Coordenação da UTI do Hospital São Lucas confirma queda no número de atendimentos a pacientes com Covid-19 pela primeira vez desde o início da pandemia. Médico se emociona ao relembrar histórias da UT
Um fato a ser comemorado, ainda que com cautela: o número de pacientes vindos da Central Reguladora de Leitos do Paraná, por Covid-19, vem sendo reduzido desde a metade da semana passada no Hospital São Lucas, em Campo Largo. Embora a novidade gere bastante expectativa sobre o início de um momento que toda a sociedade espera, a equipe ainda age com prudência.
“Nós não fechamos a UTI Covid-19 no Hospital São Lucas, mas estamos nos organizando e nos precavendo para situações em que uma próxima onda possa vir a atingir nossa região. Não é nem de longe o quadro que queremos vivenciar, mas como médicos e equipe de Enfermagem, precisamos estar preparados. Estamos vendo isso acontecer nos Estados Unidos, por exemplo, principalmente com pessoas que se negaram a tomar a vacina”, explica Dr. Paulo Rogério da Costa, coordenador da UTI do Hospital São Lucas.
O médico segue dizendo que o hospital continua no atendimento de pacientes com Covid-19, principalmente aqueles que chegam com algumas complexidades, como pneumonias e já foram diagnosticados há mais tempo, quando a transmissibilidade é mais baixa. “Atualmente os pacientes mais graves que temos são aqueles que ainda não foram vacinados ou que só tomaram a primeira dose da vacina. Costumo explicar que a vacina da Covid-19 é como construir uma casa. Você faz toda a fundação dela, mas não pode colocar a sua família para morar lá sem colocar o telhado, que é a segunda dose. Ainda depois que se muda, sempre tem alguns ajustes necessários para serem feitos, que neste caso é a manutenção dos cuidados, como uso da máscara, lavar as mãos, distanciamento social e álcool em gel”, reforça.
Dr. Paulo diz ainda que o resultado desta diminuição da procura por leitos Covid-19 por parte da Central é resultado da imunização feita há pelo menos 25 ou 30 dias, quando o corpo já conseguiu produzir os anticorpos suficientes.
Estrutura
O Hospital São Lucas possui duas UTIs, uma com 22 leitos localizada no sexto andar e uma com oito leitos localizada no segundo andar. No maior pico da pandemia, as UTIs precisaram atuar com 26 leitos e 11 leitos respectivamente, para conseguir atender à demanda de pacientes, além de aumentar as equipes de médicos e enfermeiros. A UTI do segundo andar, com oito leitos, já está destinada ao atendimento de pacientes da UTI Geral.
“Tivemos muitos médicos cirurgiões, que há muito tempo não faziam plantão na UTI e precisaram vir nos ajudar, tamanha a demanda. Eu costumo dizer que funcionamos com mais de 100%, pois chegamos a pegar os respiradores do Centro Cirúrgico para usar nos pacientes Covid. Foram momentos muito delicados, uma verdadeira batalha que enfrentamos dentro do hospital”, diz.
O médico completa que agora o hospital voltou a receber pacientes de Cirurgia Geral e outras patologias, o que havia ficado suspenso por um longo período. Esses pacientes vêm de todas as regiões por meio do encaminhamento.
Histórias que ficarão para sempre
“Há marcas que iremos carregar para sempre conosco, que vão além da nossa profissão de médico, enfermeiros, técnicos, auxiliares, enfim, a equipe toda. Vi um casal, intubado com leito frente a frente, que tinha um filho de 08 anos lá fora esperando por eles, não se recuperar. Conversei com uma menina de 04 anos, que pedia pela mãe de 28 anos, durante o telefonema para as famílias, mas a mãe não voltou para casa. Houve muitas histórias de recuperação, pessoas que venceram, mas levo comigo também as histórias destas que não resistiram, mesmo lutando bravamente e nós fazendo todo o possível por elas. Nosso eterno respeito. Essa pandemia nos mostrou que temos que ter compaixão e fé. Algumas pessoas eram mais agressivas, outras mais amáveis e hoje vemos que todos temos que ser melhores”, finaliza.