10/01/2015

Por: Luis Augusto Cabral

Um grande evento que fará parte da abertura do processo de beatificação da Dra. Zilda Arns Neumann, será realizado neste sábado (10), às 19 horas, na Arena da Baixada (estádio do Atlético), em Curitiba. A celebração está sendo organizada pela Pastoral da Criança. Os portões do estádio serão abertos às 17 horas. A previsão de encerramento é para às 22 horas.

Médica pediatra e sanitarista, Zilda Arns desenvolveu importante trabalho social, reconhecido em todo o país e em vários outros países. Fundadora da Pastoral da Criança no Brasil e da Pastoral Internacional da Criança, fundadora e coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa, Zilda Arns foi, também, representante titular do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Cidadã Honorária de Campo Largo, título concedido em 2004, natural de Forquilhinha, Santa Catarina, ela constituiu família, viveu em Curitiba e Campo Largo e morreu no dia 12 de janeiro de 2010 no terremoto que devastou o Haiti.

Beatificação
O processo de beatificação de Zilda Arns será iniciado com esse grande evento, que contará com a entrega oficial da moção que solicita a abertura do processo. A moção é um documento que reúne assinaturas com o objetivo de demonstrar à Santa Sé o apoio da população a uma causa ou proposta. A causa em questão é o apoio dos fiéis em reconhecimento à fama de santidade e ao legado evangelizador e pastoral da Dra. Zilda Arns.

Estão sendo esperados para a celebração, líderes vindos de todos os Estados do Brasil, em caravanas e individualmente. Já estão confirmadas as presenças de Dom Geraldo Majella Agnelo, Dom Raymundo Damasceno Assis, Dom Aldo di Cillo Pagotto e do Padre Reginaldo Manzotti, que conduzirá cantos durante a Santa Missa.

Zilda era a 13ª filha do casal brasileiro de origem alemã, Gabriel Arns e Helene Steiner, que teve 16 filhos. Nasceu no dia 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha, Santa Catarina. Em 1953, começou a estudar medicina, na UFPR. Zilda se impressionava com a grande quantidade de crianças internadas com doenças de fácil prevenção, como diarréia e desidratação. Em 1959, casou-se com Aloísio Bruno Neumann (1931-1978), com quem teve seis filhos: Marcelo (falecido três dias após o parto), Rubens, Nelson, Heloísa, Rogério e Sílvia (que faleceu em 2003 num acidente automobilístico). Zilda Arns era avó de dez netos.

Formada em Medicina em 1959, aprofundou-se em Saúde Pública, Pediatria e Sanitarismo, visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência.

Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes. A Multimistura, que já salvou a vida de milhares de crianças, é o resultado desse trabalho.

Em 1983, a pedido da CNBB, Zilda criou a Pastoral da Criança, juntamente com o presidente da CNBB, Dom Geraldo Majella, Cardeal Agnelo, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, que, à época, era Arcebispo de Londrina. No mesmo ano, deu início à experiência a partir de um projeto-piloto em Florestópolis. Após vinte e cinco anos, a Pastoral acompanhou 1.816.261 crianças menores de seis anos e 1.407.743 de famílias pobres em 4.060 municípios brasileiros.

Para multiplicar o saber e a solidariedade, foram criados três instrumentos, utilizados a cada mês: Visita domiciliar às famílias; Dia do Peso, também chamado de Dia da Celebração da Vida e Reunião Mensal para Avaliação e Reflexão.

Em 2004 ela recebeu da CNBB outra missão semelhante: fundar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa.

Morte

Zilda Arns encontrava-se em Porto Príncipe, em missão humanitária, para introduzir a Pastoral da Criança no país. No dia 12 de janeiro de 2010, pouco depois de proferir uma palestra para cerca de 150 religiosos, o país foi atingido por um violento terremoto.

A médica tinha acabado de proferir o seu discurso. Estava conversando com um sacerdote que queria mais informações sobre o trabalho da Pastoral da Criança. De repente, começou o tremor. O padre que estava conversando com ela deu um passo para o lado e a Dra. Zilda recuou um passo e foi atingida diretamente na cabeça, quando o teto desabou. Ela morreu na hora. A Dra. Zilda não ficou soterrada. O resto do corpo não sofreu ferimentos, somente a cabeça foi atingida. O sacerdote que conversava com ela sobreviveu. Já outros quinze sacerdotes que estavam próximos a ela faleceram.

Celebração
O ponto alto do evento de sábado será a celebração: “Dra. Zilda – Vida plena para todas as crianças”, quando serão entregues os documentos com as assinaturas que reivindicam a beatificação da religiosa. O documento será encaminhado ao administrador arquidiocesano de Curitiba, Dom Rafael Bienarski, que deverá organizar um grupo de trabalho para reunir relatos da “fama de santidade” de Zilda. Será forte, no documento, relato do trabalho incansável de Zilda Arns para salvar a vida de milhares de crianças. Somente no fim desse processo a documentação será encaminhada para a Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, primeiro passo para transformar Zilda Arns em Santa.

Para o evento, já estão chegando em Curitiba, caravanas vindas de todo o Brasil, cujos membros devem participar de uma maratona de atividades nas paróquias da capital. No sábado pela manhã, antes do evento na Arena, será feita uma visita ao recém-inaugurado Museu da Vida, que fica na sede do antigo Lar das Meninas, nas Mercês. Também pela manhã, haverá uma excursão ao túmulo de Zilda Arns, no Cemitério Municipal Água Verde.