Terça-feira às 26 de Novembro de 2024 às 11:31:39
Geral

Ka 1.5

17/11/2014

Primeiras Impressões: Ford Ka 1.5

Ka 1.5

17/11/2014

Fonte:G1.com/autoesporte

Foto:André Paixão/G1

 

A época em que o Ford Ka era conhecido pelo espaço acanhado e a proposta, estritamente urbana, é passado. Agora, renovado, global e equipado, o modelo quer ser referência no segmento mais disputado do mercado nacional.

Para aparecer, o compacto cresceu – e ganhou versões, lançadas aos poucos pela Ford. O hatch chegou primeiro com motor 1.0 (veja avaliação). Agora as lojas começam a receber as versões 1.5. Há três configurações. Na SE, de R$ 40.390, há, de série, ar-condicionado, direção elétrica, vidros e travas elétricos, sistema de som com entrada USB e conexão Bluetooth, e chave canivete.

A SE Plus, de R$ 42.390, troca o som convencional pelo sistema multimídia Sync, que inclui comandos no volante e de voz, tela maior, possibilidade de parear aplicativos e assistência de emergência (o carro liga para o resgate, em algumas cidades onde a Ford estabeleceu parcerias). Além disso, tem vidros elétricos traseiros.

A opção mais completa é a SEL, que sai por R$ 44.990 com os itens acima, além de controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, rodas de liga leve, faróis de neblina, computador de bordo, alarme, banco do motorista com regulagem de altura e apliques cromados na grade.

Foi nesta configuração que o G1 avaliou o novo Ka, entre as cidades de Sorocaba e Porto Feliz, no interior de SP, em um trajeto de aproximadamente 50 km urbano e rodoviário.

'Foguetinho'
A Ford escalou o já conhecido motor de Sigma, já presente no "irmão maior", New Fiesta para as opções mais potentes do Ka. Moderno, o propulsor tem bloco de alumínio e comando de válvulas variável.

No Ka, ele desenvolve 110 cavalos a 5.500 rpm, quando abastecido com etanol. O torque é de 14,9 kgfm, disponíveis a 4.250 rotações por minuto. Pesando, no máximo, 1.034 kg na versão SEL, o hatch tem boa relação de peso/potência de 9,4 kg/cv, melhor do que a maioria dos compactos disponíveis no mercado.

Combinando uma receita em que os ingredientes são baixo peso e boa potência, o resultado não é um “foguetinho”. O Ka é ágil em qualquer situação, deixando para trás até alguns modelos com motores maiores

A diversão fica ainda melhor com um câmbio manual de cinco marchas veloz, bem escalonado e preciso. É prazeroso “esticar” cada marcha a até mais de 6.000 rpm, e sentir que o carrinho acelera com desenvoltura.

E, se passar do ponto, o motorista pode ser “ajudado” pela eletrônica. Os controles de tração e estabilidade estão ali, para intervir em casos de abuso. O primeiro, aliás, pode ser desligado. Durante o teste, o controle de estabilidade entrou em funcionamento apenas uma vez, mesmo em várias situações de “forçar” o hatch em curvas.

Isso mostra que, mesmo sendo mais alto do que o New Fiesta, o Ka possui boa estabilidade, graças, em parte, ao bom acerto de suspensão, que filtra bem os obstáculos, porém não deixa a carroceria rolar em excesso. A direção elétrica também merece elogio: é extremamente leve para manobras em baixa velocidade, e precisa quando o carro está mais rápido.

Concorrência interna
A Ford admite que haverá uma pequena "canibalização" dentro das concessionárias da marca, entre o caçula Ka e o New Fiesta. Porém, os executivos afirmam que o público de cada um dos modelos está muito bem definido.

“Quem vai à concessionária procurando o New Fiesta não olha pra outro modelo, ele só quer o New Fiesta. Já o consumidor do Ka olha pra outros modelos, e, se couber no bolso, até pode mudar de ideia”, afirma Oswaldo Ramos, gerente de marketing da montadora.

Na tabela de preços, enquanto o Ka 1.5 mais caro sai por R$ 44.990, o Fiesta mais simples, com o mesmo motor 1.5, custa R$ 42.990, com alguns equipamentos de conforto extras, mas com itens de segurança e acabamento de aparência inferiores. 

