Campanha ‘União traz a cura’ tem apoio da campo-larguense Laura Portela
20/04/2015
Por Danielli Artigas de Oliveira
“Diante de tanta dificuldade, de tanta dor, tantas agulhadas, o quão frágil que a gente fica, que dependemos de outras pessoas, médicos e enfermeiros; que deixamos nossa vida nas mãos de Deus, as pessoas não deveriam ter medo da dor ou repulsa à agulha que pode salvar a vida de alguém. Deve-se passar por cima de tudo isso, passar por cima do medo para salvar uma vida, é um procedimento seguro e não há nada mais gratificante”, declara Laura Veridiana Zanlorensi Portela, que tem lutado contra o câncer de origem nos gânglios, chamado de Linfoma de Hodgkin.
Ela criou a campanha ‘Força na careca’ para estimular a doação de sangue. Laura, que precisava conseguir 100 doadores para realizar um autotransplante no ano passado, chegou a mobilizar cerca de 600 doadores até o final de dezembro de 2014. Agora, seu objetivo é passar informação para que as pessoas sejam doadoras de medula óssea e salvem vidas. Para isso apoia a campanha ‘União traz a cura’, uma campanha nacional e que tem conscientizado muitas pessoas.
Essa é a união da campanha Força na Careca; da Adolescentes Superam (de União da Vitória); da Foco, Força e Fé (Curitiba); Tamo junto Michel (São Paulo), entre outras que estão apoiando e com isso ganhando grande apoio, até mesmo de jogadores de futebol e cantores. “Vamos fazer mutirões para que as pessoas se cadastrem no Redome “, explica Laura.
Superação
Não foram fáceis os últimos meses de Laura, que tem vencido o câncer. No final de 2014 e início de 2015 ela chegou a ficar 33 dias internada para realizar o autotransplante no Hospital Erasto Gaertner. Todo este período precisou ficar isolada, acompanhada apenas dos enfermeiros e médicos, com poucos horários de visita.
Passou por 17 quimioterapias em apenas seis dias - a cada seis horas. Depois recebeu a infusão de sua própria medula. “Minha imunidade chegou a zero e com isso tive infecção no pulmão. A quimioterapia mata as celulas cancerígenas, mas também os linfócitos, por isso tinha que evitar contato com pessoas para evitar infecções e doenças”, explica ela, comentando que o sofrimento é pelos sintomas e não pela infusão em si.
Em 15 dias ela chegou a perder 10 quilos porque mal conseguia comer. Ficou com aftas por toda a boca e sentia muitas dores.
Mas no dia 25 de dezembro ela ganhou um grande presente de Natal, recebeu a notícia que seu corpo já começava a reagir com a medula infundida e passaria a se recuperar. Devido a outras reações chegou a inchar 18 kg e precisou de observação mais cuidadosa, mas no dia 31 de dezembro conseguiu passar a virada do ano com sua família em casa. No dia 02, tendo reações devido à falta de cálcio e potássio, voltou ao Hospital e ficou por mais 11 dias internada.
Quando recebeu alta, ficou em isolamento em casa por um mês, mas desde março está se recuperando bem, já pode sair de casa e não precisou mais voltar ao Hospital. Pelos exames ela está clinicamente bem e um junho fará exame para checar se não ficaram celulas cancerígenas.
A recuperação total leva de seis meses a um ano. Enquanto isso ela recebe acompanhamento de nutricionista para repor nutrientes e ganhar peso. Já voltou a dirigir na cidade e tem ajudado na confecção dos pais, a Runa.
Mas ela tem uma atividade principal, que é usar sua experiência de vida para ajudar os outros e também informar profissionais da Saúde e a população em geram. Laura tem dado palestras para estudantes de cursos técnicos e profissionalizantes na área de Saúde. “Meu foco é na parte humanista do tratamento, mostrar o que o paciente quer de um profissional da Saúde. Conto minha experiência a eles”, detalha. “Precisamos do carinho e paciência desses profissionais porque passamos por muitas situações difíceis e eles são as únicas pessoas que temos contato por muito tempo”, completa.