segundo ela, é a redução dos custos, para que a empresa possa enfrentar melhor a crise.
Para o presidente do Sinpolocal, Paulo Andrade, “numa situação como esta o mais importante é a manutenção do emprego. Sabemos que as empresas atravessam momentos difíceis, mas a nossa obrigação é defender o trabalhador. Por isso preferimos a negociação, do que a demissão”, explicou, lembrando que a empresa já estava inclinada em reduzir o tamanho da folha, demitindo pelo menos 110 trabalhadores esse mês. “Nós não aceitamos e a empresa apresentou nova proposta de redução de jornada. Os trabalhadores aceitaram porque entenderam que era mais importante salvar o emprego de todos. A assembleia, na qual a proposta foi aprovada, foi realizada nesta quinta-feira, na sede da indústria, com adesão de mais de 75% dos trabalhadores de Campo Largo”, explicou o sindicalista. A proposta atinge também os trabalhadores de Pomerode e de São Paulo.
Com o acordo, os trabalhadores da Schmidt voltarão a ter uma jornada de quatro dias, de segunda a quinta-feira, folgando na sexta, sábado e domingo.