17/10/2015
Um ano depois o 17 de outubro ainda é presente em Campo Largo
17/10/2015
Por: Luis Augusto Cabral
A tarde de 17 de outubro de 2014 jamais será esquecida pelos campo-larguenses. Há exato um ano, Campo Largo viveu a pior tragédia da sua história, uma devastadora chuva de granizo atingiu o centro da cidade e outros 33 bairros próximos, danificando mais de 3.600 residências, milhares de automóveis, escolas, fábricas, hospital, postos de saúde e outros prédios da administração pública.
Reconstruída, um ano depois, a cidade ainda sente presente o trauma sofrido pela população, a cada tempestade que se avizinha. Mais preparada, entretanto, para reagir a qualquer evento climático, a cidade, hoje, tem estoques de lonas, telhas, colchões, agasalhos, alimentos, suficientes para atender centenas de pessoas, numa eventual tragédia de pequenas, médias e grandes proporções.
Desastre
Mesmo um ano depois, muita gente ainda se pergunta como não aconteceram mortes durante o evento. Final de tarde, as crianças deveriam estar saindo das escolas. Naquele dia, por uma destas coincidências inexplicáveis, era feriado escolar na cidade, elas estavam todas em suas casas. Foram apenas alguns minutos de chuva forte, ventos de mais de 70 quilômetros por hora e uma quantidade inacreditável de granizo. Pedras de gelo com o diâmetro médio de uma bola de pingue-pongue, mas muitas muito maiores. Por onde a tempestade passou, não ficou um telhado inteiro.
No início da noite, quando a tempestade passou, os moradores andavam pelas ruas, como se não acreditassem no que havia acontecido. Em estado de choque, a população procurava abrigo, entender a dimensão da tragédia, buscar socorro. A notícia de que o telhado do Hospital Nossa Senhora do Rocio (antigo), havia ruído levou muita gente para aquele local, para ajudar. Era preciso ajudar a transferir as crianças e outros pacientes para o novo prédio do hospital, na Lagoa. O trabalho durou quase todo o resto da noite.
No dia seguinte (18), um sábado, as lojas de materiais de construção foram invadidas por centenas de pessoas que procuravam lonas plásticas, telhas e outros materiais. A cidade parecia uma praça de guerra, a devastação dava a impressão que a região havia sido atingida por um bombardeio aéreo sem precedentes.
No segundo dia (19), o domingo, outra tempestade, desta feita com um forte vendaval, arrancou a maioria das coberturas de lona plástica das residências atingidas. Nas casas, roupas, móveis e eletrodomésticos destruídos, mais prejuízos para o povo que já não sabia mais o que fazer para se proteger.
Felizmente nos dias seguintes a Natureza parou de “castigar” a região, começou a reconstrução da cidade. De todos os cantos as vítimas começaram a receber ajuda, donativos, lonas, telhas, colchões, alimentos. A ação da Defesa Civil, ao organizar as ações dos órgãos públicos e do Terceiro Setor, serviu para minimizar as dores dos mais necessitados. Decretado Estado de Calamidade Pública, pela Prefeitura Municipal e pelo Governo do Estado, a situação foi referendada pelo Governo Federal. A Caixa Econômica foi autorizada a liberar parte dos recursos do FGTS para que as vítimas tivessem recursos extras para ajudar na reconstrução. Quatro meses depois, já em março de 2015, os cálculos eram de que cerca de R$ 45 milhões foram liberados, dinheiro extra que em sua maioria circulou no comércio local, minimizando os efeitos econômicos da tragédia.
Entretanto, um ano depois, ainda existem residências que não foram reconstruídas na cidade, ainda existem veículos que circulam amassados, como lembranças presentes da tempestade que os campo-larguenses jamais esquecerão.