Aos 81 anos de idade e com problemas de saúde, dona Isolina Zanlorenzi Perússolo não fará, pelo terceiro ano consecutivo, a Simpatia contra a Bronquite, que costumava fazer, toda Sexta-feira Santa, no Reino da Loucinha. Ela chegava a atender quase três mil pessoas, durante todo o dia santo, quando os cristãos lembram a morte de Jesus Cristo.

Dona Isolina é uma das discípulas de dona Geonoveva Sávio, que durante quase toda a sua vida, na segunda metade do século passado, efetuava esse trabalho, chamando a atenção para a cidade. Para cá vinham pessoas de toda a Região, além de outros municípios do Paraná, Sul de São Paulo e Santa Catarina, em busca da cura para a Bronquite.

 

Unhas e cabelo

Toda quinta-feira Santa as pessoas retiravam senhas, das 18 às 24 horas. No início da madrugada de Sexta-feira, ela começava a atender e trabalhava incansavelmente até às 17 horas, colhendo pontas das unhas e cabelos das pessoas. Cada amostra era colocada em um papel, com o nome do paciente. No final do dia, ela efetuava, em lugar secreto, a simpatia jamais revelada. 

A tradição, mantida sob absoluto segredo das discípulas de dona Genoveva, perdura ainda hoje. Muita gente acredita que a simpatia cura não apenas a Bronquite, mas também outros males físicos. Dona Isolina ainda atende as pessoas, mas apenas em sua casa, o ano inteiro, principalmente cada Lua Minguante. Ela lamenta e diz que, esse ano, pela terceira vez consecutiva, não vai trabalhar com sua equipe no Reino da Loucinha. Não sabe se vai voltar a fazer isso, em grande escala, alguma dia, porque sua idade já está avançada e ela sofre com um problema sério de saúde e quase não consegue andar sem ajuda. Acredita, entretanto, que as pessoas consigam a cura, se tiverem muita fé.