23/11/2013
Palmital dos Pretos pode se tornar autossustentável em pouco tempo
23/11/2013
Produzindo pães e biscoitos, além de hortaliças para a merenda escolar, artesanato e outros produtos da cultura afro-brasileira, para incrementar o turismo da região, o Quilombo do Palmital dos Pretos pode se tornar autossustentável em alguns anos. A mudança econômica da comunidade vem sendo observada ao longo do tempo, desde a declaração de terras quilombolas, em 2005, quando a comunidade começou a ser “enxergada” pelo poder público e passou a receber benefícios.
A recente construção de uma unidade comunitária de produção de pães e biscoitos, já surtiu os primeiros efeitos, como a união da comunidade e a produção de alimentos em regime de mutirão. Falta agora a comunidade se organizar para iniciar a produção de pães e biscoitos para a merenda escolar, ação que já está recebendo incentivo dos governos Municipal e Estadual.
Economia
Avanir Mastei, secretário municipal de Educação e Cultura, lembrou que a educação no campo é uma das prioridades do Governo Federal e passa a ser também do Governo Municipal. Disse que a comunidade vai receber três ônibus para serem utilizados como transporte escolar, no quilombo e no campo. Também está em processo a destinação de recursos diferenciados para a construção de uma escola e reformas estruturais nas escolas em Santa Cruz, região do Palmital.
O secretário adiantou que o Município conseguiu recursos para implantar, já em 2014, um curso de Formação de Jovens (EJA), especialmente para os quilombolas, para o qual já existem 20 inscritos. Lembrou o secretário, que o mais importante é a mudança de paradigma, a adoção e o incentivo da cultura quilombola, hoje introduzida nas escolas de todo o País, para valorizar a cultura afro-descendente, “porque os negros, que sempre foram negados, têm muito valor, tanto cultural quanto econômico, porque foram eles que introduziram a ciência do cultivo do café, da cana de açúcar e outras culturas no País, mérito sempre negado e hoje reconhecido”.
“Os negros não podem mais serem considerados como cidadãos inferiores. Eles são tão importantes quanto o índio, o branco e outros povos, são bonitos, inteligentes, trabalhadores. Séculos de negação levaram a sociedade a enxergar os negros como inferiores, não são. Deles nós herdamos muito da nossa cultura, da nossa economia, e até das ciências, inclusive as agrárias”, explicou.
Disse o secretário que o Dia da Consciência Negra é importante para lembrar, para comemorar, “mas é preciso que sejam desenvolvidas ações nesse sentido o ano inteiro, não apenas no dia 20 de novembro”, acrescentou.
Turismo
Também estão sendo desenvolvidas ações no campo do turismo, junto à comunidade quilombola. Não o turismo exploratório, mas o turismo cultural, onde a comunidade passa a produzir artesanato com a finalidade econômica, para venda nas feiras e em eventos oficiais, além do turismo gastronômico, que é incentivado hoje e pode, no futuro, ser mais uma fonte de renda para aquela população.
Uma das mais tradicionais festas no interior de Campo Largo, é a Festa de São Sebastião, onde os descendentes dos quilombolas são os principais atores. A festa tem, como um dos principais atrativos, o almoço, que é servido gratuitamente a todos os que comparecerem. Em 2014, a festa de São Sebastião será realizada no dia 19 de janeiro. Nessa festa, a comunidade realiza leilões de carneiros, suínos, aves e do bolo de São Sebastião. Com o bolo, vai a imagem do santo, que “viaja” pela cidade do ganhador por um ano. No ano seguinte a imagem é devolvida e novamente leiloada junto com o bolo.