02/12/2014
Crise, trocas e sustos: Paraná supera obstáculos e fecha a Série B aliviado
02/12/2014
Fonte:G1.com
Foto:Heuler Andrey/Agência Estado
O Paraná Clube conviveu com problemas durante quase toda a Série B do Campeonato Brasileiro. Dificuldades financeiras, atrasos salariais, protesto dos jogadores, saída de peças-chave, mudanças no comando da equipe... O time, porém, superou os obstáculos, garantiu a permanência na segunda divisão com antecedência (na 36ª rodada, ao vencer o Icasa fora) e terminou a competição aliviado, na 11ª posição, com 51 pontos.
A festa da torcida tricolor após a vitória por 4 a 1 sobre o América-RN, pela 38ª rodada, simboliza a reação no time na reta final, com três vitórias (sobre Atlético-GO e Icasa, além do Mecão) e um empate (com o Bragantino, no interior paulista) nas últimas quatro rodadas. Paranistas chegaram a cobrar a diretoria durante a partida, mas cantaram o hino e comemoraram no apito final:
- Nós não conseguimos o objetivo principal, que era terminarmos a Série B com o acesso. Esse era o objetivo do Paraná desde o início. Chegamos à última rodada e não atingimos o objetivo principal. Mas, com todos os problemas, conseguimos formar um grupo, e este grupo retribuiu, trabalhou e dedicou de tal forma que o retrato deste último jogo, com a participação do torcedor, para mim é importantíssimo - falou o técnico Ricardinho em coletiva na Vila Capanema.
Ricardinho blinda o grupo
Ricardinho, aliás, teve papel decisivo para a permanência do Paraná Clube na Série B. Quando ele chegou, o time tinha acabado de perder o técnico Claudinei Oliveira e o zagueiro Gustavo - que era titular absoluto - para o rival Atlético-PR. Além disso, a crise financeira era o principal assunto na Vila Capanema. Os jogadores costumavam reclamar da situação em entrevistas antes e depois dos jogos. Chegaram a ameaçar uma greve se a diretoria não apresentasse uma solução à curto prazo.
Contratado em setembro, Ricardinho blindou o grupo. Passou a tratar de assuntos polêmicos, como o atraso de até sete meses no pagamento para jogadores e funcionários, apenas internamente. Em coletivas, por exemplo, os jogadores deixavam a crise de lado e garantiam o foco na rodada seguinte da Série B.
- Em momento algum vocês ouviram falar de greve, ainda mais depois que chegou o Ricardo. E o trabalho do Ricardo e do Marcus Vinícius, junto com o Fernando Leite, eles fizeram um belo trabalho junto com o elenco. Não se falou em greve, não se falou em salário atrasado. O grupo se fechou e trouxe o time até esta reta final sem risco de terceira divisão. Então, a gente só tem a agradecer o elenco todo, a comissão técnica e todos os funcionários do clube, que, assim como os jogadores, também foram receber ontem (sexta-feira) da mesma forma - falou o vice-presidente em entrevista à Rádio Banda B antes do jogo contra o América-RN.
Trio comanda artilharia tricolor
Enquanto o Paraná convivia com a crise nos bastidores, jogadores como Marcos, Edson Sitta e Lucio Flavio, além dos jovens Alisson e Lucas Otávio, faziam seus papéis dentro de campo. Destaque também para um trio de atacantes. Giancarlo marcou sete gols - um deles nos 4 a 1 sobre o América-RN na última rodada. Adaílton, que chegou à equipe durante o ano, também balançou as redes sete vezes. Eles, junto com o atacante Tiago Alves, autor de seis gols na Série B, foram responsáveis por 20 dos 45 gols do time.
- Vontade de chorar. Passamos tanta coisa este ano, e esse grupo está de parabéns. A comissão técnica e o Ricardinho chegaram, abraçaram nós e livramos este time do rebaixamento. Não merece essa situação pela tradição que esse clube tem - resumiu o camisa 9 Giancarlo na saída do campo após a despedida do time da Série B.
Força da Vila Capanema é decisiva
Apesar de o Paraná ter terminado apenas com a 13ª melhor média de público, com 3.233 pagantes por jogo, a Vila Capanema teve papel decisivo na Série B. Ao todo, foram nove vitórias, sete empates e três derrotas no local. Isso representa 59,6% de aproveitamento - digno de G-4. Considerando apenas os últimos 14 jogos em casa, a campanha é ainda melhor: oito vitórias e seis empates. O Tricolor não perde como mandante desde os 2 a 0 para o Luverdense, pela 10ª rodada, em junho.
O problema do Paraná foram os números como visitante. Em 19 jogos, ele ganhou quatro partidas, empatou outras cinco e perdeu 10 - um aproveitamento de só 29,8%.