Ao postar uma notícia relacionada à Covid-19 nas redes sociais da Folha de Campo Largo, especialmente relacionada aos decretos e restrições de funcionamentos, o que não faltam são pontos de vista divergentes
Ao postar uma notícia relacionada à Covid-19 nas redes sociais da Folha de Campo Largo, especialmente relacionada aos decretos e restrições de funcionamentos, o que não faltam são pontos de vista divergentes, falando sobre a questão da Saúde, Sociedade e Economia. Alguns defendem o lockdown extremo, outros que devem abrir tudo e ter medidas mais duras para festas clandestinas.
Na segunda-feira (15), alguns empresários se reuniram no Centro no período da tarde para realizar uma carreata e protestar contra o fechamento do comércio. A Folha de Campo Largo realizou uma transmissão ao vivo que alcançou quase 60 mil pessoas e gerou quase mil comentários.
Live da Acicla
Na última terça-feira (16), a Acicla realizou uma live em seu Facebook com a participação do presidente Bruno Boaron, vice-presidente de Finanças Edumar Rossoni e 2º conselheiro fiscal Carlos Alberto Ribeiro Berton. Ao longo de aproximadamente uma hora, os três participantes falaram sobre os principais efeitos da pandemia no comércio campo-larguense, realizando uma retrospectiva de acontecimentos desde o final de 2019 até o cenário atual e abriram para perguntas e comentários.
“As pessoas não precisam escolher ou a Saúde, ou a Economia. As duas coisas podem e devem caminhar juntas. Se fala muito no que é essencial, mas é no ponto de vista de quem. Pois muitas vezes a necessidade que eu tenho não é a mesma que outra pessoa tem. Se esquece muito que para comprar o que é essencial, as pessoas precisam trabalhar, porque se elas não tiverem renda, elas não vão conseguir comprar nem o que é determinado como essencial”, ressaltou Carlos Berton durante a Live.
“Nosso inimigo não é o governo, não é a Prefeitura. Nosso inimigo é o vírus Covid-19, é contra ele a nossa luta. Nós estamos na pior fase da pandemia, os hospitais estão lotados, mas os gráficos mostram que não é quando o comércio está aberto que as infecções acontecem. O comércio segue protocolos, está sendo fiscalizado e em sua maioria mantém casos controlados, poucas situações de infecções acontecem no trabalho, pelo contrário, às vezes a pessoa pega em casa ou quando sai pela falta de atenção. Vamos reforçar o pedido para que as pessoas se cuidem dentro das suas casas, pois no mapeamento que fizemos constatamos que grande parte das contaminações foi no descuido do lar”, completou Bruno.
Com a palavra... o empreendedor
A Folha conversou com a Raquel Gabardo, proprietária de uma escola de inglês, que está há um ano sem poder receber os alunos para as aulas de maneira habitual por conta da pandemia e dos decretos, ainda que tenha feito todos os investimentos para garantir a segurança de todos. “As aulas estão há um ano acontecendo de maneira online para 90% dos alunos. Algumas turmas nós conseguimos retornar em dezembro, mas tivemos interrupções durante lockdown. A secretaria da escola também funcionou apenas quando foi permitido para recebimento de mensalidade e entrega de material didático. No final de setembro, eu encaminhei ofícios para a Prefeitura, nos adequamos para o retorno das aulas presenciais. Apenas em janeiro tivemos autorização para voltar 100% das aulas na modalidade presencial, nos organizamos para isso, contratei professores, abri mais turmas para garantir menos alunos por turma. Iniciamos o presencial por uma semana, com todos os cuidados possíveis, respeitando os pais e alunos que não se sentiam seguros, mas a maioria absoluta voltou para o presencial. Porém, cinco dias depois foi decretado o primeiro lockdown, em seguida o segundo.”
Raquel comenta que agora até mesmo a secretaria da escola está fechada, o que dificulta o recebimento de mensalidades, pois há pais que não têm afinidade com Internet Banking e transações bancárias e ainda preferem o método antigo de pagamento. A escola também auxiliou os alunos como pode na questão financeira, investiu em plataforma online, mas ainda assim, durante esse um ano de pandemia, infelizmente, os desligamentos de colaboradores foram inevitáveis.
