Sabado às 23 de Novembro de 2024 às 11:44:10
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Pais e filhos contam sobre a arte de pilotar sobre duas rodas

Em Campo Largo, segundo dados do IBGE de 2020, existem mais de 14 mil veículos deste tipo, o que representa pouco mais de 17% da quantidade total de veículos na cidade. Para o lazer ou para o trabalho, a paixão por motos entre p

Pais e filhos contam sobre a arte de pilotar sobre duas rodas
As motocicletas têm sido muito importantes na vida de milhões de brasileiros, seja para garantir rendimentos para a família ou para aliviar o stress nos passeios de final de semana. Em Campo Largo, segundo dados do IBGE de 2020, existem mais de 14 mil veículos deste tipo, o que representa pouco mais de 17% da quantidade total de veículos na cidade.
 
Osmar Heinz Loffler (57) e Danilo Roberto Loffler (30) estão diretamente ligados a esses índices. Pai e filho possuem cada um a sua motocicleta de passeio por gostarem das emoções que a paixão de pilotar uma moto proporciona. Tanto Osmar quanto Danilo tiveram seu primeiro contato com este tipo de veículo com aproximadamente 12 anos. Nesta idade Osmar teve uma Lambretta e Danilo andou em uma Garelli que estava na oficina mecânica do seu pai.
 
Apesar deste contato cedo, Danilo teve sua primeira moto oficialmente a partir dos 17 anos, quando contou com a ajuda do seu pai para comprar uma motocicleta que estava à venda em Campo Largo. “Eu estava em viagem no Rio Grande do Sul a trabalho e um amigo da empresa me ligou falando que um conhecido dele estava vendendo uma CG 2008 preta zero km com um valor abaixo da loja, pois havia ganhado a moto em um sorteio, mas não tinha interesse em ficar com ela. Na mesma hora eu liguei para o meu pai, fiz a transferência do dinheiro para ele e pedi para ele comprar a moto para mim. O detalhe é que, mesmo depois dele comprar a moto e pegar ela, eu ainda fiquei vários dias na viagem, sonhando com ela. No dia que voltei pra casa, ela estava na sala. Eu tinha chego em casa quase meia noite, mesmo assim  tive que sair andar com ela. Não resisti aguardar o dia seguinte”, relembra Danilo.
 
Segundo ele, foi a partir desse momento que despertou em seu pai o desejo por comprar uma moto nova para andarem juntos e colecionarem momentos de pai e filho. “Fizemos diversas viagens curtas para o litoral e passeios até a serra de São Luiz do Purunã. Mas uma das mais longas foi para a Serra do Rio do Rastro (SC), uma viagem de 1.500 km que levou quatro dias para ser feita”, conta Danilo.
 
 
Além das viagens, Danilo diz que estar com o pai, que é mecânico, em casa fazendo manutenção das motocicletas também gera momentos importantes. “O dia em que montamos a minha moto, recém-comprada, foi um trabalho bem demorado e pesado, mas com momentos que jamais vou esquecer”, descreve ele.
 
Para Osmar, esses momentos são marcantes. “Andar de moto com meu filho é indescritível, pois vejo que ele tem a mesma paixão por moto. Além disso, ele me respeita e me acompanha no meu tempo”, relata Osmar.
 
Situação semelhante envolve Miguel Ianovzki (56) e o filho André Luiz Ianovzki (31). Ambos possuem cada um a sua moto e também dividem as estradas em passeios. “André e eu já saímos viajar juntos várias vezes. Fomos para Lapa, Irati, Guarapuava, Serra da Graciosa, Balsa Nova, entre outros”, conta o pai.
 
Miguel é motociclista há mais de 20 anos e descobriu a paixão por motos na adolescência. Ao longo desse período ele já teve oito motocicletas diferentes e colecionou momentos marcantes com o filho. “Uma vez fomos a um passeio de Campo Largo até a Lapa. Eram mais de 30 motos e a Guarda Municipal de Campo Largo nos escoltou até o trevo da Itambé. Nisso, fechamos uma cancela do pedágio para nós todos e os que passavam de carro ficavam admirados tirando fotos”, relata Miguel.
 
Mas nem tudo são flores, também existiram situações de preocupação com o filho André, que é motociclista há 14 anos. “Uma vez, voltando de Guarapuava, pegamos a rodovia, mas logo parou todo o trânsito por causa de obras. Então o André entrou na frente no corredor e eu fui atrás morrendo de medo de alguém abrir uma porta. Andamos uns 5 km nessa situação. Depois liberaram o trânsito e todas as motos da frente foram acompanhadas por um carro sinalizador”, conta ele.
 
Muitas são as histórias já vividas entre pai e filho nas estradas. No entanto, André destaca o que é mais gratificante para ele nisso tudo:  “É o prazer de possuir aqueles momentos com alguém que te deu a vida, ensinou as coisas do mundo, deu amor e até hoje se preocupa com seu filho”, diz o motociclista.
 
Diversão para uns,
trabalho para outros
Se uns utilizam as motocicletas para passeio, outros usam para o trabalho diário, principalmente no período de pandemia em que as entregas por delivery aumentaram. Esse é o caso do motoboy campo-larguense Vilmar do Nascimento Damas (38). Ele realiza entregas de peças e de comidas por aplicativos em Curitiba e Região.
 
Essa história começou em Curitiba há 14 anos, quando Vilmar trabalhou em uma distribuidora de botijão de gás, água e bebidas. Em um primeiro momento ele fazia entregas com carrinho, mas em determinado dia seu chefe estava precisando que algumas entregas fossem realizadas de forma mais rápida e autorizou Vilmar a usar a motocicleta da empresa. Depois de algum tempo, o estabelecimento trocou de dono e então o novo patrão decidiu pagar o processo para emissão da CNH.
 
 
Vilmar conta que depois de mais um tempo nesta empresa ele decidiu buscar os próprios clientes para atender e mudar o tipo de entrega. Além disso, ele relata as dificuldades ao longo desse tempo de profissão. “Já quebrei braço, enfrentei vendaval, tempestades, pedras e até neve em 2013. Tinha vezes que nem almoçava, pois esse é um grande problema para os motoboys”, comenta.
 
Ao longo desse tempo, Vilmar teve seu filho David, que atualmente tem 06 anos e, assim como o pai, tem no sangue o gosto por motos. “Ele está me seguindo e é apaixonado por moto igual a mim”, diz.
 
Para evitar qualquer tipo de acidente no trânsito, Vilmar relata que toma todas as medidas de prevenção. “Normalmente sou tranquilo no trânsito, ando com segurança. Além disso, meu melhor dispositivo é Deus, Ele me livra daquilo que não posso me livrar”, finaliza.