24/10/2014
Chuva de granizo teve impacto igual ao de um bombardeio aéreo
24/10/2014
Por: Luis Augusto Cabral e Danielli Artigas de Oliveira
Campo Largo viveu, na tarde da última sexta-feira (17), o maior e mais traumático evento climático da sua história. A tempestade de granizo que atingiu a cidade, por volta das 16h45min, causou a destruição parcial de mais de 4.600 casas, 13 escolas, dezenas de prédios públicos, entre cinco e sete mil automóveis, dezenas de indústrias, estabelecimentos comerciais e parte do Hospital do Rocio (velho). Após a tempestade a cena parecia de guerra, como se um grande bombardeio aéreo tivesse atingido a cidade.
Foram apenas 20 minutos de granizo, inicialmente leve, mas nos últimos cinco minutos as pedras chegaram a medir cinco centímetros de diâmetro, e em volume assustador. A tragédia só não foi mais devastadora porque atingiu apenas o centro da cidade e bairros próximos, considerados de classe média. Mesmo assim, 110 mil pessoas acabaram atingidas, direta ou indiretamente. Os prejuízos do Município chegam a mais de R$ 12,5 milhões.
A chuva
Por volta das 16 horas de sexta-feira (17), o céu começou a escurecer em Campo Largo, a temperatura chegava a 34 graus. Era o anúncio de uma tempestade que chegaria a qualquer momento. A chuva forte com ventos de até 60 quilômetros por hora, com rajadas mais fortes, trouxe consigo o granizo em grande quantidade e pedras com diâmetro foram do comum. Em pouco mais de 20 minutos, o caos se instalou para mais de quatro mil famílias atingidas diretamente. Os telhados, completamente danificados, já não protegiam mais as casas. Móveis, eletrodomésticos, roupas, tudo ficou encharcado, e os pedidos de socorro começaram a chegar no Corpo de Bombeiros.
No comércio, a maioria das lojas ainda estava aberta quando a água inundou tudo, destruindo as instalações, móveis e mercadorias. No Hospital do Rocio (velho), um grande susto com a destruição do telhado e a necessidade de socorrer quase 400 pacientes que estavam internados na área atingida. A solução foi transportá-los, todos, para o novo hospital, na Lagoa. A transferência emergencial foi feita inclusive com a ajuda de voluntários, uma ação que salvou vidas. Felizmente não há registro de vítimas, os danos foram apenas materiais.
Mobilização
Rápida foi a resposta da Defesa Civil do Município que, dois dias antes, na quarta-feira (22), havia assinado o Plano de Contingência de Proteção Municipal e Defesa Civil (Plancon), que trata exatamente de ações preventivas de socorro contra desastres na cidade, causados principalmente por fatores naturais. O pessoal sabia o que fazer, esse foi o primeiro grande enfrentamento, numa situação de crise.
Tão logo a tempestade deu lugar a uma breve estiagem, as equipes começaram a se organizar, para atender as vítimas. A Central de Emergência foi montada no Centro da Juventude, proximidades do quartel do Corpo de Bombeiros. O prefeito Affonso Portugal Guimarães decretou Situação de Emergência, e o Município logo começou a receber a atenção da Defesa Civil do Estado.
Os prejuízos, naquela altura dos acontecimentos, ainda eram desconhecidos. Mais tarde chegou-se à conclusão que só no setor público, os danos nos prédios, equipamentos e automóveis, chega a mais de R$ 12,5 milhões. A população diretamente atingida, perto de 20 mil pessoas, muitos ficaram desalojados e precisaram de abrigo em casas de parentes ou vizinhos. Cerca de 100 pessoas pediram abrigo diretamente na Defesa Civil. Ainda na sexta-feira a Defesa Civil começou a atender as famílias, distribuindo lonas, telhas, colchões, alimentos e água. Voluntários começaram a chegar, para ajudar os desalojados. E foi grande a mobilização de voluntários, que chegaram sem convocação, e muitos permaneceram a noite toda trabalhando.
Além das mais de quatro mil residências e edifícios completamente destelhadas, 13 escolas e sete postos de Saúde também foram atingidos, dentre os quais o Posto Central, onde mais de R$ 500 mil em medicamentos foram perdidos. Todos os postos de Saúde voltaram a funcionar normalmente, na terça-feira.
O Centro Administrativo da Prefeitura Municipal também ficou sem condições de funcionamento, com o comprometimento da estrutura de cobertura e os danos nos móveis, equipamentos e documentos.
Na manhã de sábado (18), a cidade conheceu a dimensão da tragédia. Além das mais de quatro mil residências atingidas, quase todo o comércio da área central foi danificado. Muitas lojas, bares e restaurantes, não abriram as portas para os clientes, no sábado. Outros, ainda nesta quinta-feira, permaneciam fechados, em reforma.
Os automóveis que estavam nas ruas, e até alguns em estacionamentos cobertos, também foram atingidos. Os proprietários que tinham seguro amargaram prejuízos que vão de três a 20 mil reais, segundo relato de oficinas especializadas.
Ainda na manhã de sábado, as lojas de materiais de construção ficaram lotadas. Em pouco tempo os estoques de lonas e telhas, desapareceram. Muita gente teve que ir a Curitiba, para encontrar esses produtos. Fiscais do Procon foram acionados para verificar denúncia de prática de sobre-preço, em algumas lojas.
A mobilização dos voluntários, durante todo o final de semana e nos primeiros dias desta semana, foi importante. Até estudantes de algumas das escolas atingidas foram ao Centro da Juventude para ajudar, atitude elogiada pelo prefeito Affonso Guimarães e pelo deputado estadual eleito por Campo Largo, Alexandre Guimarães. Ambos estavam na linha de frente do socorro às vítimas. Na terça-feira, o prefeito e o deputado eleito foram recebidos pelo governador Beto Richa.