Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 12:10:51
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Recriança continua com atendimento remoto às famílias de Bateias mesmo com desafios da pandemia

São 46 crianças atendidas, mas 157 pessoas acabam sendo beneficiadas com a movimentação da Ong

Recriança continua com atendimento remoto às famílias de Bateias mesmo com desafios da pandemia



Um belo trabalho, que iniciou em 1993 e nem mesmo a pandemia de Covid-19 foi capaz de deter. A Recriança, Ong que atua em favor das crianças com idades entre 06 e 12 anos, na região de Bateias, continuou seus trabalhos, ainda que de maneira remota, sem poder realizar atividades presenciais, para atender 46 crianças inscritas na instituição. Com a mobilização e por meio do trabalho que vem sendo executado com as famílias destas crianças, a diretoria estima que 157 pessoas são atendidas.

Regina Ferreira, presidente do Recriança, explica que por meio deste movimento, a intenção é criar novas oportunidades e perspectivas para essas crianças atendidas. “Nós temos como objetivo tornar essa criança um adulto responsável, com mais oportunidades do que muitas vezes as famílias em que eles estão inseridos têm hoje. É como quebrar um ciclo. Para isso, contamos com ajuda de voluntários e empresas parceiras, tanto grandes como pequenas, que contribuem conosco e nos ajudam a fazer acontecer o trabalho.”

As atividades presenciais feitas no Recriança – que aconteciam aos sábados o dia todo – precisaram ser suspensas desde o dia 14 de março de 2020, quando houve determinação da Prefeitura de Campo Largo. “Lembro de pensar e comentar com os demais voluntários que eu precisaria fazer alguma coisa por essas crianças. Foi então que começamos a nos mobilizar para distribuir aos assistidos cestas básicas e para as crianças kits de guloseimas e coisas que despertassem o interesse delas, como livros, desenhos e lápis de cor. Nós não temos a finalidade pedagógica, então não enviamos atividades neste contexto. Mas nós incentivamos a leitura e o conhecimento de maneira diferenciada e lúdica”, retrata.

Desde então, Regina estima que mais de duas toneladas de alimentos já foram distribuídos para as famílias. “Em muitos momentos vimos que essa movimentação foi divina. Havia meses que eu falava para minha equipe ‘o que vamos dar para essas famílias’ e de repente apareciam voluntários para ajudar e doar alimentos. Conseguimos fazer cestas completas de alimentos, inclusive com leite em pó, sardinha ou ovos – sempre temos alguma proteína para colocar. Conseguimos montar as cestas de acordo com a família, pois sabemos que há casas com mais irmãos, que os avós vivem com a família da criança também. Tenho fé e certeza que são providencias divinas”, afirma.

Além dos alimentos, o Recriança também doa kit de higiene para as famílias e durante o inverno contou com voluntários que fizeram gorros, blusas e cachecóis para as crianças do projeto, entregues junto com a cesta. O grupo também recebeu cestas básicas vindas de outras arrecadações, como do grupo 18 Coração 18, que foram distribuídas para a comunidade de Bateias.



Realidade das famílias

Regina conta que não são poucas as famílias que a procuram para contar como estão as coisas em casa. “Já recebi ligações que a pessoa não tinha o que colocar na panela para alimentar a família. Está sendo muito difícil a situação nesta região. Hoje, grande parte do meu contato acontece com as mães das crianças atendidas, que trabalhavam como diarista antes da pandemia, mas que tiveram suas diárias suspensas neste momento. A mãe é na maioria das vezes a grande provedora do lar, e muitas até mesmo se disponibilizam para vir até a sede do Recriança fazer faxinas, com a intenção de serem pagas e conseguirem um dinheiro para pagar as contas, mas isso já está fora do nosso alcance”, conta.

Outra questão que conta na realidade local é a falta de oportunidades para essas mães de família, que muitas vezes não tiveram como fazer cursos ou mesmo terminar a escola. “Por isso eu costumo dizer que a nossa missão é destruir muros e construir pontes. Cuidar das crianças para que elas tenham mais oportunidades e quebrem um ciclo familiar, com a vontade e chance de estudar”, reforça.

A presidente conta que há casos dos quais ela se orgulha, nestes quase 30 anos de trabalho no Recriança, inclusive de ex-participantes do projeto e que hoje estão em uma condição completamente diferente.

Um desses ex-participantes do Recriança que mudou de vida foi Geison Salles, que hoje é professor e tem um grupo para dar aulas de reforço em Bateias, e compartilhou seu relato: “Sem dúvidas a passagem pela Instituição foi muito importante para minha vida pessoal e para minha carreira profissional. Participei alguns anos, foram muitos aprendizados e levo isso sempre comigo. Hoje sou professor de Matemática (descobri minha paixão pela Matemática no Recriança) e estou cursando Pedagogia. Tenho um projeto voluntário, onde disponibilizamos aulas de reforço escolar para crianças da região de Bateias. A Instituição Recriança, colabora com doação de material escolar, livros, entre outros. Esse amor em ajudar o próximo suscitou em mim, quando comecei a ajudar no Recriança com pequenos afazeres, e tempos depois como voluntário. Agradeço ao Movimento Recriança e principalmente à tia Regina por me permitir fazer parte desta corrente do bem, por todo carinho e reconhecimento”.

Ao saírem do Recriança, os participantes agora pré-adolescentes, ganham um computador completo, inclusive com programas instalados para que não esqueçam o que eles aprenderam. “Para essa ação nós contamos com parceiros, que nos ajudam a fornecer estes computadores, entregues no Dia das Crianças. Neste ano serão cinco computadores entregues”, comenta.

Atividades presenciais

Por meio de drive thru, com apoio de parceiros, o Recriança conseguiu realizar, seguindo todos os protocolos de segurança, eventos de Natal, Páscoa e Festa Junina – essa que aconteceu no último sábado (26). “Para este sábado fizemos 15kg de cachorro quente, distribuímos 300 pães, além de enviar nos kits mostarda, ketchup, maionese, suco de uva, batata palha, cachecol, blusa e toucas de lã e o kit de doces típicos juninos. Eles comeram em casa, com a família, pois sempre temos essa preocupação de oferecer para todos da casa.

Sinto muita saudade de 2019, quando nós conseguimos realizar nosso arraiá completo, com as crianças vestidas de caipirinhas, com danças e brincadeiras, foi tão lindo”, conta.
Além da Festa Junina, no Recriança já estiveram o Papai Noel e a Senhora Coelha, que distribuíram presentes e doces. As crianças foram em uma van, de 10 em 10, obedecendo todas as medidas sanitárias para evitar o contágio da Covid-19.

Arrombamento na sede
Na metade do mês de junho, em um sábado, a sede do Recriança foi arrombada e levaram roupas, brinquedos, calçados, alimentos. “Nós reforçamos a segurança do local, mas é muito triste pensar que isso aconteceu. Eu chorei muito em receber essa notícia, porque se a pessoa tivesse me procurado, eu teria feito de tudo para ajudá-la. Isso só gerou desgaste emocional e mental, além de muito prejuízo”, diz.

Bazar e doações
O Recriança aceita doações de roupas, calçados, brinquedos e móveis em bom estado para fazer o bazar, pois as despesas – embora sem funcionar presencialmente – são altas. Para doar, a pessoa deve agendar um dia com a Regina, quartas-feiras ou sábados, e levar diretamente na sede do Recriança, em Bateias. Também pode ser feito o agendamento para compras no bazar. Pagamento somente em dinheiro.  Contato: (41) 99995-2638.