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Quilombolas

23/11/2013

Governo vai construir 32 casas para famílias quilombolas de Campo Largo

Quilombolas

23/11/2013

Todas as 32 famílias quilombolas do Palmital dos Pretos, no interior de Campo Largo, ganharão casas construídas pela Cohapar, com recursos do Governo Federal. Esta é a principal ação do Ministério das Cidades e do programa Brasil Qilombola, no Paraná, em benefício dos descendentes de escravos que, fugindo da escravidão no século XVII, fundaram o quilombo naquele local.

Clemilda Santiago Neto, coordenadora do Programa Brasil Quilombola, no Paraná, do Governo do Estado (Secretaria Especial de Relações com a Comunidade), disse em entrevista à Folha de Campo Largo que “as famílias quilombolas do Palmital dos Pretos já estão cadastradas no programa e que uma parte já está com toda a documentação pronta, estando o processo para a construção das casas, na Cohapar”. Ela adiantou que a construção das casas deverá ser realizada em duas etapas, a primeira em 2014, para as famílias que já entregaram a documentação.

Quilombo

A comunidade de Palmital dos Pretos, em Campo Largo, é um dos mais importantes povoados de descendentes de escravos da região. Situada a 83 quilômetros do centro da cidade, na divisa com Ponta Grossa, o Palmital permaneceu por séculos desconhecido do Poder Público. Até o final do século passado, muitos habitantes sequer tinham documentos pessoais. Formados por famílias negras oriundas de várias regiões do Estado, o quilombo do Palmital foi, na época da escravidão, um dos mais seguros refúgios dos escravos no Estado.

Em um local de difícil acesso, os moradores do Palmital acabaram por construir uma comunidade ímpar, na história do País. Hoje os membros da comunidade são todos aparentados, pertencem a uma mesma família. Nos últimos 100 anos, entretanto, eles foram perdendo aos poucos, o domínio sobre as terras da região, os proprietários ao redor foram chegando e ocupando o espaço, formando fazendas onde, antes, só havia famílias quilombolas.

Somente por volta de 2005, quando o Estado criou o Grupo de Trabalho Clóvis Moura, que começou a fazer um levantamento das comunidades quilombolas no Paraná, os habitantes do Palmital dos Pretos começaram a ser “descobertos” pelo Poder Público. Hoje sabe-se que existem 13 comunidades na região do Vale da Ribeira (uma em Campo Largo). Os pesquisadores encontraram as famílias vivendo, em sua maioria, em casas de pau a pique, sem banheiros e com piso de chão batido. As comunidades sem infraestrutura nem redes de água.

As famílias vivem da agricultura de subsistência, consumindo basicamente o que plantam, como milho, feijão e mandioca. Algumas criam pequenos animais, como galinhas e porcos e alguns integrantes possuem aposentadoria rural. O maior problema encontrado foi a falta de documentação das terras e muitas vezes pessoal. Aos poucos estas questões foram sendo resolvidas com a ajuda do poder público e, agora, as famílias dos quilombolas vão ganhar casas, construídas pelo Governo. O projeto prevê que as casas terão 52 metros quadrados, com arquitetura voltada às tradições quilombolas.

Outro programa que beneficiará aquela população é o Programa de Compra Direta, do Governo Estadual, que adquirirá a produção de hortaliças produzidas por 12 famílias já cadastradas, que vão produzir em horta comunitária, para vender para o Governo e para o Programa de Merenda Escolar.