24/10/2014
Por: Danielli Artigas de Oliveira
Aos 24 anos, a fisioterapeuta Debora de Lima descobriu ter câncer de mama. Ela mesma descobriu um nódulo estranho na mama direita, durante um autoexame, o qual foi motivado após ver outra mulher que estava com a doença, em um terço à Nossa Senhora da Guadalupe.
Isso aconteceu no dia 1º de julho deste ano. Logo que chegou em casa após o terço, Debora foi tomar banho e lembrou da mulher com câncer, quando resolveu fazer o autoexame e descobriu um nódulo já bem grande e ficou preocupada. Conseguiu uma consulta no dia 10 de julho com sua ginecologista. “A doutora Carolina foi muito enfática, já me mandou para fazer exame. Ela foi um divisor de águas”, diz. No dia seguinte já fez a ecografia, foi encaminhada para a mamografia e já para biópsia. No dia 24 foi consultar um mastologista oncologista e este conseguiu o resultado da biópsia, que deu carcinoma invasivo, já com tamanho médio de sete centímetros, o que relacionaram com o tamanho de um caroço de abacate. E esse nódulo cresceu dentro de três meses.
Debora disse que conseguiu ser bem objetiva com o médico, já querendo saber se tinha ou não que fazer cirurgia e como seria o tratamento. A primeira preocupação ao iniciar o tratamento de quimioterapia foi a possibilidade de ficar infértil. Chegou a cogitar possibilidade de congelamento de óvulo, mas o tratamento aumentaria o risco de tumor. Até que chegaram a um remédio que ela precisa tomar a cada 28 dias, o qual faz com que ela fique como se estivesse na menopausa e deve preservar seus óvulos. “Este foi o momento em que mais me abalei. Ao pensar na possibilidade de não ter filho”, comenta.
No dia 08 de agosto começou a primeira quimioterapia. No dia 23 seu cabelo já caiu. Ela, que sempre teve cabelo muito comprido, já tinha cortado na altura do ombro e guardou os 45 centímetros de cabelo para fazer aplique quando for casar. Debora conta que um dia a marcou muito e foi muito triste - sabia que seu cabelo estava caindo muito e estava usando direto lenço na cabeça, mas em uma noite resolveu dormir com o lenço para não ver como estava e no dia seguinte quando resolveu tirar o lenço o cabelo ficou todo no tecido.
O dia 07 de setembro também ficará marcado para ela, quando seu namorado e cinco amigos chegaram com a cabeça raspada, como forma de apoio a ela, que se emocionou muito com a atitude deles. “Foi uma das poucas vezes que chorei após descobrir o câncer”, detalha.
Ela já terminou o primeiro ciclo da quimioterapia vermelha e dia 31 de outubro inicia o segundo ciclo, da branca, com 12 sessões, que usa uma medicação mais forte. Em novembro fará um estudo sobre a probabilidade de ter outros tipos de câncer ou não, já que em sua família tem avós e tio que tiveram câncer. Ela comenta que com o médico que a atende ela é a terceira mais nova com câncer de mama – ele tem pacientes de 18 anos, de 20 anos e ela com 24.
Ela diz que provavelmente fará a cirurgia no dia 16 de fevereiro de 2015. Ainda não sabe se será retirado só o tumor ou toda a mama. Caso seja retirada toda a mama já é feito o implante de silicone. “Encaro numa boa se tiver que tirar a mama porque assim é menor o risco de voltar o câncer”, afirma.
Aprendizados
A doença a fez mudar. Conta que antes só pensava em economizar e deixava de aproveitar algumas coisas e hoje em dia aproveita muito mais. Ela diz que não quer parar de trabalhar, porque assim ocupa a cabeça e continua uma vida normal. Mas fez algumas mudanças, como no horário de almoço, em que hoje dedica um tempo certo para isso e antigamente almoçava em dez minutos no trabalho, sempre na correria. Na sexta-feira trabalha apenas até o meio-dia e assim tem tempo mais livre para ela.
Hoje ela evita preocupações, não se estressa tanto e passou a se cuidar mais, usar mais maquiagem e a se arrumar melhor. Além disso, ela aprendeu a ser mais tolerante e diz que a doença aproximou mais as pessoas dela.
Ela orienta para que as pessoas sempre façam o autoexame, tanto mulheres quanto homens. Ainda diz que sempre que sentir algo de diferente no corpo procurar um médico, nunca deixar para depois ou pensar que não é nada, pois é melhor ter a garantia de um médico de que está tudo bem, para que a doença seja descoberta no início.
“Ter família unida e amigos próximo é muito importante. E nesse momento é preciso ter fé, orar e acreditar que vai ficar tudo bem”, declara ela, que recebeu apoio até mesmo de pessoas que antes não tinha muita convivência.
Câncer
Segundo o Ministério da Saúde, a Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil, para o ano de 2014, aponta 57.120 casos novos de câncer da mama, com risco estimado de 52 casos a cada grupo de 100 mil mulheres.
De acordo com o Instituto do Câncer, ainda há grande dificuldade do diagnóstico e os sintomas podem ser os mais variados possíveis. O câncer de mama, possivelmente, é a neoplasia mais temida pelas mulheres, uma vez que a sua ocorrência causa grande impacto psicológico, funcional e social.