Há mais de um ano, toda a comunidade pedagógica precisou se reorganizar para conseguir suprir as necessidades educacionais dos estudantes, mesmo a distância.
Há mais de um ano, toda a comunidade pedagógica precisou se reorganizar para conseguir suprir as necessidades educacionais dos estudantes, mesmo a distância. Foi um grande desafio no início e que foi sendo aprimorado dia após dia, em várias instituições públicas e privadas.
A Escola Municipal O Ateneu, localizada na região central de Campo Largo, que havia conquistado a maior nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019, com 7,7, divulgado no ano passado, tem se destacado pela forma como conduz as aulas com os 358 alunos matriculados desde a Educação Infantil até o 5º ano. “No início foi um contexto de bastante insegurança, pois a nossa formação contempla aquela realização enquanto professor em sala de aula, no contato direto com os alunos. Fomos desafiados a chegar a eles por meios tecnológicos, exigindo bastante aperfeiçoamento. Fizemos muitas reuniões com as professoras, equipe pedagógica, integrando toda a equipe, decidindo como seria. Formamos os grupos no WhatsApp e começamos as comunicações com os pais, fizemos um plano de ação e com o decorrer das ações foram sofrendo modificações para sanar o que precisava ser melhorado”, comenta Ana Paula Bonato, diretora do O Ateneu.
Uso de aplicativos nas aulas
Em 2020 foram iniciadas as aulas pelo Google Meet com os alunos do Ensino Fundamental, ainda com uma adesão menor, em um primeiro momento. Foi necessário explicar para os pais como usar as ferramentas e posteriormente aplicar. Neste ano, a Educação Infantil também iniciou o uso da ferramenta que permite aulas on-line, e a adesão foi bastante superior.
“Existem casos que não há condições de acompanhar, pois os pais estão trabalhando e precisam usar o telefone celular, mas a maioria assiste as aulas. Quando acontece uma situação como essa, os pais entram em contato e já sinalizam a necessidade de remarcar, pois as crianças querem ter essa aula”, conta. A diretora segue explicando que por meio do Google Meet são realizadas chamadas de vídeo individuais com os alunos, para que a professora possa ter uma dimensão do que eles está aprendendo e quais são as suas dificuldades, se as atividades estão dando conta das necessidades da turma de maneira geral. Essas chamadas duram em média de 40 a 1h30min com cada aluno e resultam em um relatório detalhado.
“Desde o início nós sempre colocamos essa necessidade da videochamada. Somente a devolutiva das atividades não são suficientes para ter 100% do resultado fidedigno do processo de aprendizagem”, explica.
Quando foi aderido ao Classroom, nas turmas de 4º e 5º anos, os pais foram convocados para uma reunião online e ficaram cientes da importância de uma abordagem multidisciplinar para manter a qualidade no ensino. “Não se trabalha com substituição de ferramentas, mas com a adição, somando diferentes estratégias. Então as postagens de atividades, que antes eram enviadas via WhatsApp, passaram a ser postadas no Classroom, mas mantivemos a comunicação pelos grupos”, diz.
“Nós estamos tentando amenizar as lacunas que o momento pandêmico ocasiona na Educação de maneira geral, dentro das nossas condições. Ficamos tristes com determinadas situações em que famílias não conseguem proporcionar estes momentos, muitas vezes por causa de trabalho ou por falhas de conexão na internet e mesmo condições financeiras para conseguir ter sempre o acesso à internet, principalmente quando o acesso é feito por dados móveis, mas fazemos o possível para conseguir superar essas dificuldades”, reforça.
Ana Paula comenta que as professoras têm muitas atribuições burocráticas, inclusive, mas que ela sempre destaca nas reuniões que o que deve se sobressair é o ensino aos alunos, pois quando os alunos voltarem ao ensino presencial eles precisam ter uma boa base de ensino para dar continuidade às atividades.
As videochamadas contribuem até mesmo para dar um ânimo aos alunos na realização das tarefas, que sempre manifestam saudades das salas de aula.
Atividades diagnósticas
No início do ano foram realizadas atividades diagnósticas para saber como estavam os níveis dos alunos e reuniões entre os professores para que acontecesse uma troca de informações. “Se formos considerar, mesmo antes da pandemia, no ensino presencial, nunca haverá uma turma 100% de alunos que estão conseguindo acompanhar todos os conteúdos de maneira igual. As turmas são bastante heterogêneas, com alunos com dificuldades em todos os anos também no contexto presencial”, explica.
Agora a escola passa pelo segundo momento de atividades diagnósticas, feitos pela Secretaria da Educação. As avaliações são acompanhadas pelas professoras via videochamadas, com pequenos grupos de até cinco alunos, para verificar o rendimento e terem resultados fiéis à realidade, sendo essa a melhor forma de avaliar os alunos, diz Ana Paula.
Família e escolas parceiras
A maioria dos pais estão bastante colaborativos com as atividades que estão sendo enviadas para serem realizadas com os alunos, o que é essencial para um resultado ainda melhor. Embora ainda existam algumas dificuldades com determinadas famílias.
“Nós temos algumas situações em que há justificativas bastante plausíveis sobre demora na entrega das atividades. Tivemos casos de famílias que sofreram com a contaminação pela Covid-19, inclusive alunos, e que precisaram do tempo de recuperação para retornar às atividades. Também houve casos de alunos que perderam entes queridos para a doença, o que gerou um impacto no seio familiar e acaba abalando também a parte acadêmica do aluno, mas nós somos bastante flexíveis quanto a isso”, diz.
A escola procurou flexibilizar também horários para retiradas de materiais, pois há casos em que os pais não conseguem comparecer em determinado dia. A entrega das atividades também tem sido flexibilizada, pois a escola compreende a sobrecarga nas famílias, com questões de trabalho dos pais, funções domésticas e intermediação das atividades pedagógicas. “Dependendo da realidade da família nós temos que adaptar a atividade para atender a demanda naquele momento. Nós temos que ter muita empatia, trabalhar com a união e diminuir os dedos apontados, pois atritos não irão resolver”, completa.