Pai e filho estão vivenciando um sonho de infância de ambos e que hoje está se tornando realidade na vida dos campo-larguenses Vilmar Eduardo Felix (42) e Messias Eduardo Teixeira Felix (19). O jovem atacante foi anunciado pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense no último dia 20 de julho como novo reforço para o elenco sub-20 do clube gaúcho. No entanto, a trajetória para chegar até esse momento foi longa e contou muito com o olhar e a influência do pai.

 

Vilmar conta que tudo começou quando Messias tinha aproximadamente 01 ano e meio. Ele e a esposa Cleusa notaram que o filho tinha dificuldades para se adaptar com brinquedos. “Nós comprávamos vários tipos de brinquedos para a idade dele, mas ele não se apegava a nenhum e geralmente quebrava”, conta. 

 

No entanto, uma atitude do pequeno Messias chamou a atenção do pai e com isso a jornada começou. “Um dia estávamos na casa da minha sogra e ele estava muito quietinho na sala, então fui dar uma sondada para ver o que ele estava fazendo. Quando cheguei, vi o Messias brincando com um novelo de lã, conduzindo com os pés de um lado para o outro. Foi nesse momento que pensei que ele iria gostar de bola. Então fui ao mercado e comprei uma do modelo dente de leite. Enchi a bola e soltei para ele. Naquela ocasião o Messias foi dormir duas horas da manhã de tanto que brincou com a bola”, conta. 

 

 

 

Vilmar, que trabalha com terraplanagem, ficou tão animado com a situação que no dia seguinte fez questão de providenciar um espaço para o filho jogar. “Eu peguei o trator logo cedo, rocei a grama e o pasto que tinha em frente de casa e deixei tudo limpo para ele brincar. Quando terminei, minha esposa o soltou com a bola e a partir disso o menino passava o dia jogando. Só voltava para perto da mãe quando tinha vontade de mamar (risos)”, relata. 

 

Apesar dos esforços da família, com 04 anos o espaço para o Messias brincar ficou pequeno, então o pai decidiu matriculá-lo em uma escolinha de futebol em Campo Largo. Mais tarde, com 06 anos, ele foi transferido para uma pré-base do Athlético Paranaense em Curitiba e a partir dos 10 anos iniciou a trajetória nas categorias de base do Coritiba, participando de todas as categorias até chegar ao sub-20 do Grêmio.

 

O treinador que acompanhou o pai e o menino no início desta trajetória, Rudy Novak Marsiglio (37), conta que percebeu rapidamente que o garoto tinha potencial. “Na época, nós não tínhamos turma da idade dele no período que ele treinava. Então tivemos que colocá-lo com os meninos de 10 e 11 anos. Mesmo assim, ele já se destacava. Começamos a chamá-lo de Messi por ser canhoto, baixinho e por fazer muitos gols”, relata.

 

Além de Messi, o treinador também percebeu algumas características entre pai e filho em virtude de uma situação vivenciada em um festival de Dia dos Pais que teve na época. “O pai do Messias foi jogar e ele fez uns 14 gols. Então cheguei no Vilmar e falei: ‘Como você joga bem, né?’ e ele me respondeu brincando: ‘Por isso que eu cobro o Messias, porque eu sei como é que tem que jogar’”, comenta.

 

Apesar do apelido carinhoso, Messias destaca em tom de brincadeira a semelhança que percebe entre ele e o craque argentino. “De semelhança só o chute com a esquerda mesmo (risos). Para mim, o Messi é um gênio, não tem como comparar”, conta. Já em relação ao seu pai, o jogador - que foi artilheiro em todas as etapas das categorias de base - não mede palavras e se emociona ao falar de Vilmar. “Ele foi fundamental para eu estar aqui hoje. Muitas vezes ele perdia serviço para me levar e ir me ver jogar em qualquer lugar em Curitiba. Agradeço tudo que ele fez por mim. Fez toda a diferença nos momentos de dificuldade”, relata. 

 

Apesar da distância neste Dia dos Pais, o filho completa os elogios e deixa um recado: “Meu pai tem um coração enorme, para o homem que ele é, o coração não cabe nele. Em breve estaremos juntos seguindo esse sonho que não é só meu, mas também é dele”, finaliza.