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Protestos: polarização política e respeito à democracia

Protestos: polarização política e respeito à democracia

22/03/2015

Duas manifestações distintas num intervalo de quase dois dias entre elas movimentaram o nosso país.  A primeira, na sexta-feira, dia 13 de março, organizada pela CUT, por sindicatos e por pequena parte de funcionários da Petrobras. Nesta, um ato em favor do governo federal e seus partidos da base. A segunda manifestação, no domingo, dia 15, foram às ruas, manifestantes indignados com tanta corrupção e contra medidas tomadas pelo governo que penalizam a classe produtiva do País. Na cabeça do brasileiro, um nó danado com tanta coisa acontecendo.

À parte das bandeiras, algo é certo: as manifestações fazem parte do processo democrático que precisa ser respeitado.  “As manifestações são importantes e bem vindas, porque fortalecem a democracia e acirram as discussões políticas”, analisa o presidente do Sindimovec (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Montadoras de Veículos, Chassis e Motores de Campo Largo), Adriano Carlesso.

Por outro lado, ainda na reflexão desses movimentos, surgem as controvérsias, também  presentes nos dois extremos e que tampouco podem passar batidas. No caso dos protestos contra a presidente Dilma, a discussão sobre a legitimidade dos pedidos de impeachment dividiu opiniões até dentro dos partidos de oposição. “Entre os juristas, o apoio ao impeachment foi exceção. A maioria sustenta que, até o momento, não há fator jurídico para um processo de cassação, por isso, esse item é totalmente questionável. Houve um processo eleitoral democrático e, por isso, somos contra o impeachment”, comenta Carlesso.

Ao mesmo tempo, as medidas sócio-econômicas, recém-adotadas pelo governo, que oprimem tanto trabalhadores  quanto empresários, também foram recebidas como um golpe nas costas do movimento sindical. “Tanto é, que, exatamente no dia que Campo Largo foi atingida pelo temporal que devastou a cidade, muitos membros do movimento sindical da nossa cidade estavam em Curitiba, participando de um ato público com a presença da Dilma, defendendo os direitos dos trabalhadores, pedindo que esses direitos fossem preservados”, analisa o presidente do Sindimovec. Logo na sequência, ganhou força no Congresso, as MP´s 664 e 665, que restringem direitos do trabalhador, entre eles, o seguro-desemprego. “Jamais vamos aceitar regredir quanto se trata da luta de direitos”, assegura.

Há quem acredite que as manifestações do dia 15 tiveram outro cenário, diferente dos protestos de 2013. Lá, as reivindicações eram bem pontuadas, como por exemplo, os “0,20” do transporte público que até virou o seguinte slogan nas redes sociais: “não é por R$ 0,20”. À época, a massa nas ruas pedia uma atenção direta por parte do governo a áreas como a Saúde, Educação e transporte público - sempre caóticos no País. Para alguns grupos, o tom dos atos de agora carregaram uma entonação muito mais política, contra um alvo específico: a presidenta da República.  “A democracia permite isto, e cabe às nossas instituições serem maduras o suficiente para separar a emoção política da razão jurídica”, resume. (Assessoria Sindimovec)