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Geral

Frei Claudinei

06/12/2013

Confrades lamentam morte de Frei Claudinei
 

Frei Claudinei

06/12/2013

O Frei Claudinei (25), que morava na Fraternidade Franciscana São Boaventura, ao lado do Colégio Bom Jesus da Aldeia, Rondinha, morreu afogado na praia de Caiobá por volta de 11 horas desta segunda-feira (02).

O carioca Claudinei Cananéa  Bustamante (25) foi velado durante a noite de segunda-feira (02) na Capela dos Freis na Aldeia Franciscana e no dia seguinte seu corpo foi transladado para Paraty, estado do Rio de Janeiro, onde foi sepultado.

Claudinei estava no litoral em uma confraternização com outros frades e acabou se afogando no mar de Caiobá. Um texto (box) feito pelos confrades da Fraternidade São Boaventura explica como tudo aconteceu:

 

“Permitam-nos testemunhar os últimos momentos que esteve conosco Frei Claudinei Cananéa Bustamante. Nenhuma palavra contemplará a grandeza de sua vida doada em nossa Fraternidade de Menores, porém, nós, que estávamos ao seu lado nos seus últimos instantes, tentaremos expressar parte daquilo que contemplamos em nossos corações e que nossas mentes ainda insistem em não entender.

Era grande o anseio por estar em Caiobá, afinal estaríamos com os confrades do nosso Regional celebrando a fraternidade e a alegria da vocação franciscana, comemorando também o bom êxito deste ano que está por findar.

Chegamos no domingo, por volta do meio-dia e tivemos toda a tarde para descansar e aproveitar a praia. Frei Claudinei, junto a outros, preferiu ficar em casa e dormir. Para noite, foi preparado cachorro-quente e, em seguida, um bingo. Frei Claudinei foi um dos que mais ganhou prêmios e não escondia sua felicidade em estar entre irmãos.

Na segunda-feira (02), logo pela manhã, foi caminhar na beira-mar com Frei Fábio César Gomes e Frei Marx Rodrigues dos Reis. Voltando para casa, encontrou um grupo de confrades que se dirigiam à praia com intuito de tomar banho. Assim, motivou-se a acompanhá-los e entrou no mar. Éramos um grupo de dez frades.

O mar estava aparentemente tranquilo, porém o chão não era constante. Havia muitos buracos na areia e com isso era difícil dizer que o lugar onde tudo se deu era raso ou fundo. Assim, entre o espírito aventureiro e a satisfação de estar entre irmãos, nosso confrade foi se percebendo impossibilitado de colocar o pé no chão, afinal ele estava sobre um destes buracos na areia.

Porém, o desespero tomou conta de Frei Claudinei que começou a beber bastante água. Só conseguiu pedir socorro para Frei Eduardo Schiehl, que estava ao seu lado, mas impossibilitado de ajudá-lo. Tentou animá-lo a continuar nadando para saírem de uma possível correnteza que os puxava para dentro do mar. Depois disso não se ouvia dele uma fala sequer, somente tentativas de respiro e batidas de braços e pernas, totalmente descontroladas.

Frei Ângelo Vanazzi e Frei José Aécio, que também estavam próximos, foram alertados por Frei Eduardo a ajudar Frei Cananeia a se acalmar e sair do mar. Neste intervalo de tempo, Frei Eduardo já estava mais afastado, porém sem forças para continuar nadando. Gritou por socorro e Frei Aécio o ajudou a sair da água.

Enquanto isso, Frei Alexandre Magno e Frei Roberto Aparecido Leme foram ajudar o Frei Ângelo a trazer Frei Cananéa, já desmaiado e com pouca pulsação. Foram feitas várias tentativas de respiração boca-a-boca e massagens no abdômen até que chegassem os bombeiros e o levassem ao hospital.

Chegando o devido socorro, constatou-se que a pupila já estava dilatada, a pulsação cada vez mais fraca e não respirava normalmente. No caminho rumo ao hospital foram feitas outras tentativas para reanimá-lo, porém sem sucesso.

Já no hospital, com a medicação feita, todos os procedimentos tomados e diante da graça de Deus, foi constatado que nosso irmão Claudinei Cananéa Bustamante se desprendera de seu corpo mortal e havia caminhado ao encontro do Sumo Bem.

Toda documentação foi regulamentada, os contatos feitos e, por volta das 20h45, chegou em nossa casa o corpo do nosso confrade. Levado pelos frades entrou na capela do Convento, enquanto se cantava: “Louvado sejas meu Senhor, louvado sejas, pelo sol e pela lua, pelo ar e a água pura…” Foi rezado o ofício pelos fiéis defuntos e muitos puderam fazer suas orações diante daquele corpo frágil que, no entanto, revelava a grandeza do Deus da Vida.

Várias pessoas das comunidades vizinhas, professores, religiosas, amigos, padres da diocese, confrades do Regional e da Fraternidade do Noviciado de Rodeio, vieram solidarizar-se conosco e bendizer a Deus pelo dom da vida deste irmão.

Às 7 horas da manhã de hoje (03/12) foi celebrada a Missa de Corpo Presente, presidida por Frei Alexandre Magno, guardião da Fraternidade Bom Jesus dos Perdões de Curitiba. Antes do canto de entrada, Frei Cristiano, confrade de turma de Frei Cananéa, leu um breve histórico de sua vida e presença na fraternidade. Agradeceu a Deus por “ter nos dado como irmão este grande homem”.
Frei Fábio, mestre dos frades de profissão temporária, buscando forças em Deus, fez uma linda e emocionante homilia. Fundamentou-se na reflexão feita por Frei Gamaliel Devigili em nosso último capítulo local, onde destacava três palavras: alegria, perseverança e fidelidade: características fortemente encontradas na vida e no testemunho fraterno de Frei Claudinei.

Destacou que sempre se comunicava com um olhar terno e sorriso simples, irradiando a alegria de ser Frade Menor. Também, no cotidiano da nossa vida, diante das pequenas coisas, manteve-se sempre perseverante e empenhado pelo bem comum. Por isso, podemos dizer que Frei Claudinei foi fiel até o fim, nas pequenas e nas grandes coisas, até o último suspiro. Procurou estar sempre em fraternidade e na fraternidade entregou-se a si mesmo por inteiro nas mãos de Deus.

Após a missa, Frei Fábio ainda abençoou o corpo de nosso querido Frei Cananéa e recomendou a Deus a sua alma. Frei Jorge Lázaro leu a carta do Ministro Provincial expressando seus sentimentos e nos confirmando sua bênção, assim como a carta do nosso Guardião, Frei João Mannes, que também não esteve presente devido à viagem à Colômbia para um encontro da Ordem.

Após as despedidas pessoais, lacrou-se o caixão e o colocamos no carro da funerária. Seu corpo foi transladado para Paraty, RJ, onde será devolvido a nossa irmã, a mãe Terra.

O vazio deixado pelo Frei Claudinei em nossa fraternidade e em nossos corações, só pode ser preenchido pela força de Deus, que nos sustenta e anima a seguir em frente. Pedimos então que rezem por nós, rezem pela família de sangue do nosso confrade e por todos aqueles que sentem essa partida tão repentina.

Dentre tantos frades possíveis, o Senhor escolheu este servo, este filho, aos 25 anos. Com tantos outros dias, outras possibilidades, o Senhor escolheu ontem e o mar de Caiobá. Por isso, o entregamos a ti, ó Pai, e te pedimos que o testemunho de vida deixado pelo Cana, como carinhosamente o chamamos, continue provocando nosso agir e, assim, nos recordemos dele que tanto bem nos fez”.