Mesmo assim, a Ford acredita que o Ka é destinado ao consumidor mais racional, que precisa de espaço interno e, ao mesmo tempo, quer um carro econômico para o cotidiano. Já o New Fiesta tem como principal público pessoas mais jovens, que buscam um visual mais agressivo, com mais esportividade.

Acabamento
Em relação aos modelos vistos no evento de lançamento do Ka, em julho e agosto, que a Ford afirmou se tratavam de versões pré-série (que não chegam ao público final), o acabamento parece ter melhorado, tanto em qualidade, como em montagem.

Mesmo assim, ele ainda fica abaixo de concorrentes como Hyundai HB20 e Chevrolet Onix. Porém, ainda é melhor do que o de Volkswagen Gol e Renault Sandero, por exemplo. O visual é simples, sem ser franciscano, porém, merecia um pouco mais de inspiração, sobretudo no quadro de instrumentos.

Testes de segurança
O Ka ainda não foi avaliado pelo Latin NCAP, instituição independente que realiza testes de colisão na Europa com veículos vendidos na América Latina e analisa os resultados, classificando os modelos com estrelas, de acordo com o nível de proteção para os ocupantes.

A referência, entre os compactos, é o Volkswagen Up!, que levou 5 estrelas (número máximo) em proteção para adultos e 4 em proteção para crianças. Os testes podem ser feitos a pedido das montadoras (a Ford já fez isso com outros modelos), que cedem unidades para serem avaliadas. Quando não há o patrocínio, o próprio instituto adquire o veículo e realiza o teste, sem a montadora saber qual é a unidade e onde ela foi comprada.

“Não temos o objetivo de patrocinar o Latin NCAP, não oferecemos o Ka. Porém, sabemos que ele está na agenda de testes, previsto para março ou abril de 2015”, afirma Klaus Mello, gerente de engenharia de veículos da Ford.

Ainda de acordo com Mello, apesar de não ter o interesse em financiar a avaliação do Latin NCAP, a Ford realiza, ainda no desenvolvimento do veículo, diversos testes de simulação e colisão, e que há um requisito mínimo para qualquer projeto da marca. “Nossa premissa é que todo carro da Ford deve ter, pelo menos, 4 estrelas em segurança. Em nossos testes, alguns parâmetros são superiores aos do Latin NCAP e outros são exatamente iguais”, completa.

A lei brasileira exige testes de colisão frontal e traseira para que um carro seja homologado, isto é, vendido no país.

Conclusão
Com preço na casa dos R$ 40 mil, o Ka 1.5 é a melhor opção para quem busca ascender a um modelo com motor maior que 1 litro, preza por desempenho e nível de equipamentos, a despeito de um acabamento um pouco abaixo que o de certos concorrentes.

Nenhum rival oferece tanta coisa por tão pouco. Um concorrente com mais características semelhantes às do Ka é o HB20 1.6, que, na versão Comfort Plus começa em R$ 43.940.

O Onix, outro modelo “completo” de fábrica, ultrapassa – e muito – o preço do Ka, quando equipado com motor 1.4. Sem a central multimídia MyLink, ele parte de R$ 44.640, na versão LT, em um empate técnico com o Ka (muito) mais equipado, na versão SEL.

Até há opções com motor acima de 1 litro mais em conta, como o Fiat Palio 1.4 Attractive, de R$ 38.450. Mas este, com projeto mais antigo, fica longe em desempenho e equipamentos, já que não conta com ar-condicionado ou sistema de som. Já o líder de vendas, Gol, na versão 1.6 Trendline, se aproxima do Ka SEL em preço (R$ 44.928), sem sequer oferecer rádio.

Mesmo considerando a versão mais básica, o Ka 1.5 vem bem equipado. Ele traz os principais itens de conforto exigidos pelo público, o famoso “pacote” ar, direção, vidros e travas e som. Além disso, proporciona ao motorista, especialmente àquele que privilegia uma condução mais dinâmica, ótima dirigibilidade. O consumo também é satisfatório.

Bem acertado, o Ka tem tudo para se tornar a nova referência no segmento dos compactos, que representa mais de 40% do mercado brasileiro, de acordo com a Fenabrave, a federação dos concessionários. Ele desbanca seus rivais em pontos importantes, como preço de compra e equipamentos, e não faz feio em outros, como desempenho, consumo e espaço interno.