Extinto desde 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro, por apresentar pouca efetividade na economia energética e por afetar o relógio biológico das pessoas, ainda continua um assunto polêmico.
O Horário de Verão sempre dividiu opiniões, com pessoas que adoram ter a sensação de dia mais longo e poder aproveitar melhor o início da noite, mas também de pessoas que sentem o impacto da mudança na hora de acordar e o dia parece menos produtivo. Extinto desde 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro, por apresentar pouca efetividade na economia energética e por afetar o relógio biológico das pessoas, ainda continua um assunto polêmico.
Profissionais envolvidos no setor gastronômico acreditam e sentem diretamente o reflexo da mudança, argumentando que o Horário de Verão estimula as pessoas a saírem depois do trabalho e também sentem o impacto na conta de luz. A Folha conversou com Carlos Alberto Berton Ribeiro, empresário, proprietário de restaurante e também integrante do Núcleo de Gastronomia da Acicla, bem atuante no setor. Segundo ele, existe um senso comum do impacto que o Horário de Verão tem no comércio de maneira geral, especialmente na área de alimentação, pois as pessoas têm mais disposição de sair de casa durante o dia. É um estímulo para que as pessoas frequentem os estabelecimentos, saiam de casa e tenham esse comportamento de consumo de maneira mais ativa. Existe uma sensação de que o tempo e o dia rendem mais, um ânimo maior para que as pessoas fiquem fora de casa e com isso movimentam a Economia.
O setor de bares e restaurantes tem se mobilizado a nível nacional para que implantem novamente a mudança de horário, visando impulsionar setores que envolvem o turismo e alimentação fora do lar. De acordo com nota divulgada pela Associação Nacional de Restaurantes - ANR, Fábio Aguayo, vice-presidente da Federação das Empresas de Hospedagem, Gastronomia, Entretenimento, Lazer e Similares do Paraná (Feturismo), divulgou que os fins de tarde com horário de verão representavam um aumento de 30% no consumo dos bares e restaurantes, que se refletiam na arrecadação de tributos como IPI e ICMS e na geração de empregos.
Pesquisa ANR
De acordo com a Associação, a alimentação fora do lar ainda está longe de alcançar os níveis pré-pandêmicos, mesmo com a retomada em todo o país. É o que mostra a nova pesquisa da série Covid-19, realizada pela ANR em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado food service, e com o Instituto Foodservice Brasil (IFB). De acordo com o levantamento, 62% das empresas ainda não recuperaram as vendas, na comparação de julho de 2021 com julho de 2019. Outros 13% já conseguem faturar nos mesmos níveis, enquanto 25% afirmaram que superaram a receita no mesmo período.
A pesquisa, feita entre 12 de agosto e 8 de setembro, contou com 800 respondentes de diversos perfis – de redes a independentes – de todos os estados brasileiros, que representam 22.907 lojas, das quais 67% estão localizadas nas ruas e outras 22% em shoppings e centros comerciais. É o maior estudo já feito até hoje no Brasil durante a pandemia envolvendo o setor.
O nível de endividamento do food service segue alto no país: 55% dos bares, restaurantes, cafés e lanchonetes se declaram endividados. Desse total, 78% devem para bancos, 57% estão com impostos em atraso, 24% têm dívidas com fornecedores e 14% afirmam ter pendências trabalhistas. Do total de endividados, 48% afirmaram que devem levar mais de dois anos para pagar seus débitos e 63% disseram que vão aderir a planos de parcelamento como o Refis e outros anunciados pelos governos (federal, estadual ou municipal).
Quanto à modalidade delivery, em média, a receita hoje já representa 39% do total do faturamento das empresas, sendo 24% antes da pandemia.
Energia em Campo Largo
A Folha questionou a Companhia Campolarguense de Energia se aqui na cidade tem um impacto no consumo de energia. Segundo informado, “no horário de verão a demanda é distribuída num período maior, refletindo em todo o sistema elétrico nacional. Não há um impacto imediato para o consumidor, pois o consumo final dificilmente reduz, mas faz diferença na necessidade de investimento de todo o sistema nacional (que precisa estar preparado para atender o horário de maior consumo).
É importante destacar que as indústrias são as responsáveis pela maior parte do consumo de energia, por isso qualquer alteração no horário de utilização faz diferença. Em 2020, mesmo com um maior número de pessoas passando mais tempo em casa, os consumidores residenciais foram responsáveis por apenas 27,6% da energia vendida em Campo Largo, enquanto os consumidores industriais consumiram 40,5% e os comerciais 23,1% do total da energia vendida (estes dados constam no balanço anual da Cocel).”