15/05/2014
Copa do Mundo: o legado da consciência
15/05/2014
Fonte:G1.com
Foto:Luciana Whitaker/Reuters
Faltam dois meses para o término da Copa do Mundo e o grande legado chegou antes da abertura: a morte daquela cantilena de botequim que afirmava “basta um joguinho de futebol para o brasileiro esquecer todos os problemas”. Os protestos acumulados desde o ano passado deixam claro que para o povo apenas o circo não basta. Isto o povo já sabe há tempos, mas a intelligentsia insiste em cultivar o contrário, desconhecendo que o torcedor que hoje vai aos estádios brasileiros está vez mais longe do estereótipo do sujeito que deixa faltar arroz em casa para pagar o ingresso do futebol.
A Copa do Mundo está chegando e será, creio, uma festa como todas as Copas. Não há porque não acreditar, vide a competência brasileira para organizar o carnaval e megas eventos de música. O que nem um golaço de Neymar conseguirá apagar, entretanto. é a incapacidade de colocar a obra em pé sem atropelos. Por mais argumentos que as autoridades tenham, a ideia de sangria nos cofres públicos vai perdurar.
“Se o Brasil ganhar a Copa, vai favorecer a Dilma”. Será? Também ao contrário do que muitos pregam, vitórias no futebol não costumam patrocinar o “sim” nas urnas. Em 2002, a Seleção Brasileira foi campeã, mas o candidato do governo (José Serra) perdeu a eleição para Lula. E também é bom lembrar 1998: a Seleção perdeu na França e o governo ganhou em casa (Fernando Henrique foi reeleito).
É um ótimo negócio ser o anfitrião de uma Copa do Mundo, mas as esferas do governo brasileiro ainda não conseguiram provar isto. Por enquanto, prova-se apenas que o futebol, se nos enfeitiça em alguns momentos, não nos rouba a consciência da realidade. Se é que alguém não sabia disto.