Um assunto que deve ser trazido cada dia mais para a mídia e ser trabalhado desde a infância até a fase adulta. Nunca é demais falar sobre reciclagem, especialmente quando vivemos em uma sociedade onde só se reutiliza 3% de todo o lixo que produz. Nosso potencial haveria de ser muito maior, se o hábito da reciclagem e da separação e destinação correta dos resíduos estivesse instalada, até de modo automático, ao longo do nosso dia-a-dia.

Nesta semana, a inauguração oficial da cooperativa de catadores Recicla Campo Largo, no bairro Águas Claras, talvez seja o pontapé inicial para trabalharmos mais esse assunto tão necessário.  O programa, que chega à cidade com a intenção de fomentar e otimizar os processos da coleta seletiva, reciclagem e logística reversa, terá o trabalho de 30 cooperados por turno, podendo chegar a 54 quando estiver trabalhando com plena capacidade. A cooperativa tem a meta de produzir 277 toneladas até 2030, com uma média atual de 7,5 toneladas processadas por mês.

Além de garantir um meio ambiente mais equilibrado, diante de tanto lixo que a sociedade atual produz, este projeto recebido em Campo Largo faz parte de algo maior. Até 2023 a intenção é marcar presença em pelo menos 60 cidades, de 26 estados brasileiros, levando inovação, tecnologia e transformando vidas.

Este trabalho também fortalece estruturas sociais e econômicas, permitindo que, por meio do processo de reciclagem, sejam geradas mais oportunidades às famílias,por meio da geração de renda e empregos. Na atuação nacional, o programa Recicleiros pretende até 2023 gerar mais de três mil postos de trabalho.

Mas não é somente no aspecto social e econômico que iniciativas como essas repercutem. O ecossistema agradece e nós podemos aproveitar um ambiente muito melhor, com menos lixo para viver. Em 1980 a produção de embalagens e resíduos recicláveis aumentou consideravelmente, porém isso não foi acompanhado de processos de logística reversa eficazes. O trabalho de consciência já deve vir desde o momento da compra.

Segundo a Abrelpe, que é a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, hoje, em todo o país, apenas 4% dos resíduos sólidos que têm potencial para ser reciclado realmente são enviados aos locais onde este processamento acontece. Estamos abaixo de países com faixa de renda ou grau de desenvolvimento parecidos, como os vizinhos Chile, Argentina, que apresentam média de 16% reciclagem, conforme dados da ISWA, (International Solid Waste Association) e divulgados pelo Grupo ND, de Santa Catarina.

Há uma frase que diz que é possível saber o quão avançada é uma sociedade pela quantidade de lixo que ela recicla. Sinal que, ainda que tardiamente, caminhamos para um futuro melhor.