Projeto Juntas Somos Mais fala sobre atendimentos durante a pandemia e como a Educação e o exemplo influenciam na formação de gerações inteiras de famílias, tanto na perspectiva do papel da mulher, co
Para algumas mulheres, estar em casa, em isolamento social, pode não ser sinônimo de proteção, mas sim de medo. De acordo com a pesquisa "Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia", da Gênero e Número e da Sempreviva Organização Feminista, 91% das entrevistadas acreditavam que a violência doméstica havia aumentado nesta fase de isolamento causado pela pandemia. Porém, somente 8,4% afirmaram ter sofrido algum tipo de violência durante este período.
Karla Knauber, coordenadora do Projeto Juntas Somos Mais, que atua em Campo Largo, contou à Folha de Campo Largo que os atendimentos aumentaram neste período. Em geral, situações de desemprego, psicológico afetado dentro do ambiente familiar e sentimento de impotência frente às adversidades são os casos com mais relatos. “Nós atuamos em Campo Largo desde 2018 e estamos hoje acompanhando cerca de 700 casos de famílias. Atuamos hoje com três psicólogas, três terapeutas, uma psicopedagoga e duas coordenadoras, além de 14 profissionais de cursos que oferecemos no projeto, mas por hora estão suspensos visto à pandemia. Durante a triagem, nós já identificamos as demandas e encaminhamos para os atendimentos necessários. Nossos voluntários são todos bem selecionados, pois a mulher, especialmente, está em um momento de fragilidade e precisa de alguém que não a julgue, mas acolha”, explica.
Ela contou ainda que, assim que chegam no projeto,as mulheres têm acesso e recebem informações sobreo “Violentômetro”, uma espécie de termômetro de alerta para as situações de violência doméstica. “Tem gente que acha ainda que só pode ser considerada violência doméstica quando chega a vias de fato, agressões, tentativas de feminicídio e o próprio feminicídio. Não é assim. Situações como chantagear, mentir, enganar, ignorar, controlar amizades, familiares, dinheiro e outras situações também são tipos de violência. As agressões e o feminicídio são os últimos estágios da violência, e infelizmente o Brasil ocupa hoje o quinto lugar onde as mulheres mais sofrem”, alerta.
Educação como ferramenta
A saída para que os casos de violência diminuam é a Educação, conforme aponta Karla. “Nós percebemos que o comportamento é muito cultural. Mulheres sofrem violência e encaram isso como ‘normal’ porque suas mães e avós já passavam por isso e não pediam ajuda. Da mesma forma, homens cometem violência por dois motivos, principalmente o aspecto cultural, pois foram criados vendo cenas como essas, e também a dependência de bebidas alcoólicas”, elucida.
“Precisamos trabalhar em uma desconstrução de padrões que a sociedade vive, e isso é feito por meio da Educação, do empoderamento – permitindo que essas mulheres e seus filhos possam ingressar no mercado de trabalho e tenham uma formação – e elevação de autoestima, pois muitas mulheres acham ser errado elas cuidarem de si mesmas, terem um hobby ou praticarem uma atividade física, por exemplo. Também trabalhamos esses conceitos ao longo do andamento do atendimento no Juntas Somos Mais, tornando elas autossustentáveis”, reforça.
Além das mulheres, os filhos de quem acaba buscando ajuda também recebem tratamentos. Com os homens, o contato não é tão direto, pois, segundo Karla, o próprio Poder Judiciário acaba muitas vezes encaminhando para clínicas para superação da dependência química e alcoolismo e palestras. Quando contatada necessidade, por meio da triagem, o perdão é trabalhado por meio de terapias também com a participação do “pai”.
Atendimento
Por conta da pandemia os atendimentos têm sido somente on-line. Para buscar auxílio da equipe entre em contato pelo telefone (41) 99835-9356 ou pelo Facebook na página Juntas Somos Mais.