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Saúde

Síndrome de Burnout: tem como prevenir?

Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de casos de Burnout.

Síndrome de Burnout: tem como prevenir?

Dizem que o ano só inicia depois do carnaval, pois se tem um foco maior no trabalho e afazeres. Porém, em tudo devemos ter um equilíbrio, para evitar um esgotamento mental e até mesmo um burnout. Segundo um levantamento da International Stress Management Association (Isma), o Brasil foi classificado em 2º lugar em 2022 com mais causas de síndrome de burnout.

Uma pessoa que não podemos identificar, chamada de M.A. nesta matéria, contou que passou pela Síndrome de Burnout em 2020. “Foi logo que iniciou a pandemia, eu tinha medo do desligamento, já que meu trabalho era 100% presencial e não podia ser remoto. Com o tempo me adaptei ao online, mas por esse medo não passar, tentei trabalhar o dobro e isso foi me deixando sobrecarregada.”

A psicóloga clínica Priscila Chervinski conta que a Síndrome de Burnout tem várias características. “É caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal, em resposta às fontes crônicas de estresse. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso”.

Alguns sintomas que envolvem a Síndrome de Burnout são fadiga crônica, esgotamento, alterações frequentes do sono e do peso, distúrbios gastrointestinais e agravamento de doenças crônicas já existentes.
Já uma outra pessoa, cuja identidade foi trocada para A.K., citou que só percebeu que estava com Burnout quando saiu da empresa. “Quando eu estava na empresa, me sentia pressionada para trabalhar em feriados, não tendo a opção de não aceitar, de madrugada e horários diferentes. Eu chegava a sonhar que estava trabalhando. Quando saí da empresa, me senti exausta e como se outra pessoa estivesse no meu corpo. Nesse tempo eu ganhei e perdi peso fácil, em três meses eu perdi 28 quilos, por não conseguir comer de ansiedade.”

Priscila conta que isso é bastante comum: “A pessoa começa a assumir comportamentos aditivos (consumo excessivo de café, tabaco, bebidas alcoólicas, tranquilizantes ou drogas ilícitas) para combater o estado em que se sente. O emocional é afetado com sentimentos de fracasso, desilusão, falta de esperança e de significado no trabalho, surgimento de sentimentos depressivos. E suas atitudes mudam, mostrando-se indiferente, com atitudes negativas e de afastamento em relação ao trabalho, a colegas, ou supervisores e à própria instituição”.

Outro fator que fez com que o número de casos de pessoas com a Síndrome de Burnout aumentasse foi a pandemia. Nesse caso, Priscila explica que incerteza do futuro e a instabilidade profissional fez com que esse aumento acontecesse, além disso a questão do gerenciamento de tempo. “Outra questão que precisamos levar em consideração é com relação ao home office, as pessoas passaram a gerenciar questões de trabalho e familiares no mesmo ambiente, não sabendo a hora de entrar e sair do trabalho.”

M.A. conta que só percebeu que tinha algo errado depois que estava com a Síndrome de Burnout: “Como eu trabalhava em casa e não podíamos sair, devido à pandemia, eu estava achando que aquilo ali era minha nova realidade, do trabalho remoto, confesso que no ínicio até gostei, porém quando percebi que não estava tendo tempo de lazer, conversar com os amigos e até mesmo o famoso happy hour após o trabalho, foi percebendo que havia algo de errado, estava substituindo aquelas horas por trabalho”.

Priscila explica como prevenir e evitar que se agrave a síndrome: “Precisamos falar em prevenção, não use a falta de tempo como desculpa para não praticar exercício físico e não desfrutar momentos de descontração e lazer.  Mudança no estilo de vida pode ser a melhor forma de prevenir.  Além disso, é importante a conscientização do consumo de álcool e de outras drogas, as pessoas acabam lidando com suas frustrações de uma forma ruim, o que pode levar à piora do quadro”.

Ela complementa falando que estar em um ambiente de trabalho favorável faz toda a diferença. "É importante avaliar quanto as condições de trabalho estão interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental.  Avaliar também a possibilidade de propor uma nova dinâmica para as atividades diárias e objetivos profissionais.  E claro, não hesite em procurar ajuda profissional, a saúde mental é tão importante quanto a física.”