15/03/2014
Com medo, inseguros com tudo que estava acontecendo, na terça-feira (11) alguns moradores da região da Delegacia reuniram-se no Fórum de Campo Largo.
15/03/2014
Com medo, inseguros com tudo que estava acontecendo, na terça-feira (11) alguns moradores da região da Delegacia reuniram-se no Fórum de Campo Largo, buscando respostas da Promotoria de Justiça, mas principalmente pedindo que ali não funcione mais o Cadeião.
Uma mulher que mora atrás da Delegacia contou à Folha que escutou o barulho dos presos arrebentando a parede e começou a ver todos eles passando pelo seu terreno. Um deles até estava com colete à prova de balas e alguns deixaram cair celulares. “A Polícia chegou dando tiros com bala de borracha e nos abaixamos em casa, com medo do que pudesse acontecer. Nos sentimos na favela da Rocinha”, detalha. “Mas teve um preso que até fechou o portãozinho para os cachorros não fugirem. Foi educado”, conta.
Os moradores relataram a situação, o fato de terem ficado em um canto em suas residências com medo de alguém entrar, serem feitos reféns ou de serem atingidos por uma bala perdida. Ficaram surpresos porque até mesmo em casas com muros altos os foragidos conseguiram pular, ainda deixaram rastros de sangue e alguns estragos por onde passavam. Todos foram muito enfáticos: “não queremos reforma, queremos que tirem a Cadeia dali. É para ser uma Delegacia, não presídio”.
Eles foram recebidos pelo diretor da Vara Criminal de Campo Largo, Wilson Coelho. Ele explicou que a transferência dos 68 presos (que na terça-feira às 18 horas, quando aconteceu a reunião, ainda não tinham sido transferidos) seria o mais brevemente realizada, pois dependia de vagas e de veículo da Secretaria de Justiça, próprio para este fim, com escolta armada, o que demandava certa logística.
Quanto às pessoas que tiveram suas casas invadidas e tiveram prejuízos por isso, Wilson orientou que os mesmos façam registros na Promotoria, pois estão abrindo um procedimento interno que está apurando quem foram as pessoas lesadas, as quais serão ouvidas. “Faremos uma investigação detalhada de tudo que aconteceu, por isso peço a ajuda para que todos façam este registro”, completou, colocando-se à disposição para ajudar no que for preciso. Os moradores também podem fazer requerimentos com outros pedidos, como de mais segurança, muros mais altos ao redor da Delegacia e até mesmo pedido para retirarem o Cadeião dali, mas que ele já adiantou que momentaneamente não será possível. “Com o retorno dos presos provisórios, vamos fazer o possível para manter a quantidade de presos até o limite da Cadeia”, explica.
Presos voltarão
“Não será possível neste momento a desativação da Cadeia e os presos vão voltar. Dos 109 que estavam presos, 37 já estão condenados e ainda estavam aqui, mas agora vão cumprir a pena na Penitenciária de Piraquara. O restante são presos provisórios, que ainda falta documentação para dar a sentença. A Dr. Luciana (juíza) visitou a Cadeia e constatou que precisa reparar, mas para fazer isso com segurança, precisa acontecer a transferência. Em 30 ou 45 dias é preciso dar início e terminar as obras, e depois deste período os presos provisórios, até terem sentença, vão ficar em Campo Largo”, explica Wilson Coelho.
Segundo ele, há seis meses enfrentam em Campo Largo problema de transferência de presos, isso por situações a serem resolvidas na Delegacia e no Poder Judiciário. “Todos têm um pouco de culpa”, completa.