31/10/2013
Muitos são os artigos publicados sobre a dúvida cruel entre seguir carreira pública ou privada. Meu intuito com esse texto é um pouco diferente: comparar dois extremos - o servidor público e o profissional autônomo!
Eu tive o prazer de vivenciar essas duas pontas. Logo que me formei tomei posse do cargo de Pedagoga na Prefeitura de Curitiba. Meu concurso foi, na realidade, especificamente para atuação na FAS – Fundação de Ação Social. Exerci essa função por quase quatro anos quando fui convidada a assumir cargo em comissão da SEDS – Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social ondei exerci mais um ano de carreira pública.
Na FAS eu e minha equipe planejávamos, executávamos e avaliávamos capacitações para os servidores da Fundação, assim como outras atividades correlatas.
Na SEDS o trabalho era muito parecido, porém eu era sozinha nessa atividade para a Secretaria como um todo e ainda montava editais para licitações que envolvessem cursos, capacitações etc.
Pedi exoneração de meu cargo (!) para iniciar minha carreira como profissional autônoma. O objetivo foi atuar como Psicopedagoga Clínica.
Bom. Após relato de minha trajetória profissional tenho que admitir que aideia de, aos vinte e poucos anos, entrar para uma empresa na qual ficaria para o resto da vida sempre me soou nada estimulante. Assim, preferi entrar para o concorrido mercado liberal de trabalho, sujeita às intempéries e pressões, competitividade, instabilidade. Não me arrependo. Mas, com a maturidade, e as decepções que levamos no mercado, vamos repensando algumas questões.
Mas engana-se quem acha queescolher o meio público é uma opção fácil. Seleções de nível médio atraem gente com graduação e pós-graduação. Enquanto um técnico de nível médio pode ter vencimentos de até seis mil reais, professores com Doutorado nas Universidades Federais ganham míseros cinco mil líquidos.
E a tal da estabilidade? Eu nunca tive essa oportunidade. O servidor CORRETO (que não tenta de meios ilícitos ou antiéticos para conseguir o que quer) pode sim ser muito prejudicado caso não trabalhe dentro dos conformes. Deixa de ganhar estímulos destinados à produtividade, é convidado a retirar-se da equipe em que se encontra e acaba sendo remanejado para locais de trabalho nada agradáveis. Quando brincávamos entre colegas, dizíamos que os servidores que não produziam eram jogados no “limbo”! Mas a parte boa é que, ao final do mês, seu vencimento estará na sua conta haja o que houver!
Por outro lado, a escolha por investir numa vida autônoma exige grande dose de autocrítica. Com a ausência de chefes, a avaliação da qualidade do serviço cabe ao próprio profissional. Há outro sistema de controle, exercido pelos clientes: se o trabalho prestado tiver qualidade, o cliente ficará satisfeito, pedirá novos serviços e ainda o recomendará a outras pessoas do ramo.
Nesse cenário, é preciso ter muita calma até o escritório/consultório acontecer, pois a fama só vem com o tempo. Um profissional jovem autônomo tem quarenta anos e essa regra vale para quase todos os ramos. A parte boa? Sua flexibilidade de horários permite que reserve a sexta feira à tarde para descer antes para a praia!