16/05/2014
Famílias isoladas da Vila Tripa pedem socorro e um lugar ao Sol
16/05/2014
Por:Luis Augusto Cabral
São 75 famílias, cerca de 300 pessoas, a grande maioria crianças que estão vivendo praticamente isoladas, algumas das casas sem água e sem energia elétrica, na comunidade autodenominada Vila Tripa. A área, um espaço apertado às margens da PR-423, entre as duas pistas da BR-277, no Itaqui, é habitada há mais de 20 anos, mas só com as obras do Contorno de Campo Largo (duplicação da BR-277) o “problema” apareceu.
As obras da nova pista da BR-277 levaram muitos transtornos às famílias da Vila Tripa. As máquinas destruíram o “sistema de abastecimento de água”, que existia, uma rede que atravessava a velha pista (por baixo) da PR-423, ligando as nascentes aos casebres. Muitas famílias ficaram, também, sem energia elétrica, porque as máquinas arrancaram os fios da “rede” clandestina. Além desses problemas, o mais importante, o acesso às casas, foi dificultado.
Para onde ir
Existe um grupo de pessoas que está trabalhando para solucionar os problemas das famílias da Vila Tripa. É o grupo autodenominado Coletivo PR-423, formado por pessoas de várias pastorais, de Campo Largo e Curitiba. Cerca de 120 crianças da comunidade, assistidas por esse grupo, frequentam a Catequese na igreja de Santa Cecília. A maioria estuda na escola Hans Ernst Schmidt, no Itaqui. Todos os dias, enfrentem à pé, cerca de três quilômetros, para ir e para voltar da escola, em meio às máquinas e ao trânsito da PR-423. Quando a nova pista for inaugurada, elas estarão expostas ao tráfego pesado da BR-277.
Mas o problema maior, enfrentado pelas famílias (há algumas que não querem sair de lá), é para onde ir. Foi-lhes, prometido, pelo ex-prefeito Edson Basso, segundo elas, a construção de casas do Minha Casa Minha Vida, mas até agora ficou só na promessa. As famílias estão inscritas no programa, que deverá fornecer as casas em um ou dois anos. Até lá, elas deverão enfrentar problemas crescentes, de acesso e locomoção.
Uma família, que necessitava acesso para veículo, para transportar uma criança com problemas de locomoção, teve que se mudar. “Ela (a mãe), foi para a casa emprestada pelo patrão de uma prima, por causa da criança”, disse uma vizinha, mostrando que as obras da nova pista destruíram o acesso para um veículo: “Eles vão construir uma mureta com grade, para isolar as casas da pista, nós vamos ficar sem saída. Não vai dar para sair nem à pé de casa. Só se construírem um outro caminho, através do mato, mas tem o rio. Vai precisar uma ponte”, explicou.
A comunidade já participou de vários encontros e uma audiência pública, na Câmara Municipal, na tentativa de solucionar os problemas. Apesar das promessas, até agora as famílias não sabem qual será o seu futuro. Na próxima terça-feira, às 19h30min, será realizada uma nova audiência pública, na Câmara Municipal de Campo Largo, onde espera-se a presença de autoridades e representantes da Sanepar, Copel e RodoNorte. Talvez o problema esteja perto de uma solução.