06-11-2009
Os proprietários tentam conservar como podem, apesar de o mercado imobiliário ditar as regras.
06-11-2009
Ao conhecer uma cidade, o turista sempre faz questão de visitar as construções antigas e entender um pouco mais sobre a história do lugar. Em Campo Largo algumas construções são a história viva do município e agregam conhecimento cultural para quem conhece. Apesar de resistirem ao tempo, o mercado de imóveis não valoriza tanto esses patrimônios, pois na maioria das vezes ao serem vendidas, o novo dono tem como objetivo derrubar para erguer uma nova construção.
Construídas há mais de 50 anos, algumas há mais de 100 anos, elas estão principalmente no centro da cidade e dividem o concorrido espaço do comércio central com as construções novas.
O corretor de imóveis, João Antônio Basso, da Imobiliária Basso, comenta que os imóveis com mais de 30 anos de construção começam a sofrer depreciação e, por isso, geralmente são mais baratos (depende da localização), mas tem a vantagem de serem mais amplos. De acordo com João, a compra desses imóveis exige do comprador bastante pesquisa e boa vontade para enfrentar longas reformas, como a parte hidráulica, esgoto, pintura e reboco. “Isso gera um custo adicional para quem compra, mas para quem vende, se agregar estes custos, pouco vai melhorar o seu preço de oferta”, explica João.
O imóvel a partir de seu uso tem o seu preço depreciado, por exemplo, o estilo arquitetônico, que com o tempo vai sendo superado dando espaço para criação de novas formas. A avaliação dos imóveis tem seus parâmetros voltados para a localização, estilo arquitetônico, materiais utilizado e vizinhança. “E ao avaliar um imóvel o corretor deve levar em consideração a ética”, declara.
São raras as pessoas que procuram imóveis com características coloniais. Em 12 anos de atuação como corretor de imóveis, João conta que apenas uma vez um cliente comprou uma construção antiga, “era uma casa de madeira, que ele comprou para colocar em outro terreno, pois gostava do estilo”, lembra. Dificilmente acontecem casos em que uma pessoa adquire esses prédios por admiração, sem o intuito de alugar ou utilizá-lo, simplesmente porque a situação econômica não permite.
Para os corretores de imóveis, as casas de madeira têm o seu valor histórico, mas são um atraso para a cidade e impedem o seu crescimento. Quando a casa é de tábuas o comprador só aceita pagar pelo terreno, o que muda a situação quando é de alvenaria. Mesmo quando é de tijolos a negociação às vezes é barrada por falta de acordo do proprietário ou do valor desejado, muitas vezes são adquiridas de herança, e os herdeiros ditam o valor do mercado.
Em Campo Largo nenhuma construção particular foi intitulada como patrimônio cultural. Apesar de algumas terem condições de serem consideradas patrimônios históricos e artísticos nacional, por possuírem vinculação com fatos da história. O tombamento tem a finalidade de proteger a identidade nacional, o Estado intervém na propriedade privada em prol da coletividade.