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Cirurgião-dentista desenvolve nova técnica para reconstrução da face no Hospital Erasto Gaertner

Dr. Laurindo Sassi também trabalha no Centro Odontológico Munaretto há 20 anos

Cirurgião-dentista desenvolve nova técnica para reconstrução da face no Hospital Erasto Gaertner

O experiente cirurgião bucomaxilo Dr. Laurindo Sassi, chefe do Serviço de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Erasto Gaertner em Curitiba, trabalhou na implementação de técnica de reconstrução dos ossos da face, no desenvolvimento da equipe e participou de uma grande cirurgia realizada no Hospital em 2018, com artigo publicado em 2022. A cirurgia foi muito bem sucedida, com recuperação rápida da paciente e gerou repercussão internacional.

Dr. Laurindo Sassi explica que cabe o trabalho de remoção de tumores e reconstrução facial com a equipe de cirurgia de Cabeça e Pescoço do hospital, bem como áreas adjuntas. “Os cânceres bucais, quando diagnosticados tardiamente ou quando são muito agressivos, acabam necessitando de grandes intervenções cirúrgicas, que deixam o paciente praticamente mutilado. É um procedimento necessário para salvar a vida do paciente, mas a retirada de ossos faciais faz com que ele fique sem metade da arcada dentária, sem céu da boca, prejudicando a comunicação (fala), mastigação e impactando seriamente no rosto da pessoa, culminando na baixa autoestima.”

Embora existam próteses, com modelagem feita em cera, para deixar a face do paciente um pouco mais harmônica, elas são externas e geram incomodo. Elas são presas com esparadrapos ou mesmo com os óculos, mas acabam caindo e causando suor na região. “Essas pessoas tinham grandes problemas para conseguir emprego, afeta o relacionamento social e até mesmo pessoal, deixando à margem da sociedade. Hoje com essas reconstruções que nós realizamos, verificamos que há uma grande melhora de qualidade de vida de maneira geral”, diz.

Segundo Dr. Sassi, conforme literatura, grande parte dos pacientes estão em idade ativa, na casa dos 40 anos ou mais, atingidos por estes tipos de cânceres bucais. Mas, há algumas mudanças acontecendo nos últimos anos, quando pacientes mais jovens também estão sendo diagnosticados como essas e outras patologias benignas, que necessitam da intervenção.

A técnica
O paciente faz todos os exames – sangue, biópsia, tomografias – para que seja elaborada a conduta médica a ser adotada – retirada de meia face, por exemplo, mas durante a cirurgia pode ser constatada a necessidade de ampliar ainda mais esta área. Em uma cirurgia deste porte são envolvidas cerca de quatro equipes, com três profissionais cada, além da Enfermagem e Anestesia.

“Essas reconstruções acontecem desde 1995, quando eu fui até Milão, na Itália, para estudar a técnica, trouxe ao Brasil e implantamos no Hospital Erasto Gaertner. Em 1997 tinha uma equipe bem formada e habilitada para esta cirurgia, com a parceria das equipes de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e da Plástica”, relembra.

A cirurgia acontece simultaneamente, ou seja, enquanto uma equipe realiza a retirada do tumor facial, outra trabalha na retirada da fíbula – osso da perna - com os músculos e vasos sanguíneos. “Cabia a mim pegar essa peça, cortar a fíbula no formato, em segmentos e colocar conforme ia precisando para preencher este espaço, sempre moldando e fixando com placas”, relembra.

Hoje, com a evolução, Dr. Sassi consegue fazer um planejamento virtual da cirurgia, com impressões de peças em 3D, e estar preparado para complicações. A impressão é feita sempre próximo da data da cirurgia, para que as peças em 3D fiquem o mais fiel possível do que será encontrado na cirurgia. “Desde 2016 nós temos esse planejamento. Ele é necessário para ganharmos tempo dentro do centro cirúrgico, pois são cirurgias de 12 a 15 horas. Nós discutimos em reuniões sobre os casos. É bastante complexo, sério e muito bem planejado”, ressalta.