A falta do presencial levou ainda a alguns alunos trancarem suas matrículas ou mesmo desistirem das aulas. “90% dos pais e dos alunos nos cobram o retorno presencial hoje. Tivemos muitas desistências por causa disso, pois eles já têm aula online, ter mais o inglês online acaba sendo uma atividade enfadonha, principalmente para crianças e adolescentes”, diz.
“Não podemos nos esquecer de que essa modalidade não abrange uma parcela dos alunos: aqueles que moram no interior e não têm acesso a uma internet de qualidade, e também alunos com características específicas, como déficit de atenção. Temos também alunos diagnosticados com espectro autista, e foi praticamente impossível se adequar a essa modalidade. Presenciamos também muitos casos e relatos emocionados de pais que viram seus filhos desenvolver sérios problemas psicológicos durante esse isolamento e necessitaram se afastar das aulas online. O curso livre vai muito além do aprendizado de outra língua, ele representa um momento de interação com os colegas, de troca de ideias e experiências, onde o aluno sente-se parte de uma comunidade”, completa.
A empresária se solidariza com todas as famílias que perderam alguma pessoa da família neste momento, que entende toda a situação que está sendo vivenciada pela sociedade, bem como com os empresários que estão prestes a fechar suas portas ou que acabaram fechando e acredita que a solução está na vacinação. “Em um ano não tivemos nenhum caso de contaminação entre nossos colaboradores, sempre tomamos todos os cuidados”, finaliza.
O empresário Marcelo Roberto Vaz Filho comenta que por conta do último decreto precisou manter sua loja fechada, não sendo permitido nem mesmo o trabalho com entregas, por não ser considerado serviço essencial. “A maior dificuldade dessa vez comparada a 2020, é que até o momento não tivemos nada de ajuda do governo para tomar alguma ação, principalmente com os funcionários. Ainda está complicado explicar para os fornecedores que são de outras regiões a decisão isolada do nosso município, a qual está sendo ainda mais restritiva que o próprio governo do Estado.”
“Escuto apenas falando em lockdown, mas há um ano a explicação era que precisávamos ter tempo para nos preparar e abrir novos leitos para o Sistema de Saúde não entrar em colapso. Um ano após, o sistema está em colapso e estamos novamente em lockdown. Que essa vacina venha logo, seja por meio do governo Federal, Estadual ou Municipal, se for necessário até da iniciativa privada. Agora o que não podemos é lidar com a maior crise como se fosse uma guerra política, aonde os maiores prejudicados são sempre o povo”, diz.
Ele ressalta ainda que durante toda a pandemia adotou todos os protocolos exigidos pelas autoridades de Saúde, como o uso obrigatório de máscara pelos funcionários e clientes, disponibilizou álcool em gel, baixo fluxo de pessoas dentro do espaço e horário estendido de atendimento sempre que possível.
A loja do empresário Gabriel Steiger está fechada desde o dia 27 de fevereiro, sendo que abriu por poucos dias para atendimento ao público neste intervalo de tempo. “Minha loja tem um aluguel alto, despesas altas, salários de colaboradores e precisa de atendimento presencial. No meu ramo eu não consigo atender no modelo online, porque colchão é muito pessoal. O meu faturamento é zero se a loja estiver fechada. Essa não é a primeira vez que nós fechamos ou o primeiro mês que isso acontece por conta da pandemia.”
“Se uma parte da população parar de consumir, a outra para de produzir. Isso gera um caos econômico, além do caos na Saúde. Então o vírus não vai ter parado, aí teremos pessoas infectadas, sem condições financeiras para conseguir comprar um remédio na farmácia, ir ao médico, colocar combustível no carro, ficar afastada, emocional abalado, entre outros”, completou.
A empresa dele também adotou todos os protocolos recomentados pelas autoridades de Saúde, além de alertar sempre os colaboradores para que se cuidem quando estejam em casa. Em um ano, ninguém da equipe pegou Covid-19.
“Eu quero falar para quem está passando dificuldades que toda tristeza tem data para acabar. Tenho certeza que todos que ficarem em pé se sentirão vitoriosos por terem permanecido, apesar das dificuldades. Para quem perdeu um ente querido, se ele contraiu esse vírus trabalhando, ele é um soldado de honra, que morreu lutando. Meus sentimentos a todos que perderam seus entes queridos e o meu clamor, minhas orações é pedindo para que Deus olhe por nós para que Ele cure e nos liberte deste mal chamado Coronavírus”, finaliza.