22/02/2014
A cultura deixada pelos italianos
22/02/2014
Existem cerca de 400 famílias de origem italiana em Campo Largo. Ignez Zanin é uma das descendentes, que conta um pouco da história e dos costumes de sua família.
Ela é filha do italiano Pietro, de Montecchio Precalcino, região de Vêneto na Itália, e que veio a Campo Largo aos 06 anos de idade. Ignez lembra que as imigrantes chegavam em Paranaguá, onde já tinha uma organização que determinava onde as famílias iam ficar. Pietro, no Brasil chamado de Pedro, veio com seus pais para Campo Largo, que compraram um sítio onde hoje é a região da Vila de Lourdes.
Neste sítio plantavam feijão, milho, cebola, arroz e trigo, ainda criavam vacas, porcos e galinhas. “Tínhamos tudo que precisávamos, a comida era farta. Só precisávamos comprar café, açúcar, azeite e sal”, conta Ignez. Foi nestas terras que Pedro criou os 13 filhos e depois, em 1968, comprou um terreno na Vila Elizabeth.
Segundo Ignez, existia muita partilha entre os vizinhos nessa época. “Nós sempre dividimos os alimentos. Acho que nesta época existia mais amor. Sinto muita saudade desse tempo”, detalha, dizendo que leva consigo o sentimento de união, trabalho, educação, de pais muito amorosos, mas também severos.
Como uma boa descendente de italiana, Ignez diz que não consegue ficar mais de três dias sem comer polenta, a qual faz com água fervendo, duas colheres de manteiga e fubá até dar o ponto. E quanto ao vinho, não pode ficar um dia sequer sem tomar um pouco, do tinto puro seco. “Aprendi a tomar vinho com meu pai”, conta. Até o ano passado ela mesma produzia seu próprio vinho, com ajuda de um sobrinho. Mas neste ano comprou de um senhor que mora na região do Rio Verde e produz um ótimo vinho, sem agrotóxico.
Além da tradição de gostar muito de massa em geral, que antigamente eles mesmo produziam, Ignez lembra de alguns ensinamentos deixados pelo seu pai. “Não aceitavam mulher com vestido sem manga ou muito curto. Então sempre segui isso, e até hoje em dia não me sinto bem de blusa sem manga”, conta. Ela até brinca que seu pai falava muito palavrão e ela pegou um pouco deste costume dele. “Ele falava gesticulando bastante e sempre que não gostava de algo falava ‘sacramenta’ e falava muito palavrão”, diz.
Ainda hoje leva consigo o conselho do pai, de não gastar mais do que tem e sair sempre com a cabeça erguida, de não dever nada para ninguém. “Tanto que até hoje não gosto de comprar nada parcelado. Só compro o que tenho o dinheiro para pagar na hora”, detalha.