A cirurgia de reconstrução facial é feita pelo SUS. A paciente do estudo teve recuperação em três meses e já pode colocar o implante dentário, fixado por parafusos – feito por dentista à escolha da paciente, no particular - e hoje leva uma vida normal.

Incidência de câncer bucal
No Paraná são esperados 680 novos casos de câncer bucal para homens e 230 para mulheres – de 2020 a 2022. “Nos anos 2018/2019 a estimativa foi de 910 novos casos de câncer de boca no Paraná. Há um trabalho que se faz no Paraná, com a equipe do Hospital Erasto Gaertner, no qual há 33 anos trabalhamos com a prevenção do câncer bucal. Foi como uma semente lançada e hoje todo o estado trabalha em cima da prevenção”, explica.

“Nós criamos uma ficha de prevenção, que está disponível no livro ‘25 anos de prevenção de câncer bucal no Paraná: Hospital Erasto Gaertner (1989 a 2013)’, que é amplamente utilizada para novos casos. Temos todos os anos, no mês de novembro, campanhas de prevenção no centro de Curitiba, onde avaliamos diariamente de 300 a 500 pacientes”, relata.

Dr. Laurindo comenta ainda que o trabalho de combate ao fumo e ao alcoolismo são essenciais para a prevenção dos cânceres bucais, pois são grandes desencadeadores da doença. O cirurgião comenta que na década de 1980, com o número alto de fumantes e etilistas, haviam mais diagnósticos. “Com o passar dos anos, foi diminuindo o uso e os diagnósticos caíram. De 2004 a 2008 foi estabilizado esse número e deu de encontro com a proibição das propagandas de cigarros na mídia. Porém, em 2008 o alcoolismo começou a subir junto do hábito de fumar e a incidência deste câncer. Precisamos ter em mente que esses hábitos de ingestão de bebidas alcoólicas em demasia, como vício, e fumar em qualquer quantidade estão ligadas ao câncer bucal”, alerta.

Reconhecimento internacional
Dr. Laurindo Sassi e sua equipe foram reconhecidos internacionalmente pela técnica. “Recebi um convite para registrar a patente na Alemanha. Fui também convidado para dar uma aula no próximo mês de agosto em Londres, na Inglaterra, sobre reconstrução de face usando a fíbula. Começam a aparecer esses reconhecimentos. Eu tomei um susto, porque não esperava tamanha repercussão”, diz.

Conheça mais sobre o Dr. Laurindo Sassi
Dr. Laurindo Sassi é cirurgião-dentista pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (1984-1988), especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial pela UFPR (1990-91), Mestre – Área de concentração: Cirurgia Buco-Maxilo-Facial- Departamento de Cirurgia Cabeça e Pescoço do Complexo Hospitalar Heliópolis do Estado de São Paulo (1994-1995). Ele também é doutor – Programa de Pós-graduação em Cirurgia de Cabeça e Pesçoço do Depto de Otorrinolaringoloiga da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina – UNIFESP/EPM. (2005–2009).

Atualmente é o chefe do Serviço de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Erasto Gaertner em Curitiba, coordenador da Residência de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Erasto Gaertner e membro do serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, Curitiba.

É titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, membro da Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral (SOBEP) e membro da International Journal of Oral; Maxillofacial Surgery.

Dr. Laurindo escreveu ainda dois livros, o “Manual Prático para Desenvolvimento de Projetos de Pesquisa e Teses”, Editora: Santos. 2011; “25 anos de prevenção de câncer bucal no Paraná: Hospital Erasto Gaertner (1989 a 2013)”, Editora: Appris. 2013. Possui mais de 120 artigos publicados completos e mais de 300 anais publicados.

Centro Odontológico Munaretto
Dr. Laurindo Sassi atende há 20 anos no Centro Odontológico Munaretto, localizado na Rua Generoso Marques, 2013 – Centro.  
Agendamentos no (41) 3292-1923. Atendimento de segunda a sexta-feira, das 08h às 12h e das 13h às 19h.