29/06/2015

Por: Luis Augusto Cabral

Depois de um mês de férias coletivas, os 380 trabalhadores da indústria de louças Tirolesa (Indústria e Comércio Cerâmico Tirolesa Ltda.), localizada no Itaboa, tiveram uma surpresa. Na última sexta-feira (19), foram comunicados que a indústria vai paralisar a produção e que todos os funcionários seriam dispensados. O anúncio caiu como uma bomba, para trabalhadores, muitos dos quais estão na empresa há mais de dez anos.

O provável fechamento da Tirolesa não foi confirmado pela Diretoria, que não recebeu a Imprensa, limitando-se apenas a emitir uma nota, via e-mail. No documento, a Diretoria informa que “está suspendendo as atividades produtivas temporariamente, em função da excessiva retração nas vendas e dos sucessivos aumentos nos custos (luz, gás, etc.), fatores que, combinados, elevaram fortemente a adversidade”. A nota informa que “todos os funcionários terão seus direitos trabalhistas assegurados integralmente”.
 

História

A Indústria e Comércio Tirolesa Ltda., é sucessora da Studio Tacto, fundada em seis de junho de 1978, que inaugurou um novo perfil para a cerâmica de mesa, tradicional produto do pólo de louça de Campo Largo. No início de suas atividades, a Tacto caracterizou-se pela inovação em modelos e decorações, revolucionando a indústria de cerâmica de mesa. A partir de 2004, já com o nome Tirolesa, iniciou um audacioso processo de modernização, com aumento de produção e melhoria de qualidade.

Com capacidade de queima instalada de dois milhões de peças mensais, a Tirolesa produz um corpo cerâmico do tipo Faiança, com baixa taxa de absorção. Isto faz com que seus produtos tenham maior resistência, tanto ao lascamento, quanto em relação às quebras no uso diário. A estratégia da empresa de “baixo-custo/baixo-preço”, faz dos seus produtos a primeira alternativa de preço dos produtos fabricados no Brasil. Essa estratégia fez com que a empresa tivesse um forte crescimento, superior à media do setor. Hoje com 380 trabalhadores, a Tirolesa é considerada uma das grandes indústrias do pólo cerâmico de Campo Largo, chegando a ter perto de 10% da produção local. Se confirmado o fechamento da empresa, a repercussão no mercado deverá ser significativa.

Paralisação

A Reportagem da Folha tentou, por várias vezes, entrevistar os diretores da Tirolesa, sem sucesso. Apenas um comunicado via e-mail, confirma a paralisação das atividades da indústria. A íntegra do documento, é o seguinte: “A Cerâmica Tirolesa esclarece que está suspendendo as atividades produtivas temporariamente, em função da excessiva retração nas vendas e dos sucessivos aumentos nos custos (luz, gás, etc.). Fatores que combinados elevaram fortemente a adversidade. Todos os funcionários terão seus direitos trabalhistas assegurados integralmente. Atenciosamente - Diretoria Cerâmica Tirolesa”. Ass. Wagner Scholl – Diretor.

Nos últimos dias, foram realizadas várias reuniões entre os funcionários e o Sindicato da categoria, no portão da fábrica, às primeiras horas da manhã. Nessas reuniões, os trabalhadores tentam, com o Sindicato, tirar dúvidas sobre a situação. Sabe-se que nem todos receberam o aviso prévio, como os representantes sindicais, as grávidas e trabalhadores em licença médica e chefes de alguns setores.

Há, entre os funcionários, informações sobre a entrada de novos investidores, na indústria, que teriam a intenção de recontratar os trabalhadores demitidos, em dois ou três meses. Mesmo esta informação não foi confirmada pela nota emitida pela empresa.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores, Paulo Andrade, em entrevista à Folha de Campo Largo, disse que a preocupação do Sindicato é quanto às garantias dos trabalhadores, para que nenhum seja prejudicado, em seus direitos. Ele adiantou que, nesta sexta-feira, terá uma reunião com a Diretoria da empresa, quando a situação deverá ser discutida em profundidade. Espera que a empresa não seja fechada e que possa continuar, sem prejuízo aos trabalhadores.