Motoristas devem manter uma distância de 1,5m dos ciclistas e agir com prudência no trânsito; ciclistas também têm responsabilidades de sinalizar intenções e usar equipamentos de segurança
A BR-277 faz ligação entre os municípios de Curitiba, Campo Largo e Ponta Grossa e é uma das mais movimentadas do Paraná e também uma das preferidas pelos ciclistas para treinar ciclismo em longas distâncias. Há aproximadamente cinco anos, tornou-se bem mais comum ver atletas no acostamento pedalando e também aumentou a necessidade de conscientizar ciclistas e motoristas sobre as suas obrigações e direitos no trânsito.
“Sou ciclista profissional há 25 anos, já possuo mais de 300 mil km percorridos de bicicleta e há cinco anos estou aposentada das competições. Posso dizer que a BR-277 é uma das melhores na região para a prática do ciclismo, por conta das subidas e descidas com vários níveis de dificuldade, por ser uma pista longa e também é segura, apesar do grande número de veículos que trafegam nesta região diariamente. Há um acostamento bom e largo, para que possamos ficar, e é uma região com poucos casos de assaltos. Porém, ainda assim precisamos desenvolver mais o trabalho de conscientização nos motoristas e ciclistas, que todos pertencem ao trânsito e cabem a eles fazerem desse espaço um local seguro”, explica Cynthia Duarte, ciclista profissional.
Ela comenta que atua junto com órgãos de Segurança Pública de vários níveis para promover essa conscientização, além de sempre que possível recorrer à imprensa, a qual julga ter um papel muito importante neste processo. “Temos visto de um tempo para cá muitos acidentes envolvendo ciclistas e isso é preocupante. Muitas vezes não é o ciclista profissional que acaba se machucando ou, em casos mais graves, indo a óbito, mas também o ciclista trabalhador, que usa a bike como meio de transporte para chegar à empresa diariamente. Essa é uma história que vemos muito em Campo Largo. Precisamos alertar os motoristas sobre a importância do cuidado com o ciclista na hora que está dirigindo carros e caminhões ou pilotando uma motocicleta”, reforça.
“Pela lei os motoristas devem passar com 1,5 metro de distância do ciclista e, preferencialmente, favorecer a passagem dos ciclistas em cruzamentos – o que nas rodovias não acontece, mas é importante salientar. Eu participo de grupos de ciclismo e vejo muitos relatos tristes de desrespeito aos ciclistas, sobre motoristas que passam ‘tirando fina’ dos grupos ou dos atletas. Isso pode desequilibrar a pessoa e causar uma queda, tornando em um acidente grave. Além disso, também já vi mensagens de ódio de motoristas sendo compartilhadas nas redes sociais, muitas vezes até comentários de matérias jornalísticas sobre acidentes. O que precisa ser reforçado é que existe espaço para todos quando há respeito e harmonia no trânsito”, comenta Cynthia.
Situações como essas devem ser denunciadas para a Polícia Rodoviária Federal, pelo telefone 191 e informar a placa do veículo.
Medidas de segurança e experiência necessária
Por conta da velocidade mais alta, os acidentes que acontecem nas rodovias tendem a ser mais graves, se comparados aos que acontecem dentro das cidades. Por isso, Cynthia explicou que os ciclistas precisam ter certa experiência para conseguir praticar o esporte em um acostamento de rodovia. “O primeiro passo é você pedalar a uma velocidade de pelo menos 20 a 25 km/h. O ciclista deve usar todo o equipamento de segurança necessário, como as roupas coloridas – que indicam sua presença na pista -, o capacete – que consegue reduzir 35% das lesões na região em caso de acidente –, além de ter uma bicicleta sinalizada e adequada para a prática. Jamais usar fones de ouvido, pois os ouvidos são os retrovisores dos ciclistas. Nunca trafegar na contramão dos veículos e evitar ao máximo pedalar à noite na região das rodovias, pois a iluminação é sempre mais baixa. Usar óculos de proteção solar – para evitar que raios solares ou sujeiras atinjam o olho e atrapalhe o desempenho, e sempre sinalizar as intenções”, orienta.
Para os ciclistas trabalhadores, que usam as bicicletas como meio de locomoção para chegar até o trabalho, Cynthia indica as mesmas medidas de segurança, como o uso de capacete, roupas mais coloridas e realizar com frequência revisões na bicicleta, em uma oficina de confiança.
Uma prática cheia de benefícios
Cynthia explica que essa é uma prática repleta de exercícios, que consegue atingir uma proporção maior de pessoas do que outros esportes. “Além de ser um meio de transporte mais barato, que permite você conhecer e descobrir lugares que muitas vezes não iria de carro, favorece a perda de peso sem causar danos ao corpo, envolve a questão social, pois sempre estamos em grupo e é eficaz no combate à depressão. Você começa aos poucos, com 5 ou 10 km, dependendo do seu preparo físico e cada dia mais vai aumentando e superwando os limites. Isso motiva o ciclista cada vez mais”, finaliza.