Faleceu na noite desta segunda-feira (09) Rubens Ittner, aos 82 anos de idade. Ele trabalhou por mais de 40 anos na Porcelanas Schmidt e chegou a construir uma máquina para produzir xícaras e canecas.
10/11/2015
Faleceu na noite desta segunda-feira (09) Rubens Ittner, aos 82 anos de idade. Ele trabalhou por mais de 40 anos na Porcelanas Schmidt.
A Folha publicou em agosto de 2011 uma matéria sobre o trabalho dele. Segue na íntegra:
Uma máquina possivelmente sem similar no mercado mundial, capaz de produzir até 600 xícaras de porcelana, por hora, está em fase de testes na Cerâmica Bordignon, no Jardim Social, em Campo Largo. Projetado e construído por Rubens Ittner (77) - natural de Indaial, Santa Catarina, mas que se tornou campo-larguense por aqui viver há mais de 50 anos -, o "Roller" para xícaras e canecas será, em alguns dias, o coração da linha de produção da empresa.
Rubens Ittner trabalhou por 40 anos e 14 dias na Porcelanas Schmidt, onde entrou como torneiro mecânico e acabou chefiando a área. Mesmo aposentado, ele continuava trabalhando na empresa, onde desmontava e montava máquinas, para consertá-las. Tanto que, quando saiu, passou a trabalhar por conta própria, consertando máquinas, prestando consultoria para indústrias, até que construiu a sua própria máquina, um "Roller" para produzir xícaras e canecas, que vendeu para uma indústria local.
Metalurgia
Neto de alemães, Rubens Ittner começou a trabalhar em metalurgia, numa empresa de um primo. "Trabalhei de graça por três anos, até me tornar torneiro mecânico, quando um amigo me indicou para um diretor da Porcelana Steatita, em Pomerode. Vim para Campo Largo ainda jovem, como torneiro mecânico, trabalhei por 40 anos na Schmidt, sempre consertando máquina, refazendo uma peça ou outra, dando um jeitinho para as máquinas continuarem funcionando", explica.
"Uma época eles compraram umas máquinas do Japão, que não funcionavam direito, precisavam ser adaptadas e eu comecei a fazer estas adaptações. Quando saí de lá, desenhei uma máquina que fosse capaz de produzir xícaras ou canecas, mandei fazer o quadro, o chassi, o quadro de comando, tudo. E está aí, um "Roller" capaz de produzir 10 peças por minuto, quando em velocidade máxima, umas 600 peças por hora. Esse mesmo modelo pode ser adaptado para estampar pratos". Explicou.
Rubens explica que construiu duas máquinas, antes dessa que está montando na cerâmica Bordignon, uma para a BotArt outra para a Germer. Para atender a Bordignon, ele construiu primeiramente um modelo em madeira e, depois, contratou a Sampasul, uma indústria metalúrgica ao lado da Bordignon, para construir, fundir peças, usinar e tornear, até chegar à esta que ele consi-
dera sua obra prima, uma máquina moderna que. Acredita, não tem similares.
Waltemir Bordignon, proprietário da empresa, disse que há algum tempo planejava modernizar o seu parque fabril. As máquinas que produzem xícaras e canecas, dele, são manuais e ele planejava modernizar a linha de montagem. Lembra que existem máquinas, no mercado, que fazem esse traba-lho, mas não são iguais à produ-zida por Rubens Ittner. "É possível que uma máquina importada seja mais barato, mas não tem "alma" brasileira, se der algum problema, a assistência técnica é difícil e cara. Aqui não, eu acompanhei passo a passo, a fabricação dessa máquina, conheço ela desde o nascimento. Estou satisfeito, a máquina realmente funciona e funciona bem", explica.
O empresário disse que, com o "Roller", vai produzir cerca de três mil peças por dia, e para tanto vai contratar mais cinco ou seis funcionários. Hoje ele produz duas mil peças por mês, sem o "Roler". A Bordignon já está no mercado há 18 anos, já teve 60 funcionários, hoje tem apenas 25, mas vai ampliar novamente o número de colaboradores. Além do "Roller", ele vai montar uma esteira, um secador, completando uma verdadeira linha de montagem. Sua porcelana é de alta qualidade, e já é conhecida em todo o País, tendo inclusive uma linha de produtos especiais em cerâmica, para indústrias.