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Missão Divina

10/05/2014

Missão divina de se tornar mãe dos netos, após a morte da filha
 

Missão Divina

10/05/2014

Por:Luis Augusto Cabral

Israel tem nove anos, o irmão Abraão, quatro. Há um ano e meio eles ficaram órfãos de mãe, ela era jornalista que viajava pelo mundo fazendo artesanato com o marido. Ele, o marido, após a morte da esposa, deixou os filhos com a avó, Alma Alaide Tessaro, hoje com 72 anos de idade, e não mais voltou.

Alma, já aposentada, morava sozinha com o marido, de 76 anos, numa casa no Salgadinho, quando recebeu em casa a filha, com câncer. Ela teve pouco tempo de vida.

A filha Luciane ainda é lembrança fresca na memória da mãe. Alma assumiu a guarda dos netos e os cria como filhos. “É diferente de quando a gente tinha 30 anos, eles têm muita energia, dão trabalho”, explica ela que, além de cuidar das crianças, cuida da casa e do marido, que também já tem idade avançada. “É uma missão que Deus me deu, de ser mãe novamente, já na terceira idade”, disse ela.

Amor

Com a perda da filha, Alma voltou o seu amor de mãe para as crianças. “Não é fácil, ainda mais com a minha idade, mas é como renascer”, explica ela ao deixar o menor, Abraão, na Creche Mariinha, onde ele fica o dia inteiro, no maternal. “Hoje as crianças já parecem mais conformadas com a perda da mãe, mas eles sentem muita falta dela. Mas a minha vida, minha rotina, é bem corrida. Levantar cedo, arrumar as crianças, levar na escola, ir ao médico, voltar e cuidar da casa, da comida, do marido. Ele (o marido), cuida do quintal, das plantas, lá em casa tem até kiwi. Temos as nossas alegrias, a família, tenho outros filhos e a vida nos dá muitas compensações”, explica.

Alma lembra que a filha Luciane formou-se jornalista e foi trabalhar em Ponta Grossa, onde ficou cerca de dois anos. “Por causa de política ela acabou saindo do emprego e foi viajar pelo mundo, fazendo artesanato, que ela gostava muito. Era vegetariana e nessas viagens conheceu o marido, com quem teve dois filhos. Depois de dez anos ela voltou, já muito doente, e faleceu meses depois, há um ano e meio”, disse.

De origem alemã, e o marido de origem italiana, Alma ainda se dedica a um hobby, ela é artista plástica e pinta em tela sobre óleo. “É uma terapia que me dá muito prazer. Na próxima terça-feira vou expor o meu trabalho, em companhia de uma amiga, no Museu Municipal. São quadros de paisagens e o tema é “Recomeço”, um trabalho feito com outro olhar”, disse Alma, lembrando que, enquanto pinta relembra da juventude, da filha que perdeu tão cedo e da alegria dos netos-filhos, que está criando. “Só peço a Deus que me dê saúde, para terminar de criar as crianças. Acho que esta é a minha missão, a missão que Ele (Deus), me deu”, garante.