26/12/2013
Compra de armas de brinquedo para presente divide opinião dos pais
26/12/2013
Fonte:G1.com
Foto:Silvia Cordeiro/G1 PR
Entre os mais variados presentes recebidos pelas crianças na noite de Natal, existe um que divide a opinião e gera dúvida entre pais e familiares: dar ou não um brinquedo que simula violência. Nos últimos dias que antecederam o Natal, a reportagem do G1 foi até o shopping popular de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, no Paraná, e verificou que a maior parte das bancas de brinquedo vendia simulação de armas, sejam das mais simples de plástico até aquelas que atiram água ou dardos de espuma.
“A sensação do momento é a arminha conhecida por ‘nerf’, que atira dardos de espuma. A meninada só procura por essa”, conta o vendedor que preferiu não se identificar. No “Paraguaizinho”, como é chamado o shopping popular da cidade, foi possível encontrar variações desse brinquedo com preços de R$ 20 a R$ 70. Algumas são movidas à pilha e que saem sons e luzes ao atirar o dardo; já outras, além da função principal, ainda se transformam em robô.
Entre as bancas do “Paraguaizinho”, ainda eram vendidas pistolas de água. O brinquedo é antigo, mas ganhou novos formatos ao longo dos anos. O preço encontrado no shopping popular variava entre R$ 20 e R$ 40, conforme o tamanho e o formato da arma. Outro vendedor que não quis se identificar disse que este é um brinquedo bastante procurado pelas crianças.
Durante as compras de Natal, a família do empresário Gilber Vieira da Silva parou para conversar com a reportagem do G1. Ele é pai de dois meninos, um de um ano e outro de sete. O empresário disse que é contra dar brinquedos que simulem violência. “Não deixo nem meus filhos fingirem que algum objeto é uma arma. Não acho legal, porque esse tipo de brincadeira sempre gera o bonzinho e o mau e isso pode influenciar mais para frente”, declara.
Já a técnica de enfermagem Cleide Grdn não vê problemas em presentear uma criança com armas de brinquedo. “Eu acho que depende muito da criação dos pais. Hoje existem jogos de vídeo game que também simulam violência e que são muito piores do que uma arma de brinquedo”, comenta. Cleide conta que não hesitaria em dar um presente como esse, caso a filha pedisse.
Conselho Tutelar não recomenda
Seja em qualquer época ou comemoração, o Conselho Tutelar não recomenda que os pais comprem simulações de armas de brinquedo para os filhos, independente da função e do formato que tenha. “É um estímulo à violência e ao uso de arma de fogo. O brinquedo pode causar consequências psicológicas para a criança, além de ser uma atitude irresponsável dos pais em presentear”, afirma o conselheiro tutelar Ronaldo Silva.
Em Ponta Grossa, uma lei municipal de 2010 proíbe a venda de armas de brinquedo na cidade, mas que tenham semelhança física com os revólveres originais. Em nota enviada ao G1, a prefeitura informou que fiscais do município percorrem o comércio constantemente para verificar a legalidade dos produtos, principalmente, no período de Natal.
O comerciante de Ponta Grossa que vende réplicas de armas pode sofrer advertência, multa de um salário mínimo, suspensão da atividade por 30 dias e até a cassação da licença e encerramento das atividades comerciais.
Segundo o conselheiro tutelar, cada vez que a polícia faz abordagens com pessoas utilizando réplicas ou simulações de armas, o brinquedo é apreendido. “O artefato está associado à tentativa de extorsão criminosa. Ela constitui ameaça, apesar de não ter função letal”, explica. Ele alega que, por esse motivo, a venda de armas de brinquedo não é recomendável e até mesmo, é proibida em algumas regiões do país.