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Engordar

19/09/2014

Engordar pode ser mais difícil do que emagrecer

Engordar

19/09/2014

Por: Danielli Artigas de Oliveira


Diferente da maioria das pessoas que procuram fórmulas milagrosas para emagrecer e vão sempre atrás de novidades em chás, alimentos e remédios para perder os quilos extras, há pessoas que se preocupam por não conseguirem engordar. O assunto poucas vezes é abordado e uma leitora da Folha enviou uma sugestão para falar sobre alimentos que possam ajudar a engordar, sem que precise tomar remédio. Segundo ela, “ninguém da importância” para esse assunto.

Segundo Sinara Marqueze Ribas, nutricionista especialista em nutrição Clínica e Funcional, pós-graduanda em Nutrição Esportiva Funcional, engordar é muito mais difícil do que emagrecer, pois “é muito difícil conseguir aumentar o peso de uma maneira que não aumente o colesterol e outras doenças. Para que esse peso seja aumentado, deve-se ter muito cuidado e cautela com tudo que a pessoa irá comer”, explica ela, comentando que o número de pessoas que procuram um profissional nutricionista para aumentar o peso ainda é reduzido, mas é significativo.

A nutricionista detalha que para que ocorra o aumento de peso de maneira saudável é importante associar a alimentação com a atividade física. “O correto aumento de peso deve vir de ganho de massa muscular e não do aumento de gordura. É importante ressaltar que o aumento de gordura corporal pode acarretar no aumento de colesterol total, LDL, glicemia sanguínea, e gerar várias alterações no organismo que não serão benéficas no aumento de peso corporal”, explica.

Por isso, é necessário o correto consumo de macronutrientes e micronutrientes. “A proteína é um dos macronutrientes indispensáveis e deve ser obtida através de alimentos, a fim de evitar um balanço nitrogenado negativo. Existem tipos de proteínas melhores a serem escolhidas para o aumento de peso e deve-se observar a biodisponibilidade dos aminoácidos e, portanto, é importante procurar consumir proteínas de alto valor biológico”, completa.

Alimentos
Para que o objetivo do paciente seja alcançado de maneira correta é necessário respeitar a individualidade bioquímica de cada pessoa. “Após uma avaliação minuciosa do paciente identificam-se quais nutrientes estão em excesso ou quais estão reduzidos para se fazer o equilíbrio do organismo. É essencial um plano alimentar que concilie a necessidade energética e de nutrientes para cada indivíduo”, argumenta.

A ingestão de carboidratos, proteínas, lipídios e vitaminas e minerais é fundamental para que aconteça a reposição de todos os nutrientes importantes para cada indivíduo.  “A combinação do arroz com feijão apresenta aporte protéico importante. Nosso corpo não é capaz de digerir completamente todas as proteínas fornecidas pelo feijão quando este é consumido isoladamente, mas o mesmo não acontece quando ele passa a ser ingerido com um cereal, como o arroz. Este, por sua vez, apresenta um melhor perfil de aminoácidos quando comparado a outros cereais, como o milho e o trigo”, explica ela sobre o tradicional arroz com feijão.

Ela ainda destaca um alimento fonte da soja (o tofu) como rico em proteínas, assim como de minerais e vitaminas, e com baixo conteúdo de gorduras saturadas (ruins). “Os produtos à base de soja, submetidos a processamentos térmicos, como é o caso deste alimento, apresentam maior digestibilidade do que os grãos de soja”, esclarece a nutricionista.

A quinoa é outro alimento que deve ser levado em consideração ao se tratar de fontes protéicas. Sua importância é baseada na qualidade destas proteínas, principalmente albumina e globulina. “Já estas apresentam uma composição balanceada de aminoácidos essenciais semelhantes à composição da caseína, proteína do leite. A quinoa possui ainda um conteúdo importante de vitamina E, além de minerais, como cálcio, magnésio, ferro, cobre e zinco. Sua composição apresenta uma quantidade de 60% de carboidrato”.

O nutriente carboidrato é fundamental na manutenção das reservas de glicogênio no fígado e no músculo, preservando a massa muscular e garantindo o bom funcionamento do sistema nervoso central. “Vale ressaltar que se deve optar por carboidratos complexos e com médio a baixo índice glicêmico para que não aumente a quantidade de açúcar no sangue. Deve-se ter o consumo de pães integrais, grãos, massas integrais, frutas”, detalha. Sinara ainda comenta que a correta ingestão de gordura também é importante, pois é responsável pela manutenção do balanço energético, reposição das reservas de triacilglicerol intramuscular e garante o consumo adequado de ácidos graxos essenciais. “O que deverá ser considerado é a escolha do lipídio, sendo preferível o consumo daqueles poli-insaturados aos saturados. Os ácidos graxos poli-insaturados podem ser encontrados em alimentos, como peixes, linhaça, castanhas, azeite, entre outros”, orienta.

Segundo a nutricionista, para que se obtenha um aumento de peso de maneira saudável não se pode esquecer dos micronutrientes (vitaminas e minerais) que, ingerindo corretamente, também exerce papel fundamental para o sucesso do tratamento.  Algumas vitaminas reduzem o dano oxidativo e alguns minerais são elementos inorgânicos essenciais para diversos processos metabólicos, como composição de tecidos, enzimas e hormônios, alem de serem reguladores do controle metabólico e neural.

Um alimento que possui uma densidade energética considerável é o açaí. “Essa fruta é rica em lipídios de boa qualidade e prevalece o ácido graxo monoinsaturado oléico, o mesmo encontrado no azeite de oliva e associado à cardioproteção. Além disso, possui compostos fenólicos que tem atividade antioxidante e anti-inflamatória. É uma ótima opção para pessoas que procuram ter um aumento de peso de maneira saudável”, explica.

O correto ganho de peso não é tão simples assim e não pode ser realizado de qualquer maneira. Para que aconteça de maneira correta deve-se procurar um profissional nutricionista funcional para que o mesmo avalie exames laboratoriais, sinas e sintomas, medidas antropométricas e consiga elaborar um plano adequado para chegar ao objetivo principal do paciente. Mais informações pelo telefone (41) 9905-7099.