Sinalização e rotatória a serem realizadas pelo DER-PR e duplicação da pista e
viaduto pela Comec estão nos planos futuros para a região
Há anos os moradores da região do Botiatuva e Colônia Balbino Cunha pedem uma atenção do Governo para a região do Km 19, conhecido Trevo da Morte, na PR-423. O trecho é conhecido por ser de grande risco para todos os envolvidos no trânsito e, mesmo pessoas da região, que conhecem bem a estrada, acabaram perdendo suas vidas no local.
Na última quarta-feira (28), estiveram reunidos na Prefeitura de Campo Largo o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, o prefeito Maurício Rivabem, a vereadora Cléa Oliveira, a diretora de Desenvolvimento Urbano Mariana Muncinelli, o superintendente da regional Leste do DER-PR, Rui Assad, e também o gerente de operações Daniel Fujiwara para discutir melhorias no local.
A Prefeitura informa que a Rua João Stukas recebeu reforço na sinalização e nos próximos dias novas intervenções serão realizadas pelo Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER-PR), que irá contemplar sinalização horizontal e vertical, implantação de sonorizadores, balizadores, tachões e lombada.
A Folha de Campo Largo entrou em contato com o DER, que informou por meio da assessoria que na próxima semana devem ser definidas medidas mais ágeis para melhorar a segurança no local. “Essas mudanças, que visam readequar a segurança viária do entroncamento, serão monitoradas e irão informar as decisões quanto a outras alterações no local, que incluem a cooperação técnica entre Prefeitura e o DER para elaboração de projeto e execução de uma rótula, cujas tratativas continuam em andamento, mas que é um processo de prazo mais longo, envolvendo a licitação dessas iniciativas.”
O DER/PR esclarece ainda que o trecho em questão deve ser contemplado nas futuras concessões rodoviárias, em elaboração pelo governo federal, com previsão de obras de interseção em desnível no local do trevo atual. Finalizou a nota dizendo que quanto à topografia, um técnico esteve no local realizando um levantamento, mas a situação do trevo ainda está sendo discutida.
Uma duplicação na PR-423 já havia sido anunciada em 2019 pela Comec e, de acordo com a assessoria, a licitação já foi lançada. “Tivemos a abertura dos primeiros envelopes, mas diversas empresas recorreram. Provavelmente nos próximos dias nós consigamos finalizar estas respostas e convocar a sessão 2, que corresponde à Proposta de Preço. Quando essa for finalizada, passaremos para a sessão 3, que corresponde à Habilitação. Se não houver mais nenhum problema, devemos finalizar a licitação em aproximadamente 45 dias”.
A empresa que vencer a licitação terá 360 dias para apresentar o projeto, então será algo a longo prazo, comenta a assessoria. A extensão da obra é de 28 km e contempla o Km 19, inclusive com um viaduto para este local.
Quem vivencia a realidade local
A Folha conversou com a moradora da região Eliane Stoco, que desde 2012 luta por melhorias no local. “Em 2012 eu fazia pós e precisava voltar para casa à noite. Não conseguia enxergar nada ali, pois até mesmo a iluminação era muito ruim. Em agosto deste mesmo ano eu presenciei um acidente extremamente grave, então minha luta por melhorias ficou ainda maior. Eu era voluntária do Comude, atuava como secretária executiva, então levei a pauta para eles, para que pudesse ter mais força. Argumentei que havia acontecido 12 mortes naquele trecho em um espaço curto de tempo. Os protocolos foram surgindo, encaminhamos para o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), responsável pela via, e a lombada eletrônica veio em dezembro de 2013.”
Assim que instalada a lombada eletrônica, com limite de velocidade de 60 Km/h, o problema foi resolvido temporariamente, pois acidentes com mortes continuaram sendo registrados no local. “Em 2018 um caminhão atingiu em cheio a lombada eletrônica e marcou 188 Km/h. Desde então parou de funcionar. A rodovia está sinalizada, mas o problema continua sendo a velocidade que é muito alta. Até para atravessar a pé é perigoso, pois o vácuo formado pela alta velocidade dos carros e caminhões acaba empurrando os pedestres e ciclistas”, reforça Eliane.
Na última Sexta-feira Santa, por exemplo, Eliane contou que aconteceu um acidente que deixou os moradores sem internet, telefone e luz. Em 2020, a moradora conta que a população viu o número de veículos que trafegam pela rodovia crescer, com caminhões, carros e ambulâncias de várias cidades que usam este acesso até Campo Largo. Comenta ainda que chegou a falar sobre a necessidade de dar uma atenção redobrada à PR-423 na Assembleia Legislativa do Paraná e com a assessoria do Governo do Estado.
“A Prefeitura faz a parte dela, está sempre roçando o trevo, trocando placas quando necessário e realizando pinturas no chão, com avisos como ‘devagar’, ‘pare’, das faixas. Mas, o que precisamos hoje, além desse trabalho que consideramos essencial por parte da Prefeitura, é dessa transformação, suporte que só o Estado pode dar”, diz.
No dia 13 de abril, dia do acidente envolvendo o táxi, caminhão e ônibus, que resultou na morte do taxista Antônio Mika, de 74 anos, os vizinhos acionaram Eliane e João Vitor Magaton (primo de Eliane e envolvido com pedidos para melhorias no local), que enviaram fotos do acidente e convocaram as reportagens. Por meio das câmeras do Ciosp, foi possível compreender e registrar de maneira mais precisa a dimensão do acidente. Esse foi também um momento de reforçar o pedido feito há anos. “O que mais queremos são transformações para que este lugar deixe de se chamar ‘Trevo da Morte’ de uma vez por todas”, finaliza Eliane.