15/12/2014
“Ninguém é igual a ninguém, ainda bem, ainda bem. Negro, branco, pardo ou amarelo. Moreno, loiro, careca ou cabeludo. Deficiente, cego, surdo ou mudo. Ninguém é igual a ninguém”. O trecho da música composta por Milton Karam traduz, de forma simples e singela, a essência de uma gostosa tarde promovida pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Campo Largo, no dia 3 de dezembro, em prol ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência (PCD). Na ocasião, a composição de Karam foi interpretada, na íntegra, por Levi Brandão para uma plateia de aproximadamente 200 pessoas. A atividade, que concluiu a programação de 2014 do projeto “Aprofunde seu Olhar”, foi realizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social em parceria com o Departamento de Educação Especial, da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte.
Além de música, o público assistiu a intervenções culturais de Katia Horn que, por meio de palavras, gestos e expressões, levou poesia ao local. A artista ressaltou a importância da parceria entre a família, poder público e comunidade para que a inclusão e a acessibilidade ocorram de forma efetiva. Regina Moro, coordenadora do CREAS, afirma que a arte é um valioso agente de inclusão social, pois, por meio dela, muitas pessoas com deficiência conseguem expressar seus sentimentos. Para ela, essas ações proporcionam reflexão sobre as várias possibilidades de inserir o PCD em todos os contextos da realidade. “A inclusão tem como meta beneficiar o desenvolvimento dos participantes, que se tornam capazes de atuar com maior autonomia, além da aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento dos aspectos cognitivos, afetivos e sociais do indivíduo”, diz. Por isso, Regina destaca que a autonomia é fundamental, não apenas para o PCD, mas para toda a família, a qual, segundo a coordenadora, precisa incentivar a pessoa com deficiência a buscar desafios e a conquistar a independência.
A paratleta de natação Camila Jordânia Alves, 16 anos, deficiente visual, é um desses exemplos. Ela subiu ao palco durante o evento para dividir a alegria da conquista de duas medalhas adquiridas nos Jogos Paralímpicos Brasileiros Escolares, que ocorreu em São Paulo no final de novembro. Camila ficou em 1º lugar nos 100 metros e em 2º lugar nos 50 metros. “Pratico natação há nove anos, mas só comecei a competir em 2014. No início, o esporte era mais uma atividade que eu participava, mas depois me apaixonei. Fiquei muito emocionada quando venci a prova, agora quero intensificar, melhorar minhas técnicas e meu tempo”, conta Camila. Sobre o evento, ela ressalta que toda a comunidade deveria participar e não apenas pessoas com deficiência e seus familiares e professores.
E não foi apenas Camila que apresentou seu potencial. Cantores, grupo de dança e declamadores de poesia mostraram o talento e o orgulho de serem as atrações daquela tarde. A professora Sirley Rosa Bueno Seixas, que leciona na Escola Municipal do Campo Professor Doraci Rodrigues Machado, fez questão de prestigiar as apresentações, sendo que um dos momentos mais marcantes para ela foi quando um aluno com deficiência visual declamou versos em homenagem aos professores. A educadora não conteve as lágrimas. “É preciso quebrar o paradigma de exclusão, pois, enquanto a sociedade não abrir espaços como este, não iremos conhecer o potencial de todos. Precisamos de igualdade de oportunidades”.
Aprofunde
seu Olhar 2014
Durante o ano, o CREAS realizou uma série de atividades para marcar datas importantes de incentivo à reflexão e à mobilização social. Além das ações em prol do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, outras foram promovidas em detrimento de diferentes temáticas, como Combate ao Trabalho Infantil, Combate ao Abuso Sexual, Valorização e Direito dos Idosos e Combate à Violência contra a Mulher.
O debate sobre o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes rendeu repercussões importantes. “Recebemos retorno dos diretores e professores das escolas que relataram o engajamento dos alunos a partir das atividades propostas”. Mas, o evento que lembrou o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher sensibilizou a todos. “Enquanto convidávamos as pessoas para participar da caminhada e da palestra, muitas mulheres se aproximaram e abriram suas histórias de vida, se emocionaram e falaram o quanto é necessário um serviço como o que o CREAS oferta”.
Para 2015, o Centro pretende dar continuidade ao projeto, tendo como foco um trabalho mais informativo nos bairros e no interior de Campo Largo, com ações como palestras em colégios, igrejas, associações de moradores, entre outros.