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Haitianos

20/12/2013

Haitianos vivem drama para chegar e também para viver aqui

Haitianos

20/12/2013


Ainda não existem estatísticas oficiais, mas acredita-se que cerca de 200 haitianos vivem e trabalham em Campo Largo. São, na sua maioria, homens jovens, com pouca qualificação profissional. Não é fácil, para eles, transpor a barreira da língua (a maioria não fala e não entende o Português), trabalham para se manter aqui com poucos recursos e para mandar dinheiro para suas famílias, no Haiti, as quais sonham em poder vir morar no Brasil.

Não existe nenhum programa destinado a recepcionar os haitianos aqui. O Poder Público praticamente ignora a presença deles, nunca foram contatados por assistentes sociais do Governo ou do Ministério de Relações Exteriores, vivem por conta deles mesmos e muitos se auxiliam, mutuamente. Eles querem trabalhos melhores, com salários maiores e querem poder ter mais de um emprego, para poder ganhar mais.

A saga

Sair do seu País não foi fácil, para a maioria dos haitianos que vivem em Campo Largo. Muitos deles estão há menos de um ano aqui, vivem em pensões ou quartos alugados, trabalham na construção civil, como ajudantes e sentem muita saudade de casa. O que os incomoda mais é a dificuldade de comunicação, por telefone, com seus familiares. A Reportagem da Folha contatou com alguns dos haitianos, que falaram sobre a saga, desde o terremoto de 2010, até aqui.

Gilio Malvoisin (25), ajudante de pedreiro, está há oito meses em Campo Largo. Veio a convite de um amigo, que já estava aqui. Uma viagem longa e muito difícil o levou a entrar no Brasil através do Acre, via República Dominicana - onde conseguiu o visto para entrar no Brasil – Equador, Perú, Bolivia, o trajeto na América do Sul todo em ônibus. “É muito caro, para nós, a viagem, muito difícil. Para quem consegue chegar aqui e arranjar emprego é uma bênção, um alívio”, explica ele, adiantando que apesar das dificuldades, valeu a pena. Ele disse que o seu sonho é trazer a família para morar aqui.

Outro jovem haitiano entrevistado pela Folha é Kenold Grand Pierri (24), ajudante de manutenção. Ele já está empregado em uma indústria, e quer estudar para melhorar no emprego e conquistar um salário maior. Também sonha em trazer a família, e disse sentir saudades de todos os parentes que ficaram no Haiti. Lembrou que sair do País é uma necessidade, para poder sobreviver e ajudar a família que ficou. “Lá não tem emprego, antes do terremoto tínhamos poucas opções, depois, nenhuma”. Ele conta que a pequena infraestrutura que existia no País foi destruída e levarão anos para reconstruir.

Os imigrantes haitianos sentem a falta de apoio do Governo do Brasil, que poderia dar uma pequena ajuda para eles se instalarem, aprender o idioma, arrumar a documentação, conseguir emprego. Eles vêem o Brasil como uma nova oportunidade de vencer na vida, elogiam a receptividade da população, a hospitalidade, mas sentem o choque cultural.