28/03/2014
Nascida em Campo Largo, Sandra cursou o 1º e 2º Grau em instituições públicas – Colégio Sagrada Família e Cefet. A formação superior foi na Faculdade de Direito d
28/03/2014
“É difícil expressar em palavras a felicidade quando se realiza um sonho. Muitas vezes sonhamos com coisas que queremos para a nossa vida, mas esquecemos que nós mesmos temos que fazer com eles virem realidade. E o concurso da magistratura na minha vida foi exatamente isso, por muito tempo me imaginei como magistrada, porém apenas quando resolvi correr atrás dos meus objetivos, me programar e me dedicar inteiramente é que o sonho virou realidade. Não há vitória sem sacrifícios, mas são exatamente esses sacrifícios que fazem com que essa vitória tenha um valor especial e nos faz olhar para traz e reconhecer que tudo valeu a pena”. Esse é o depoimento de Sandra Lustosa Franco (32), que neste mês de março entra para a história do município como a primeira mulher campo-larguense a passar no concurso da magistratura.
Nascida em Campo Largo, Sandra cursou o 1º e 2º Grau em instituições públicas – Colégio Sagrada Família e Cefet. A formação superior foi na Faculdade de Direito de Curitiba e foi aprovada já no primeiro exame que prestou para a Ordem. “Depois de formada, abri escritório de advocacia com Cassiane Costa e Anelize Beber Rinaldin. Em janeiro desse ano completei sete anos de advocacia e atuei especialmente com direito empresarial e trabalhista”, comenta.
O sonho de ser juíza surgiu já no início da faculdade, período em que foi assessora de juiz. “Com o ingresso na advocacia acabei deixando o sonho um pouco de lado, e há dois anos, quando estava mais estabilizada financeiramente, diminuí o ritmo de trabalho no escritório para me dedicar aos estudos. A rotina de estudos é muito desgastante, especialmente para quem trabalha, tive que abdicar da vida pessoal e ocupava todo o tempo livre estudando. Quando fui aprovada para a última fase, a oral, em dezembro de 2013, resolvi me licenciar do escritório e me dedicar exclusivamente aos estudos. Nesse período estudei de domingo a domingo, aproximadamente 10 a 12 horas por dia”, detalha.
Sandra conta que já havia feito algumas provas, porém sem muita dedicação, e não passava nem na primeira fase. “Apenas quando resolvi me dedicar efetivamente é que comecei a ver resultados. Esse concurso da Magistratura foi o primeiro que consegui passar na primeira fase, e aí passei por todas e cheguei à aprovação. Hoje estou aprovada também até a quarta fase do concurso da magistratura do Estado de São Paulo, mas não farei a prova oral, porque quero ser magistrada no nosso Estado”. Ela destaca que o objetivo foi alcançado porque teve muitas pessoas ajudando, como seus pais, família, amigos e as sócias do escritório. “Dificilmente se conquista um objetivo sem a ajuda de outras pessoas, por isso reconheço que só cheguei até aqui porque tive uma base muito forte que me deu sustentação nos momentos de dificuldades, me incentivou, me apoiou e principalmente me respeitou, e entendeu a minha ausência”, completa.
Concurso
O concurso é formado por cinco fases, sendo a objetiva, prova escrita com questões dissertativas, sentença cível, sentença penal e a última a prova oral. “É difícil eleger a parte mais difícil, cada uma tem as suas características próprias que trazem bastante complexidade. A primeira fase exige uma grande capacidade de memorização, com assertivas a serem analisadas, com as chamadas pegadinhas que são as trocas de palavras, expressões, sentidos, que acabam confundindo o candidato. A prova dissertativa geralmente traz uma complexidade maior no que tange a matéria, há perguntas mais difíceis de raciocínio jurídico. Já as fases de sentença são complicadas porque exigem, além de um vasto conhecimento jurídico, domínio sobre a técnica de elaboração da própria sentença. Mas a prova oral é a que causa maiores receios para o candidato, pois é realizada por uma Banca de 13 juízes e desembargadores, cada um responsável por uma matéria, os quais fazem aproximadamente cinco perguntas por matéria. Há um desafio muito grande em demonstrar conhecimento e controlar toda a tensão e nervosismo de estar sendo sabatinada”, explica.
Juíza
Sandra ainda não tem informações sobre a Comarca que irá assumir, nem a data. Ela ainda aguarda a designação da data da posse, que, segundo informações da Comissão de Concursos, deverá acontecer até o final de abril. Por enquanto os aprovados participam do curso de formação para Juízes realizado pela Escola da Magistratura.
“Para ser juiz, não basta o conhecimento jurídico demonstrado nas provas do concurso, é preciso reconhecer que o seu papel é muito mais servir do que mandar, é reconhecer que o Poder que lhe é conferido pelo Estado é para realizar a Justiça, é para auxiliar aos membros da sociedade a resolver os seus problemas. Além disso, tem que ter muita vontade de trabalhar, pois, apesar do grande esforço do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, ainda há um déficit muito grande de juízes, um grande acúmulo de trabalho que faz com que aqueles que escolheram a carreira se dediquem muito para cumprir a sua missão. E ainda, o magistratado, assim como todos os cidadãos, têm que ter uma conduta muita correta, atuar com honestidade, respeito ao próximo, tendo em vista o dever não só de julgar, mas especialmente de transformar a sociedade em que vivemos”, conclui.