14/02/2014
A Fundação Perseu Abramo tem realizado estudos e debates sobre o crescimento da sindicalização no Brasil. Em um dos principais trabalhos foi analisada a evolução da sindicalização no Brasil, nos últimos dez anos.
Segundo Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, o Brasil é um país que tem mais experiência com a ditadura do que com a democracia, e, talvez, este seja o principal motivo da falta de união nas categorias profissionais.
A partir do estudo, Pochmann afirmou que é preciso aprofundar o conhecimento sobre as mudanças no mundo do trabalho, lembrando que o setor de Serviços é o maior responsável pela queda nos números de sindicalização, setor onde deverá ser uma base importante de investimento do sindicalismo para conseguir organizar os novos trabalhadores. E também alerta que o mundo sindical precisa entender que “as grandes corporações, muitas vezes, são mais importantes que os países. Vivemos um outro tipo de capitalismo, que se prepara para o futuro. E os sindicatos? Como irão lidar com o futuro?”, questionou.
Campo Largo
Em nossa cidade, Adriano Carlesso, presidente do Sindimovec (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Montadoras de Veículos, Chassis e Motores de Campo Largo), ressalta que apesar dos grandes avanços, os trabalhadores têm ainda muito que conquistar. O Sindimovec representa os trabalhadores da Fiat, Caterpillar e Metalsa. “Precisamos avançar na conscientização dos trabalhadores, mostrar qual é o verdadeiro papel do sindicato e a importância da filiação. A região Sul do país, inclusive a região metropolitana de Curitiba, é considerada como um grande berço de pensadores e intelectuais pelas demais regiões brasileiras. Muitos destacam a nossa região como “a Europa brasileira”. Como explicar então a questão de sermos menos combativos que pessoas que nos consideram como mais cultos e intelectuais? Por incrível que pareça, a pesquisa realizada pelo Professor Pochmann, revela que o aumento da formação e do conhecimento dos trabalhadores não altera o seu nível de sindicalização, ou seja, quanto mais conhecimento, mais passividade em suas ações. Para Carlesso, isso significa que a nossa região está formando cidadãos com um grau crítico muito pequeno, o que não é bom para o desenvolvimento da nossa região, tendo em vista que o crescimento dos direitos sociais são conquistados, geralmente, com base nas lutas do dia-a-dia, geralmente marcadas por protestos e manifestações. Infelizmente, parece que o capitalismo está conseguindo formar pessoas focadas em estudar para ganhar mais dinheiro, tão somente, esquecendo da importância do raciocínio crítico em prol da evolução da nossa região. Este ano de 2014 é muito importante para o Brasil – teremos um grande evento que é a Copa do Mundo e as eleições gerais no país. Entretanto, não podemos nos distrair e perder o foco da luta constante em defesa dos trabalhadores”.